Visita oficial: A “alegria” de Merkel ao encontrar um Portugal “otimista”

Mundo Lusíada
Com Lusa

A chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou “alegria” por encontrar um Portugal “numa situação otimista”, enquanto o primeiro-ministro português assinalou que o país vive “um momento diferente”, com o “melhor crescimento econômico” e criação de emprego das últimas décadas.

“A minha última visita foi há cinco anos. Hoje Portugal apresenta-se numa situação otimista e é motivo de alegria para mim”, começou por dizer a chefe do Governo alemão, em declarações à imprensa após um encontro com o primeiro-ministro, António Costa, no Palácio Foz, em Lisboa.

Merkel, que iniciou a sua deslocação a Portugal na quarta-feira, recordou que visitou “projetos muito interessantes”, como o centro tecnológico em Braga da Bosch, e o Instituto i3S, onde falou com estudantes de doutoramento sobre a Europa.

A governante alemã afirmou a sua satisfação por “conhecer um pouco mais de Portugal”. “A minha presença no Porto foi muito satisfatória. A beleza deste país já é conhecida por muitos turistas alemães”, comentou. A nível bilateral, Merkel assinalou que as “relações são muito estreitas, muito boas”.

No encontro, os dois governantes abordaram os desafios que a União Europeia enfrenta, quando se prepara um Conselho Europeu, no final de junho, mas também a situação internacional foi discutida por Costa e Merkel.

“Fico satisfeito que a chanceler Merkel possa ter hoje regressado a Portugal num momento diferente da nossa vida, depois de termos virado a página da crise econômica e financeira, de termos saído do procedimento por défice excessivo, ter uma trajetória sustentável de redução do nosso défice e da nossa dívida e sobretudo estando agora com o melhor crescimento econômico desde a adesão ao Euro e com a criação de emprego mais elevada das últimas décadas. Ontem soubemos que em março passado tivemos a taxa de desemprego mais baixa dos últimos 14 anos”, sublinhou António Costa.

“Também temos desafios externos, no que diz respeito aos conflitos na Líbia, Síria ou Ucrânia”, disse Merkel, defendendo a necessidade de a Europa ter aqui “um papel cada vez mais ativo”.

Além disso, sublinhou, Portugal como “país de navegadores e que sempre pensou de forma global”, introduz uma perspetiva que a Alemanha, “como país mais a leste, não pode ter”, acrescentou a chanceler.

“É de grande interesse também falar sobre África, é um grande desafio para nós enquanto continente vizinho”, disse a governante, comentando que “as iniciativas quanto ao desenvolvimento em África ainda não são tão dinâmicas como é desejável”.

Os dois chefes de Governo falavam, em conferência de imprensa, no Palácio Foz, em Lisboa, após uma reunião bilateral, que encerra uma visita de dois dias da chanceler alemã em Portugal, na sequência de um convite formulado por António Costa.

Orçamento europeu

A chanceler alemã admitiu que a aprovação do próximo orçamento da União Europeia “será tão complicada como a quadratura do círculo”, mas disse acreditar que, “com um pouco de boa vontade”, os Estados-membros serão “bem-sucedidos”.

“A aprovação do quadro financeiro plurianual [2021-2027] será tão complicada como a quadratura do círculo, depois da saída de um país, de um contribuinte líquido [Reino Unido, em março de 2019], e ao mesmo tempo com o acréscimo de tarefas. É de facto um enorme desafio”, afirmou em declarações aos jornalistas após um encontro com Costa, em Lisboa.

Merkel ressalvou: “Enquanto União Europeia, temos de enfrentar esses desafios e, com um pouco de boa vontade, seremos bem-sucedidos”, declarou.

A chanceler alemã recordou que, no seu primeiro dia de visita a Portugal, visitou no Porto e em Braga “projetos que foram financiados com fundos europeus”.

“Um país como Portugal quer convergência com os Estados-membros da União Europeia. Temos interesse que haja essa convergência, porque caso contrário muitos dos benefícios, como livre circulação, são sempre postos à prova. Temos interesse no desenvolvimento comparável nos países”, comentou.

Costa também considerou que “há margem” para melhorar a proposta do próximo orçamento comunitário, avisando que sacrificar as políticas de coesão e agrícola “é um mau contributo para o futuro da União Europeia”.

“Quanto à proposta agora conhecida, nós registramos os progressos relativamente ao mau ponto de partida com que as conversações se tinham iniciado, mas julgamos que há margem para continuarmos a trabalhar para melhorar esta proposta”.

O primeiro-ministro avisou que “a política de coesão e a política agrícola não devem ser os fatores de ajustamento”, já que “são duas políticas que são marcas identitárias da União Europeia”. “Sacrificar essas políticas é um mau contributo para o futuro da União Europeia”, alertou.

Costa recordou que “Portugal tem defendido que a Europa tem de ter um orçamento à medida da sua ambição”. “Temos novas ambições na área da Defesa, do combate ao terrorismo, na capacidade de gerir as migrações, na capacidade de contribuir ativamente para o desenvolvimento do continente africano. Estas novas ambições exigem recursos”, observou.

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