Mundo Lusíada
Com agencias
O advogado de José Sócrates admitiu haver “fugas de informação de quem controla o processo” em que o ex-primeiro-ministro, preso preventivamente em Évora, está indiciado de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
À saída do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, onde José Sócrates foi ouvido durante mais de cinco horas na condição de testemunha, João Araújo referiu que “o segredo de justiça nasceu e existe para proteger as pessoas, seja este ou aquele”.
No entanto, João Araújo, acompanhado do outro advogado de José Sócrates, Pedro Delille, referiu que o segredo de justiça “está a ser usado por uma empresa contra José Sócrates”, sem concretizar qual. “Sócrates sente-se profundamente ofendido pelas violações sucessivas do segredo de justiça que favorecem as versões da investigação e o desfavorecem a ele”, declarou o advogado ao jornal Público.
O ex-primeiro-ministro foi ouvido pelo Ministério Público, em 23 de fevereiro, no inquérito relacionado com a violação do segredo de justiça no processo em que é suspeito.
Detido desde finais de novembro, José Sócrates está em prisão preventiva, no Estabelecimento Prisional de Évora, indiciado pelos crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num processo que tem ainda como arguidos o seu amigo de longa data, o empresário Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e João Perna, que era motorista do antigo líder do PS.
Continua Preso
A Agencia Lusa divulgou nesta terça que o ex-primeiro-ministro e o empresário Carlos Santos Silva vão continuar em prisão preventiva no âmbito do processo “Operação Marquês”. O ex-motorista, João Perna, foi o único a ver a medida de coação de prisão domiciliária ser alterada para liberdade provisória, mediante apresentação semanal à autoridade policial. João Perna está ainda impedido, por decisão do juiz Carlos Alexandre, de viajar para o estrangeiro e de contatar com os restantes suspeitos.
Pela manhã, os jornais republicaram o que o Correio da Manhã divulgou de que José Sócrates permaneceria por mais três meses na prisão, apesar do advogado Pedro Delille ter garantido não ter sido notificado de qualquer decisão. “É completamente falso que isso tenha acontecido” desmentiu ao Observador.
João Araújo adianta que não fará qualquer comentário público sobre o teor do despacho, “antes de poder recolher” de José Sócrates “os seus pontos de vista e as instruções”, que irá “obter no curto prazo que se justifica e impõe”. “Posso, em todo o caso, antecipar que o engenheiro José Sócrates nada espera, seja para o que for, do senhor procurador da República ou do senhor juiz de instrução”, comentou o advogado.
José Sócrates e Carlos Santos Silva estão detidos desde 25 de novembro de 2014.