Da Redação
O tradicional prato que protagoniza o almoço dos paulistanos às segundas-feiras agora é, oficialmente, um patrimônio.
O Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Governo do Estado de São Paulo – reconheceu o famoso Virado Paulista como patrimônio cultural imaterial, de modo a preservar esta tradição e fortalecer sua importância para a história do estado.
O Virado Paulista, originalmente composto por feijão engrossado por farinha de milho ou de mandioca e toucinho de porco, marcou a formação do território nacional.
Sua origem data do século XVII, na época do Brasil Colônia, como forma de alimentação nas monções e bandeiras.
Durante as expedições, alimentos como o feijão, a farinha de milho, a carne-seca e o toucinho chacoalhavam e ficavam “revirados”, dando origem à iguaria.
A diversidade do território paulistano também está presente na história do Virado, que carrega alimentos de origens indígenas, portuguesas, africanas e italianas.
As primeiras referências ao prato paulista são de 1602, época em que os bandeirantes portugueses começavam a explorar o interior do Brasil.
Com o tempo, ele se modificou e ganhou arroz, bisteca, torresmo, couve, ovo frito, banana e linguiça, com algumas adaptações de restaurante para restaurante. Os bandeirantes também levaram o prato para Minas Gerais, se transformando no tutu à mineira.
De acordo com o parecer técnico da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico que pautou a decisão do Condephaat, “o registro do Virado Paulista pode ampliar a visibilidade de uma característica marcante na História de São Paulo: a integração de culturas de diversas procedências, ainda que historicamente marcada por confrontos, dominações e resistências. Este prato expressa em sua composição uma demonstração da diversidade cultural característica de São Paulo”.
As justificativas do Condephaat para o reconhecimento do Virado giram em torno de sua importância nas viagens de expansão do território brasileiro.
O prato agrega séculos de encontros de culturas, de tradições, de conhecimento, que formaram a diversidade de São Paulo.
Para a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, o prato pode ser considerado “expressão da identidade cultural e da formação histórica e demográfica do estado de São Paulo e territórios vizinhos”.
O registro imaterial foi criado por meio do decreto 57.439, de 2011, e permite o reconhecimento de manifestações culturais do Estado. Desta forma, além de proteger imóveis e bens importantes para a história do Estado, o Condephaat também pode preservar o patrimônio imaterial.
O objetivo é identificar e reconhecer conhecimentos, formas de expressão, modos de fazer e viver, rituais, festas e manifestações que façam parte da cultura paulista.
O primeiro registro de patrimônio imaterial do Condephaat foi realizado em janeiro de 2016, com o reconhecimento do Samba Paulista.