Vinho dos mortos é economia de guerra que virou tradição portuguesa

Da Redação

GarrafaVinhoPorto_QuintaBoeiraO nome causa estranheza e até um certo espanto, porém quando se conhece a fundo a rica história do Vinho dos Mortos, com seus sabores e aromas, é impossível não querer vivenciar e degustar esta iguaria.

A tradição do Vinho dos Mortos surgiu em Portugal, no ano de 1807, durante a Guerra Peninsular. Conta a história que após a invasão das tropas francesas em Trás os Montes e Beira Alta, as vilas foram saqueadas. Toda a produção de vinho e os alimentos colhidos no campo eram levados pelos invasores.

Tentando impedir o saque dos vinhos, os colonos enterraram suas garrafas entre as pastagens, plantações de uva e debaixo das adegas e fugiram para salvar suas famílias.

Quando a guerra terminou e eles puderam voltar para casa se surpreenderam com o que encontraram. Ao desenterrarem as garrafas de vinho já esperavam que a bebida estivesse estragada. Porém, não foi o que ocorreu. O enterro das bebidas deixou o vinho ainda mais saboroso, pois a terra possibilitou que as garrafas ficassem em um ambiente perfeito: escuro e com temperatura constante.

Esta tradição é relembrada e vivenciada todo o terceiro sábado de cada mês na adega e restaurante Quinta do Olivardo, em São Roque (SP). A quinta, especializada na culinária portuguesa possui uma produção própria de vinho e mensalmente convida os turistas para vivenciarem esta experiência.

Segundo Olivardo Saqui, proprietário da Quinta do Olivardo, o turista é convidado a enterrar uma garrafa numerada e depois de seis meses ele pode voltar, abrir as covas e desenterrar sua garrafa, degustando a iguaria. “É uma noite mágica. Deixamos a casa iluminada apenas com velas e tochas para deixar o ambiente semelhante ao período de 1807 e, ao som dos tradicionais fados portugueses, interpretados em voz, violão e guitarra portuguesa, conduzimos os turistas entre nossos parreirais que ladeiam a propriedade para enterrar ou desenterrar o vinho. É uma experiência única! ”, frisa Olivardo.

Adega, restaurante, lanchonete e loja de produtos coloniais, vinhos, doces e compotas caseiras, a Quinta possui parreirais ladeando as instalações conferem clima bucólico das propriedades rurais da Ilha da Madeira, em Portugal, onde o proprietário buscou inspiração para construir um dos locais mais visitados da Estrada do Vinho, no interior de São Paulo.

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