A “maior garrafa do mundo” está instalada na Quinta da Boeira, no centro de Gaia e um “monumento nacional ao vinho e à vinha”.
Da Redação
Com Lusa
O presidente da associação ViniPortugal afirma que o país é hoje reconhecido a nível internacional como origem de vinhos de qualidade, mas avisou que os produtores devem apostar na formação para melhorar as capacidades de negociação.
“Hoje os mercados internacionais olham Portugal como um país que produz com qualidade. Há confiança na marca Portugal”, disse à Lusa Jorge Monteiro, responsável da associação interprofissional ViniPortugal, a propósito da organização, na próxima semana, da sexta edição do Concurso Vinhos de Portugal.
Além disso, Portugal é visto como “um mercado alternativo para vinhos diferentes”.
Apesar de ser um país pequeno, Portugal conta com uma grande diversidade de climas e de solos, garantindo uma oferta muito alargada, uma vez que a produção assenta muito em castas autóctones, existindo ainda castas diferentes das de outros países, explicou. Os vinhos portugueses têm também “uma excelente relação preço/qualidade”, disse Jorge Monteiro.
Portugal é responsável por dois por cento da produção mundial de vinho, sendo que metade da produção é exportada, e as exportações de vinho têm vindo a aumentar, quer em volume quer em preço, indicou.
“Todos os anos os vinhos portugueses têm vindo a ganhar posição nos diferentes mercados”, referiu.
No entanto, há aspetos a melhorar e Jorge Monteiro aponta como o “principal ponto fraco” do setor vinícola em Portugal a falta de preparação para a negociação, de forma a evitar que os produtores “sejam trucidados na negociação”.
“Vamos apaixonados pelo vinho e não vamos preparados para a negociação, que é muito dura, que exige boa técnica de comunicação e de negociação e um argumentário muito forte para que eu centre a discussão nos atributos do vinho e não no preço”, defendeu. A ViniPortugal está neste momento “a refletir” de que forma os produtores podem mudar esta realidade, e acredita que a resposta passa “pelo treino e preparação”.
Outro ponto negativo é a “falta de marcas globais”.
“Somos um produtor de pequena escala. Somos um país de micro-propriedade e de micro-empresas. Somos muito individualistas na produção, na gestão da vinha. É muito difícil afirmar projetos coletivos”, descreveu.
Jorge Monteiro justifica esta melhoria de qualidade dos vinhos portugueses com o aumento da oferta de ensino de enologia e viticultura, nas últimas décadas, em universidades e politécnicos, garantindo profissionais com uma “muito boa preparação académica” e que viajaram pelo mundo, trazendo “as melhores práticas”.
Além disso, Portugal beneficiou dos instrumentos de apoio à modernização e atualmente tem “das melhores tecnologias na adega” no setor a nível mundial. “Isso tido contribuiu para que deixássemos de fazer um mau produto e começássemos a fazer consistentemente com qualidade”, comentou.
O Concurso Vinhos de Portugal decorre na próxima semana, com 1.307 vinhos nacionais em prova, sendo a entrega das medalhas Grande Ouro e os Melhores do Ano na sexta-feira, numa gala no Convento do Beato.