Da Redação
Com PORT.Com
A cidade de Viana do Castelo vai acolher, dias 15 e 16 de dezembro, o II Encontro de Investidores da Diáspora para partilhar experiências e criar uma rede de trabalho, contando com a participação de vários governantes.
“Escolhemos Viana do Castelo porque é um exemplo de um território que tem vindo a atrair muito investimento das comunidades portuguesas no estrangeiro, nomeadamente, luso-descendentes que têm as suas vidas constituídas em França, Alemanha e Suíça”, afirmou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
José Luís Carneiro, que falava na apresentação do encontro numa sessão realizada a bordo do navio-museu Gil Eannes, apontou como exemplo “a intenção de uma empresa luso-francesa, entregue na Câmara de Viana do Castelo, para investir sete milhões de euros no concelho”.
Em dezembro de 2016, o “I Encontro de Investidores da Diáspora” juntou, em Sintra, durante dois dias, cerca de 300 representantes de micro e pequenas empresas de 38 países e cerca de 66 câmaras de comércio de todo o mundo.
“Conseguimos, num ano e meio, identificar 7.000 empresas de portugueses desde o setor da restauração, hotelaria, indústria, metalomecânica, agroalimentar, novas tecnologias e da comunicação, indústria do medicamento e da saúde. São áreas, todas elas, muito relevantes para o país”, frisou.
Para o governante, a iniciativa do Gabinete de Apoio aos Investidores da Diáspora (GAID) vai constituir como “uma possibilidade de reencontro, de criar ‘networking’ e confiança aos que têm recursos e querem investir nas suas terras de origem e, ao mesmo tempo, que também estejam disponíveis para aceitar intenções de investimento de empresas que estão hoje sediadas em Portugal e que nunca experimentaram a internacionalização”.
“Estes portugueses que vivem no mundo estão disponíveis para serem alicerces dessas intenções de sair de conhecer outros mercados e sociedades e podermos, por essa via, internacionalização a economia de Portugal”, referiu.
O primeiro dia do encontro será dedicado à apresentação “das vantagens, oportunidades e condições de investimento em Portugal, com a presença de vários membros do Governo”.
No segundo dia, “os investidores da Diáspora apresentarão as suas experiências de vida e empresariais e, em parceira com a Associação Empresarial de Portugal (AEP) que vai entregar o Prêmio ao Jovem Empreendedor da Diáspora”.
José Luís Carneiro adiantou que o programa inclui, além de atividades culturais, uma visita e às empresas sediadas na região “para testemunhar os bons exemplos de investimento e os seus efeitos na criação de emprego e riqueza”.
Presente no encontro com os jornalistas, o presidente da Câmara de Viana do Castelo afirmou tratar-se de “uma oportunidade d’oiro” que vai juntar na capital do Alto Minho “a fina flor dos investidores portugueses”.
“É uma oportunidade para mostrarmos o que está a ser feito no território do Alto Minho, em Viana do Castelo, uma oportunidade das nossas empresas conhecerem outros empresários e, acima de tudo, dar um sinal de que há boas condições para investir em Portugal”, sublinhou.
O autarca socialista José Maria Costa referiu que o Alto Minho tem hoje “infraestruturas de excelência e parques empresariais qualificados”, um território integrado “na euro região Norte de Portugal-Galiza, com sete milhões de habitantes”.
A segunda edição da iniciativa pretende “criar um ambiente favorável ao ‘networking’, ao debate, à partilha de experiências, à identificação de afinidades, à tomada de consciência das complementaridades entre as diversas realidades da Diáspora, assim como ao conhecimento, ao diálogo intercultural e ao lançamento de bases de eventuais parcerias de negócio”.
Gil Eannes – o ‘porto seguro’ de Viana do Castelo
O evento foi apresentado no Gil Eannes, um antigo navio hospitalar português, agora ancorado permanentemente no Porto de Viana do Castelo, que serve como navio de museu e albergue juvenil.
O navio foi projetado para substituir um navio com o mesmo nome, como hospital e navio de apoio para a Frota Branca Portuguesa. O primeiro Gil Eannes foi o antigo navio mercante alemão Lahneck , capturado pelas autoridades portuguesas em 1916 e adaptado a navio hospital para operar nos mares da Terra Nova, em apoio à frota de pesca portuguesa.
Em 1955, o Grêmio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau ordenou a construção de um novo navio para substituir o primeiro Gil Eannes. O novo Gil Eannes foi construído nos estaleiros navais da Viana do Castelo, e foi projetado como um navio hospitalar de última geração, podendo também oferecer uma ampla gama de serviços de apoio às embarcações de pesca portuguesas. Além de hospital, o navio serviu como puxão, quebra-gelo, correio e navio de abastecimento e também serviu como a autoridade marítima portuguesa para a Frota Branca, quando estava operando no alto mar.
Em 1963, o Gil Eannes começou a operar como navio de passageiros e reefer durante os períodos entre as estações de pesca de bacalhau. Em 1973, o navio fez a última viagem aos mares de Terra Nova. No mesmo ano, Gil Eannes foi enviado para o Brasil numa viagem diplomática sob o patrocínio do então embaixador português José Hermano Saraiva.
Após a última viagem em 1973, o navio deixou de exercer funções, permanecendo amarrado e abandonado no Porto de Lisboa por muitos anos. O navio pretendia ser demolido por sucata. Em 1997, o historiador e apresentador de TV José Hermano Saraiva (patrocinador da última viagem do navio quando era embaixador no Brasil) lançou, numa de suas séries de televisão, uma campanha para salvar o navio histórico Gil Eannes da demolição pretendida.
Graças a esta iniciativa, o Gil Eannes conseguiu ser salvo no último minuto e, em 1998, foi restaurado nos estaleiros de Viana do Castelo, com o apoio de várias instituições, empresas privadas e cidadãos. Parte do navio foi transformada em um albergue juvenil com 60 camas e o restante foi restaurado de acordo com as características originais para ser um navio museu.