Pela parte que me toca, ao manter ao longo destes oito anos, os Colóquios da Lusofonia em Bragança, trazendo aqui alguns dos grandes académicos da Língua Portuguesa, serviu de contributo para colocar Bragança como cerne e capital da Lusofonia durante os dias dos colóquios.
Infelizmente, desde a primeira hora, as gentes da terra sempre ignoraram esta iniciativa, quando não a boicotaram mais ou menos ostensivamente. É pena, pois foi uma inteligente aposta inicial da autarquia apoiar os Colóquios, que há muito têm o seu nome e logótipo como marca registada em todo o mundo, mas que estão indelevelmente ligados a Bragança, porquanto daqui cresceram até ao que hoje já são: uma voz incómoda que martela incessantemente a necessidade de lutar pela Língua de todos nós, pela aplicação do novo Acordo Ortográfico, pela tradução de obras portuguesas, pelo ensino de português no mundo, como língua estrangeira e segunda língua (segunda), como motor da tradução de obras portuguesas.
Pena foi que, apesar de um protocolo com o Instituto Politécnico de Bragança, este nunca soubesse aproveitar as sinergias do evento e aproveitá-lo para seu próprio benefício. Ao longo destes anos trouxemos poesia, música e literatura de vários cantos do mundo onde a língua portuguesa é falada, estabelecendo pontes que, de outro modo, não existiriam, mas foi sempre um movimento unilateral, pois não conseguimos levar Bragança ao resto do mundo como ainda este ano aconteceu quando realizámos o 13º colóquio no Brasil, e de Bragança apenas foi o meu coração. Propusemos geminações, delegações e representações, mas nada aconteceu. É assim com as gentes de cá que não estão habituadas a receber sem nada se lhes pedir em troca. Resta a grande satisfação de termos trazido o professor Adriano Moreira em 2008 e em virtude dessa sua primeira vinda aos colóquios ter doado o seu imenso espólio à Câmara Municipal nossa parceira ao longo de oito anos. Hoje, os Colóquios da Lusofonia e o seu logótipo não são só um nome e uma marca registada pelo que iremos perseverar para que continuem a representar o escol da língua, literatura e cultura lusófonas.
Pela parte que me toca, Bragança é e será sempre a minha mátria, o húmus onde as minhas raízes medraram e onde se a minha existência melhor se explica.
Tal como a Língua Portuguesa, Bragança será sempre a terra de meus ancestrais e património dos meus descendentes. Sei que a minha Mulher não terá ciúmes desta declaração de amor a Bragança, pois ela também apreciou muito cá viver os poucos anos que a vida profissional lhe proporcionou.
Aqui germinaram, com a astúcia do nosso anfitrião, Presidente Jorge Nunes, inúmeros projetos propostos pelos Colóquios que fazem de Bragança uma cidade culturalmente bem mais rica do que era quando saí de Portugal em 1972. Queiram as gentes da terra fazer por ela o que eu fiz ao longo destes anos, sem benesses ou mordomias, sem pretender fama, glória ou apoios materiais. Antes da sessão de abertura fomos convocados pelo Senhor Presidente da CMB (Câmara Municipal de Bragança) para uma reunião onde esteve presente, juntamente com a Vereadora da Cultura, a Diretora da ESE (Escola Superior de Educação) do IPB (Instituto Politécnico de Bragança) e os Colóquios, representados pelo patrono Professor Doutor Malaca Casteleiro, Chrys e Helena Chrystello. Era intenção da CMB que a recém-criada Academia de Letras de Trás-os-Montes, apoiada pelo IPB, tomassem parte ativa a organização dos colóquios, definição de metas e objetivos. Foi levantada a suspeita de os colóquios não terem existência legal, afirmação à qual respondemos estranhar ao fim de oito anos de apoio da CMB aos mesmos. Foi informada a CMB de que os Colóquios da Lusofonia e o seu logo são marcas registadas pelo que não poderiam ser usados por outrem. Dada a irrevocabilidade de posição da CMB fazendo condicionar todo o seu apoio futuro a uma adesão a este modelo de cooperação ficou decidido que os Colóquios da Lusofonia iriam consultar o outro patrono, entidades detentoras de protocolos com os mesmos e o chamado “núcleo duro” dos colóquios para se tomar uma decisão. Foi afirmado pelos Colóquios ser sua intenção, tal como explicitado no ponto 26 das Conclusões do XIII Colóquio, registarem-se como associação permitindo assim um diálogo melhor com a CMB como esta pretendia. A intransigência da CMB surpreendeu tanto mais que a citada Academia de Letras de Trás-os-Montes só se reúne para ser oficialmente criada no dia 5 de Outubro de 2010. Dos parceiros da dita Academia foram mencionados a Academia Galega da Língua Portuguesa e a Academia de Ciências, entre outras entidades de menor reputação. Os Colóquios há anos que pugnam por uma verdadeira Academia de Letras a nível nacional e não com academias regionais que só servirão para congregar menos valias por mais nomes de vulto que as encabecem como é o caso.
