Da Redação
Com Lusa
A Universidade de Aveiro (UA) em Portugal revelou num relatório em 27 de outubro com impactos ambientais na costa brasileira provocados pela ruptura, em 2015, de uma barragem em Minas Gerais.
Trata-se de uma das primeiras avaliações ao impacto da ruptura da barragem do Fundão, através da análise de imagens de satélite e do desenvolvimento de um modelo numérico, que simula a dispersão da água de origem fluvial no Atlântico, para perceber o real impacto da tragédia.
Construída para acomodar os desperdícios provenientes das minas de ferro da região de Mariana, no estado brasileiro de Minas Gerais, a ruptura em 2015 da barragem do Fundão causou um dos maiores desastres ambientais no Brasil. A lama libertada pelo desastre atingiu o Rio Doce e, através deste, o Oceano Atlântico com consequências que o estudo quantifica.
O trabalho envolveu Renato Mendes e João Miguel Dias, do Núcleo de Modelação Estuarina e Costeira do Departamento de Física (DFis) e do Centro de Estudos do ambiente e do Mar da UA, numa parceria com os investigadores Martinho Marta-Almeida (antigo aluno e investigador da UA), Fabíola Amorim da Universidade Federal do Espírito Santo (também antiga aluna e investigadora da UA) e ainda Mauro Cirano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“O nosso trabalho foca-se no estudo dos padrões temporais e espaciais da dispersão da pluma do Rio Doce no Oceano Atlântico após o acidente”, afirmou Renato Mendes.
O investigador explica que, através de um modelo numérico aplicado a esta região costeira, “simulou-se a propagação da pluma do Rio Doce durante dois meses após a lama ter chegado à foz do rio”.
Aos resultados das simulações efetuadas no modelo, foi ainda integrada a análise de imagens de satélite para validar os resultados do modelo e avaliar a extensão da pluma.
Além do enorme impacto deste desastre em grande parte do curso continental do Rio Doce, a zona costeira também foi severamente afetada: o estudo revelou que as águas fluviais resultantes da ruptura da barragem “poderão ter-se dispersado por centenas de quilômetros, atingindo localizações tão distantes como a plataforma costeira em frente à cidade do Rio de Janeiro”.
“Como o movimento da pluma foi essencialmente para sul, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, um dos mais importantes parques marinhos brasileiros, não foi afetado” pelo acidente. Porém, sublinha Renato Mendes, “outras zonas protegidas como a Reserva Biológica de Comboios, uma unidade de conservação costeira que protege o único ponto regular de desova de tartaruga-de-couro na costa brasileira, e a Área de Preservação Ambiental da Costa das Algas, localizam-se exatamente no centro da região mais afetada”.