Da Redação
Com Lusa
A UNESCO avisou nesta sexta-feira que a classificação da morna como Patrimônio Imaterial da Humanidade tem apenas uma indicação positiva prévia, remetendo a decisão final para o comité intergovernamental, que reúne entre 9 e 14 de dezembro, em Bogotá.
“Não [a morna ainda não é oficialmente Patrimônio Imaterial da Humanidade], a decisão final pertence ao Comité Intergovernamental de salvaguarda do Patrimônio Imaterial da Humanidade, um órgão independente que se vai reunir em Bogotá entre 8 e 14 de dezembro de 2019”, referiu hoje fonte oficial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) à Agência Lusa.
A UNESCO, sediada em Paris, tutela as manifestações culturais consideradas como Patrimônio Imaterial da Humanidade, mas cabe a um comité independente (constituído por diversos países) a decisão de entrada na lista onde já constam o fado e o cante alentejano, entre outras práticas.
O ministro da Cultura cabo-verdiano, Abraão Vicente, manifestou na quinta-feira à noite, na sua página pessoal de Facebook, a sua satisfação pela Morna classificada Patrimônio Mundial.
“Caros cabo-verdianos, tenho a sorte, a honra e o privilégio de vos comunicar que hoje o comité técnico dos peritos da UNESCO aprovou o dossiê da morna a Patrimônio da Humanidade”, escreveu Abraão Vicente.
Na mensagem em rede social, o ministro adiantou que “a decisão será ratificada em dezembro”, na Colômbia, “mas a nação já pode celebrar: a morna já é Patrimônio da Humanidade”.
No entanto, segundo fonte da UNESCO, “o texto publicado é um projeto de decisão que transmite o parecer favorável do órgão que avaliou todas as candidaturas”.
“O Comité avalia este parecer, debate sobre ele e toma uma decisão final. Essa decisão é depois aprovada ou não pelo Comité. Seja como for, só haverá decisão oficial quando esta for aprovada pelo Comité”, esclareceu a mesma fonte.
Segundo este parecer, que é público e está disponível no site da reunião que acontecerá em Bogotá, a morna deve ser inscrita na lista das expressões de relevo cultural que interessam a todo o Mundo, mas recomenda também que o Governo de Cabo Verde preste atenção à conservação e inventariação deste gênero musical, de forma a protegê-lo e conservá-lo.
Para além da morna, outras 41 manifestações culturais vindas de todo o mundo tiveram também a sua avaliação conhecida esta sexta-feira, incluindo os caretos de Podence, de Macedo de Cavaleiros, e verão a decisão final aprovada ou não pelo Comité em dezembro deste ano.
Cabo Verde apresentou em março do ano passado a candidatura da morna a Patrimônio Imaterial da Humanidade. O dossiê cabo-verdiano contou com colaboração do antropólogo Paulo Lima, especialista português na elaboração de processos de candidatura a Patrimônio Imaterial da Humanidade da UNESCO, como o fado, o cante alentejano e a arte chocalheira.