Em 2010, do encontro de 6 dias por terras de Bragança (27 de setembro a 2 de outubro) ressaltam-se a elevada qualidade científica das apresentações de mais de três dezenas de oradores e a presença das três Academias da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, Academia das Ciências de Lisboa e Academia Galega da Língua Portuguesa. O Colóquio teve início simultâneo na Galiza e em Braga dia 25 de setembro. Na Galiza teve lugar o IIº Seminário de Lexicologia da Academia Galega da Língua Portuguesa e em Braga teve início o Curso Breve de Açorianidades e Insularidades sob a direção da colega Rosário Girão e que representa o culminar de um projeto lançado pelos Colóquios há dois anos. Posteriormente, o curso será ministrado em linha numa plataforma de e-learning. (detalhes:http://www.lusofonias.net/estudos%20e%20cadernos%20a%C3%A7orianos/estudos%20a%C3%A7orianos.htm)
Antes da sessão de abertura fomos convocados pelo Senhor Presidente da CMB (Câmara Municipal de Bragança) para uma reunião onde esteve presente, juntamente com a Vereadora da Cultura Dra. Fátima Fernandes, a Diretora da ESE (Escola Superior de Educação) do IPB (Instituto Politécnico de Bragança) e os Colóquios representados pelo patrono Professor Doutor Malaca Casteleiro, Chrys e Helena Chrystello. Era intenção da CMB que a recém-criada Academia de Letras de Trás-os-Montes apoiada pelo IPB tomassem parte ativa a organização dos colóquios, definição de metas e objetivos. Foi levantada a suspeita de os colóquios não terem existência legal, afirmação à qual respondemos estranhar ao fim de oito anos de apoio da CMB aos mesmos. Foi informada a CMB de que os Colóquios da Lusofonia e o seu logo são marcas registadas pelo que não poderiam ser usados por outrem. Dada a irrevocabilidade de posição da CMB fazendo condicionar todo o seu apoio futuro a uma adesão a este modelo de cooperação ficou decidido que os Colóquios da Lusofonia iriam consultar o outro patrono, entidades detentoras de protocolos com os mesmos e o chamado “núcleo duro” dos colóquios para se tomar uma decisão. Foi afirmado pelos Colóquios ser sua intenção, tal como explicitado no ponto 26 das Conclusões do XIII Colóquio, registarem-se como associação permitindo assim um diálogo melhor com a CMB como esta pretendia. A intransigência da CMB surpreendeu tanto mais que a citada Academia de Letras de Trás-os-Montes só se reunia para ser oficialmente criada no dia 5 de Outubro de 2010. Dos parceiros da dita Academia foram mencionados a Academia Galega da Língua Portuguesa e a Academia de Ciências, entre outras entidades de menor reputação. O assunto será debatido entre os membros dos colóquios antes de ser oficializada a nossa resposta.
Após a sessão de abertura foi notada a ausência significativa de público local e a fraca adesão das instituições de ensino locais, tal como já acontecera em Bragança em anos anteriores. Na sessão de encerramento já não havia praticamente ninguém quando se anunciou o vencedor do 4º Prémio Literário da Lusofonia que a CMB promove.
