Da Redação
Com Agencia Senado
Os 40 anos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como responsável pelo gerenciamento, guarda, manutenção e conservação das fortalezas históricas do litoral catarinense foram comemorados em Sessão Especial do Senado em Brasília, no último dia 21. A UFSC gerencia as fortalezas de Santa Cruz de Anhatomirim, de Santo Antônio de Ratones e de São José de Ponta Grossa, construções que integravam o antigo sistema defensivo criado pela Coroa Portuguesa para a defesa da ilha de Santa Catarina.
O senador Esperidião Amin (PP-SC), um dos autores do requerimento de homenagem, destacou a importância das antigas fortificações, que contam parte da turbulenta história da instituição da República. As fortalezas de Santa Cruz de Anhatomirim e de Santo Antônio de Ratones estão entre as 19 fortalezas brasileiras indicadas à Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para se tornarem Patrimônio da Humanidade.
Além de destacar a administração das fortalezas pela universidade, Esperidião Amin saudou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelo esforço de restauração e conservação dos monumentos e a Marinha pela sensibilidade de ceder suas instalações.
“Creio que essa conjugação de esforços é bom exemplo de cooperação, não pelo passado, mas pelo futuro” resumiu.
Visitação
A deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC) lembrou que a UFSC tem deixado o patrimônio histórico em condições dignas de visitação, e a deputada federal Angela Amin (PP-SC) sublinhou o envolvimento da universidade e das instituições de apoio na preservação da história.
“O mais importante é a mudança de postura dos cidadãos quanto à necessidade de preservar o que foi construído por nossos antecessores” disse Angela Amin.
A abertura à visitação pública das fortalezas para realização de atividades de turismo, educação, cultura e lazer foi enaltecida pelo reitor da UFSC entre 1988 e 1992, Bruno Rodolfo Schelemper Junior, que lembrou das condições de abandono em que as estruturas se encontravam antes da gestão pela universidade.
Chefe de restauração das fortalezas da ilha de Santa Catarina, Roberto Tonera afirmou que as “ruínas” se tornaram um “quase Patrimônio da Humanidade”. Também ex-reitor da UFSC, Lúcio Botelho lembrou que, segundo estudo, a visita às fortificações antigas faz o turista aumentar sua permanência em Santa Catarina.
“Um patrimônio que era considerado como empecilho, como fonte de gastos, hoje vemos por uma perspectiva mais ampla” definiu.
A secretária de cultura e arte da UFSC, Maria de Lourdes Alves Borges, classificou as fortalezas como um patrimônio valioso e peculiar que é mantido apesar dos baixos recursos. A superintendente do Iphan em Santa Catarina, Liciane Janine Nizzola, disse que espera reconhecimento a um patrimônio histórico que poucos estados têm; e a presidente do Iphan, Kátia Santos Bogéa, disse que a UFSC dá exemplo ao Brasil.
“Estamos legando às futuras gerações a possibilidade de conhecer sua identidade” declarou Bogéa.
O atual reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar, manifestou reconhecimento a todas as pessoas e instituições que atuaram nos 40 anos de preservação das fortalezas.
“O papel de cada uma de nossas instituições é preservar nossas memórias, construindo uma nação da qual possamos nos orgulhar”.
Também se pronunciaram o ex-reitor da UFSC Antonio Diomário de Queiroz e a presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Ana Lúcia Coutinho.
Livro infantil
No início do mês, a UFSC anunciou lançamento do livro infantil “Fortalezas da Ilha: uma visita ao passado”. De forma lúdica e com ilustrações em aquarela, a publicação conta a história do sistema defensivo construído pelos portugueses no século XVIII para garantir a posse da região e proteger o território. O livro traz o recurso de realidade aumentada, em que a criança pode ver, com auxílio de um celular, por exemplo, uma animação com uma caravela saindo de Portugal para o Brasil.
A publicação é um material complementar ao projeto “Aprender sobre história também é coisa de criança” e será utilizado com estudantes que participam da “contação de história” e da visita à Fortaleza de São José da Ponta Grossa.
Ao folhearem o livro, eles vão conhecer personagens como o Brigadeiro José da Silva Paes, o engenheiro militar que planejou as fortalezas e o sistema defensivo da região. A narrativa mostra a disputa territorial entre portugueses e espanhóis, construção, uso, abandono, reconstrução e transformação das fortalezas em museus.
A produção do livro contou com a participação de diferentes técnicos administrativos em educação (TAEs), como pedagoga, arquiteto especialistas nas fortificações, jornalista e equipe da SEAD, além de contar diretamente com o envolvimento de alunos da UFSC, bolsisitas dos cursos de História e de Arquitetura.
Após instalar o aplicativo, o leitor verá, através do celular, imagens das primeiras quatro fortalezas construídas por Portugal para proteger a Ilha de Santa Catarina. Também poderá assistir a uma caravela se deslocar no mapa, atravessando o oceano para chegar ao Brasil. Além disso, com uso da realidade aumentada, é possível ver como ficou uma das fortalezas após o restauro, com sobreposição das imagens antiga e atual.