Da Redação
Com Lusa
O presidente da Câmara de Viana do Castelo vai convidar representantes do município de Itajubá, em Minas Gerais, a participarem na Romaria d’Agonia de 2020, por “partilharem” a devoção à padroeira dos pescadores da capital do Alto Minho.
“Vamos contatar o perfeito do município de Itajubá e o reitor do santuário de Nossa Senhora d’Agonia no sentido de estreitarmos as relações entre as duas comunidades. Será efetuado um convite para a sua participação na Romaria d’ Agonia de 2020”, disse José Maria Costa.
A devoção do município brasileiro à padroeira dos pescadores da ribeira de Viana do Castelo foi impulsionada, em 1990, por António de Lima Costa, natural da freguesia de Lanheses, em Viana do Castelo, mas radicado no Brasil, quando a comunidade local decidiu construir um novo templo na paróquia.
De acordo com a página oficial do santuário arquidiocesano de Nossa Senhora d’Agonia, António de Lima Costa doou o terreno, pedindo em “contrapartida” que o templo a erguer fosse dedicado à Senhora d’Agonia, “de quem era muito devoto”.
“A Santa sugerida não era do conhecimento de ninguém da comunidade, com exceção do dono do terreno e sua família”, lê-se na publicação.
Em Viana do Castelo, a igreja dedicada à padroeira dos pescadores está situada no Campo da Agonia e está datada de meados do século XVIII. O culto à santa “remonta ao século XVIII e está associado à devoção das gentes ligadas à pesca, que agradeciam ou celebravam as graças recebidas em momentos difíceis durante as tempestades ou os naufrágios”.
“O mar ali é bravo e quando movido de tufões atirava as embarcações contra uma falésia denominada ‘Penedo Ladrão’. As famílias dos pescadores no cais assistiam angustiadas à luta de sobrevivência daqueles homens. De joelhos, as mulheres chamam pela Senhora d’Agonia, numa fé comovedora, pedindo pelos seus maridos, filhos e irmãos”, lê-se na publicação da paróquia brasileira.
António de Lima Costa acabaria por morrer antes de ser iniciada a construção do templo, concluído em 2006, e onde hoje é venerada a imagem que “mandou talhar” em Portugal e que chegou ao município brasileiro na véspera do Natal de 1994.
Atualmente, o santuário é visitado “durante todo o ano e acolhe romarias e visitantes de diversas partes do Brasil”.
Na publicação, a paróquia explica ainda que “a edificação do templo está fundamentada na devoção portuguesa à Nossa Senhora da Agonia e já conseguiu atingir uma representatividade significativa, não só local, mas em todo o Brasil”.
“O santuário é frequentado o ano inteiro por muitos peregrinos, e nos dias da festa um grande número de fiéis sobe a montanha para participar dos festejos”, acrescenta a publicação que conta a historio do templo.
Para o presidente da Câmara de Viana do Castelo, trata-se de uma história “comovente” e um exemplo da “grande devoção dos vianenses à Senhora d’Agonia”, santa “que divulgaram pelo mundo fora”.
“É muito interessante”, sustentou, referindo-se à forma como a mesma devoção passou a “unir os dois povos”.
No Brasil, o santuário de Nossa Senhora d’Agonia, que dá nome à avenida e ao bairro onde foi construído, integra a paróquia Nossa Senhora das Graças, criada em 2015. É a sexta paróquia do município de Itajubá e está integrada na arquidiocese de Pouso Alegre.
O sítio na Internet da secretaria municipal de Cultura e Turismo de Itajubá refere que as festas em honra da Senhora d’ Agonia ocorrem no santuário, em agosto, tal como em Viana do Castelo, que, em 2020, lhe vai dedicar cinco dias de festa, entre 19 e 23 de agosto.
Na capital do Alto Minho, o culto à padroeira dos pescadores tem a sua primeira referência escrita em 1744. Já a procissão ao rio e ao mar, em sua honra, cumpre-se sempre a 20 de agosto, desde 1968.
Nesse dia, feriado municipal, as margens do rio Lima enchem-se. São milhares de pessoas concentradas para ver e saudar a procissão, envolvendo mais de uma centena de embarcações de pesca e de recreio.
No regresso a terra, os pescadores transportam os andores de novo à igreja de Nossa Senhora d’Agonia, passando pelas ruas da ribeira onde, durante a madrugada, foram confeccionados, manualmente, os típicos tapetes de sal.
A confecção dos desenhos, gravados em cinco ruas e uma alameda, com mais de 30 toneladas de sal colorido, mobiliza centenas de pessoas.
A “noite dos tapetes”, como é localmente conhecida, atrai milhares de forasteiros que se perdem pelas tasquinhas da ribeira, animadas durante toda a madrugada com concertinas e cantares ao desafio.