Muito proveitosa foi a Sessão de Esclarecimento que os Colóquios organizaram entre as 10 e as 13.30 horas de dia 29 setembro com a Escola Secundária Miguel Torga sob a direção da colega Cecília Falcão onde centenas de alunos e alguns professores se desdobraram em duas sessões para ouvirem falar os nossos patronos Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro bem como a académica Concha Rousia da AGLP, sobre o Acordo Ortográfico 1990, e onde falaram igualmente os escritores convidados Anabela Mimoso e Vasco Pereira da Costa e o Presidente dos Colóquios da Lusofonia. No final, fomos agraciados com a medalha comemorativa do centenário de Miguel Torga e um livro alusivo ao mesmo.
Outra sessão que merece realce foi a Sessão de Poesia dia 30 onde Concha Rousia e Chrys Chrystello declamaram uma dúzia de poemas a que o poeta se associou. Esta sessão começou com uma vídeo homenagem ao autor e a declamação ao vivo do seu poema Ode ao Boeing 747, lida em 11 das 14 línguas para que foi traduzido pelos Colóquios (Alemão, Árabe, Búlgaro, Catalão, Castelhano, Chinês, Flamengo, Francês, Inglês, Italiano, Neerlandês, Polaco, Romeno, Russo).
A sessão dedicada ao Acordo Ortográfico de 1990 sempre interessante pela convicção dos nossos patronos Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro foi igualmente notável pela revelação feita por Rolf Kemmler de que o Acordo está total e finalmente em vigor em Portugal desde setembro passado de acordo com o Aviso nº 225/2010 do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, publicado no Diário da Republica , 1ª série, nº 182 de 17 de setembro de 2010. Lamenta-se que a comunicação social e a sociedade em geral não tenham sido avisadas desta importante marca.Outra sessão deveras interessante e de animado debate foi a dedicada à Literatura e Açorianidade, Homenagem contra o esquecimento a Vasco Pereira da Costa, Cristóvão de Aguiar, Dias de Melo e Daniel de Sá.Saliente-se que a cobertura jornalística, na abertura e fecho e durante as sessões, foi das maiores de todos os nove colóquios em Bragança pois além da RTP também a SIC esteve presente, bem como os jornais e rádios locais que entrevistaram inúmeras personalidades presentes e deram destaque à presença de representantes de Macau e de Malaca. Na sessão de conclusões se deu conta de que o XV Colóquio marcado para Macau (Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China (RPC) entre 18 e 22 de Abril de 2011 visa conseguir uma forte componente local com a presença de tradutores chineses e autores locais a que se juntará uma comitiva de quinze pessoas já aprovadas pelo IPM (Instituto Politécnico de Macau). Dado que o IPM decidiu apoiar a estadia e alimentação dos oradores a data da primeira fase de aceitação de oradores que possam beneficiar deste apoio é dia 31 de outubro, desde que aprovados pelos Colóquios da Lusofonia.Foi igualmente dado conta de existirem pedidos de realização dos Colóquios na Galiza, Guarda (Portugal), Santa Maria (Açores), Timor-Leste, Madeira e Cabo Verde. Tais pedidos serão analisados e engoiados na certeza de ser possível realizar apenas dois colóquios em cada ano.
Parecem bem encaminhadas as negociações resultantes do repto que os Colóquios da Lusofonia lançaram à Academia Brasileira de Letras e a todas as outras entidades para apoiarem a imediata inclusão da ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA com o estatuto de observador na CPLP.
A colega Professora Edma Satar (Universidade de Lisboa) coordenadora do Projeto "Lexicopédia" ou Diciopédia Contrastiva da Língua Portuguesa, deu conta dos progressos da mesma, agora numa nova plataforma aberta ao público em geral e englobando terminologia de vários países e regiões. Foi feita uma demonstração das funcionalidades da mesma e solicitado a todos que ainda não fazem parte do grupo de investigadores deste projeto que enviem os termos das suas pesquisas diretamente para EDMA SATAR [email protected] ou [email protected] e LUCIANO PEREIRA [email protected].
