Da Redação
Com Lusa
A UNESCO classificou, em 07 de dezembro, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade a produção dos “Bonecos de Estremoz”, em barro, uma arte popular com mais de três séculos.
A classificação da “Produção de Figurado em Barro de Estremoz”, vulgarmente conhecida como “Bonecos de Estremoz”, foi decidida na 12.ª Reunião do Comité Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, que decorre na Ilha Jeju, na Coreia do Sul, até sábado.
A decisão, que ocorreu pelas 01:05 (hora de Lisboa), foi bastante celebrada pela comitiva portuguesa que durante os festejos exibiu exemplares de “Bonecos de Estremoz”.
Presente na sessão, o embaixador de Portugal na Coreia do Sul, Manuel Gonçalves de Jesus, mostrou-se “bastante satisfeito” com o reconhecimento da UNESCO. “Foi uma vitória e desta vez nem foi no futebol, foi numa área muito importante que é preservar aquilo que é muito nosso”, disse.
O diplomata saudou ainda os responsáveis da candidatura portuguesa, principalmente os artesãos que produzem os “Bonecos de Estremoz”.
Na área de Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade estavam inicialmente a concorrer 49 candidaturas, das quais 35 foram aprovadas, tendo no final recolhido parecer negativo 11.
A distinção é “um orgulho” para Portugal, defendeu o Ministério da Cultura, que se compromete a dar apoio a outras iniciativas para que tenham o mesmo reconhecimento.
Em comunicado, o Ministério da Cultura compromete-se a “dar todo o seu apoio para que outras iniciativas” alcancem a mesma distinção, no âmbito de um “projeto de valorização de uma Rota Cultural que integra todas as manifestações classificadas e em vias de classificação como Patrimônio Imaterial da Humanidade das Regiões do Alentejo e do Ribatejo”.
“Os ‘Bonecos de Estremoz’ são o primeiro figurado no mundo a merecer esta distinção da UNESCO, que contribuirá certamente para projetar a manifestação desta arte popular a nível internacional e mundial”, afirmou a tutela. A candidatura teve como responsável técnico o diretor do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro.
Os “Bonecos de Estremoz” pertencem a uma arte de caráter popular, com mais de 300 anos de história, tendo sido o primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Estremoz, no distrito de Évora.
Com mais de uma centena de figuras diferentes inventariadas, a arte, a que se dedicam vários artesãos do concelho, consiste na modelação de uma figura em barro cozido, policromado e efetuada manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos no século XVII.
Em Estremoz, trabalham atualmente nesta arte emblemática Afonso e Matilde Ginja, Célia Freitas, Duarte Catela, Fátima Estróia, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge da Conceição, Miguel Gomes e Ricardo Fonseca.