Sessão inaugural dia 19 DE MARÇO | 14h30
Da Redação
No Dia Internacional da Mulher, a Universidade Federal de Goiás, a Embaixada de Portugal no Brasil e o Camões – Centro Cultural Português em Brasília anunciaram o lançamento da Cátedra Lídia Jorge, a primeira Cátedra da rede Camões no Brasil a homenagear uma mulher escritora.
Lídia Jorge transita com leveza entre o leitor comum e o especializado e é considerada uma das escritoras mais relevantes no âmbito da cultura e da literatura nos países de Língua Portuguesa, pelo vasto conjunto de sua obra. Ela estará presente no dia do lançamento com o objetivo de promover os estudos na área e estabelecer intercâmbio entre discentes, pesquisadores e autores. O evento de lançamento da Cátedra Lídia Jorge no dia 19 de março é aberto ao público.
O embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, considera que esse lançamento, e sua homenagem a uma das maiores escritoras portuguesas de todos os tempos, coroa um ano muito especial para Portugal. “Em 2024 vamos celebrar os 50 anos da Revolução dos Cravos, em 25 de abril, e os 500 anos do nascimento do nosso grande poeta, Luís Vaz de Camões. E tenho certeza de que essa Cátedra dará belos frutos, no próximo futuro”, considerou o embaixador.
Nascimento da Cátedra
A iniciativa nasceu de um convite da Embaixada Portuguesa, no primeiro semestre de 2023, por meio do Camões – Centro Cultural Português em Brasília, para que a UFG encaminhasse um representante para o encontro de cátedras no Brasil. “Ficamos muito felizes com esse convite, uma vez que foi o primeiro aceno para que pudéssemos implementar o que hoje se inaugura como a Cátedra Lídia Jorge”, pontuou o professor da Faculdade de Letras, Rogério Max Canedo, que estuda há anos Literaturas Africanas de Línguas Portuguesa e Literatura Portuguesa.
Com a criação da Cátedra Lídia Jorge, o Brasil contará com nove Cátedras Camões. O professor lembra que, a partir dos diálogos estabelecidos quando de seu encontro com os demais coordenadores das Cátedras Camões e, em especial, com a Diretora do Camões – CCP Brasília, Alexandra Pinho, e em parceria com a Secretaria de Relações Internacionais da UFG, tiveram início as tratativas que culminaram, em dezembro do ano passado, com a resposta favorável para esta criação.
“Em nenhum momento abri mão da ideia de que a Cátedra, na Universidade Federal de Goiás, levasse o nome de uma homenageada, sendo ela uma mulher escritora. Lídia Jorge esteve todo tempo em meu horizonte. Em muito nos engrandece o nome dessa autora portuguesa, pelo seu peso político e literário”, concluiu.
Segundo a secretária de Relações Internacionais da UFG, Laís Thomaz, a criação da Cátedra é mais do que simplesmente um espaço para estudo da língua, mas também abarca a cultura e fomenta a ampliação do ensino da literatura portuguesa no País. “A Cátedra Lídia Jorge irá integrar a Rede de Cátedras Camões no Brasil e fomentar a interação nesse espaço, propondo projetos, ações de divulgação e intercâmbios, visando a ampliação do ensino de língua portuguesa”, afirmou.
A força de Lídia Jorge
Poeta, contista e, acima de tudo, uma prestigiada romancista, Lídia Jorge iniciou a sua profícua carreira com o romance O Dia dos Prodígios, em 1980. Considerada uma das maiores escritoras de Língua Portuguesa, os seus textos têm uma relevância importante também por temáticas pós-coloniais. “Destacam-se, em sua obra de ficção, temas como o passado colonial e ditatorial; as tensões entre a sociedade moderna e pós-moderna; a condição feminina e a emigração”, pontuou o professor.
Seu último livro, Misericórdia, foi lançado em outubro de 2022, a partir de um pedido da mãe da escritora. Mesclado ficção e suas memórias, Lídia Jorge traz uma reflexão sobre a instabilidade na vida moderna e a passagem do tempo
Entre as dezenas de premiações recebidas, destaca-se a condecoração recebida pelo presidente português, Jorge Sampaio, em março de 2005, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique. Também neste ano, foi condecorada como Dama da Ordem das Artes e das Letras, na França, sendo elevada ao grau de Oficial de 2015. Já na Alemanha, Lídia Jorge recebeu o Prêmio de Literatura Albatros da Fundação Günter Grass, atribuído pelo conjunto da sua obra.
No ano de 2022, a romancista recebeu o Prêmio do Clube das 25, da Associação Feminista Espanhola, pela sua luta pela igualdade de oportunidades. Sua obra mais recente, Misericódia, recebeu ainda o Prêmio Médicis, para melhor livro estrangeiro .
Os seus livros têm-lhe merecido variadíssimos prêmios e estão traduzidos para diversas línguas, como alemão, galego, búlgaro, castelhano, esloveno, grego, francês, hebraico, húngaro, italiano, holandês, romeno, sueco e inglês, entre outras.