Foi igualmente anunciado que os primeiros seis números dos CADERNOS DE ESTUDOS AÇORIANOS já se encontram disponíveis nas páginas dos colóquios em http://www.lusofonias.net/estudos%20e%20cadernos%20a%C3%A7orianos/index.htm com excertos de obras de Daniel de Sá, Cristóvão de Aguiar, Dias de Melo, Vasco Pereira da Costa, Álamo de Oliveira e Caetano Valadão Serpa.. Estes cadernos servem não apenas de iniciação para aqueles que querem ler autores açorianos mas também de suporte ao curso AÇORIANIDADES E INSULARIDADES a ministrar na Universidade do Minho, coordenado pela colega Professora Doutora Rosário Girão dos Santos (Ver mais detalhes em http://www.lusofonias.net/estudos%20e%20cadernos%20a%C3%A7orianos/estudos%20a%C3%A7orianos.htm) A obra de escritores açorianos, CRISTÓVÃO DE AGUIAR, DIAS DE MELO, DANIEL DE SÁ, E VASCO PEREIRA DA COSTA, entre outros, está a ser estudada em mestrados e doutoramentos na Universidade de Constança (Constanz), na Roménia, e no Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-americanos da Faculdade de Novas Filologias da Universidade de Varsóvia, na Polónia, havendo já parcerias com tradutores colaboradores dos colóquios para a tradução da obra “O Passageiro em Transito de Cristóvão de Aguiar) ser traduzido em ITALIANO, FRANCES, ROMENO, POLACO, , RUSSO, E BÚLGARO (e possivelmente Esloveno). Espera-se que este trabalho esteja concluído dentro de dois anos, seguindo-se a tradução de Daniel de Sá (O Homem que queria ser Deus) e da poética de VASCO PEREIRA DA COSTA. Estas traduções serão, posteriormente, editadas naquelas línguas com o apoio do INSTITUTO CAMÕES (Portugal).
A Professora Ana Paula Andrade Constância, PIANISTA RESIDENTE DOS COLÓQUIOS deu conta do estabelecimento de contactos com o IPM para que os concertos em Macau sejam feitos em parceira com orquestras locais.
O editor Francisco Madruga da Editora calendário de Letras sugeriu que atempadamente fosse notificado dos autores debatidos pelos oradores a fim de poder disponibilizar uma pequena mostra da obra de tais autores citados nos colóquios.
Malaca Casteleiro sugerira no XIII Colóquio no Brasil em Abril de 2010 que em cooperação com a Academia Brasileira de Letras, Academia Galega da Língua Portuguesa, Universidades, Politécnicos e outras instituições se valorizem as publicações de trabalhos das Atas/Anais, fazendo-se uma Antologia em edição conjunta para diversos países e regiões em formato de papel, selecionadas por um júri científico a nomear. A seleção foi feita e aguarda-se um orçamento que irá ser enviado a todas as entidades a fim de saber como podem financiar esta edição que se espera serem satisfeitas através das suas parcerias com Universidades, Institutos Politécnicos e Academias.
Vai tentar-se levar a Macau com o apoio da DRC (Direção Regional das Comunidades) a jovem soprano Raquel Machado que teve uma notável demonstração dos seus dotes vocais no concerto que deu na sessão de abertura com Ana Paula Andrade. Iremos igualmente tentar apoio para levar a Macau, entre outros, o escritor Anthony de Sá e o pesquisador José Carlos Teixeira. O projeto do Museu da Lusofonia em Bragança parece definitivamente descartado pela autarquia que não respondeu a nenhuma das nossas solicitações, desde Outubro de 2009, sobre o cronograma e modelo a seguir pelos Colóquios da Lusofonia na sua criação. Idêntico projeto para os Açores não será viável a breve trecho segundo informação dada pelo Governo Regional dos Açores aos Colóquios em 2009.
O IV Prémio Literário da Lusofonia (instituído em 2007 pela Câmara Municipal de Bragança) foi atribuído ao pseudónimo ARIANA SOUZA pelo conto SINESTESIAS.
Foi DECIDIDO que os Colóquios se convertam, a breve trecho, em uma Associação sem fins lucrativos a fim de poderem concretizar mais parcerias e patrocínios
Bragança 2 de Outubro de 2010