Uma centena de refugiados da Ucrânia matriculados nas escolas portuguesas

Da Redação com Lusa

Cerca de uma centena de crianças e jovens fugidos à guerra na Ucrânia já matricularam-se na última semana em escolas portuguesas, segundo o ministro da Educação, sublinhando que o número deverá aumentar.

“Nesta última semana tivemos cerca de 100 crianças e jovens a matricularem-se formalmente nas escolas portuguesas”, afirmou o ministro Tiago Brandão Rodrigues, acrescentando que estão em Portugal muito mais refugiados em idade escolar, mas é preciso dar tempo às famílias para se organizarem.

“Sabemos que estão a chegar ao longo destas semanas, mas estão primeiro num processo de acomodação, na tentativa de encontrar um sítio para residir. Sabemos que toda a saída da Ucrânia, dependendo do momento em que terão saído, pode ter sido muito diferenciada”, alertou o governante.

O ministro da Educação garantiu que da parte das escolas não haverá qualquer entrave ao acolhimento dos menores, lembrando que existe já “uma larga experiência na recepção de alunos refugiados, migrantes e até menores não acompanhados”.

“Todos os verões recebemos um conjunto muito significativo de estudantes, assim como ao longo de todo o ano letivo”, disse, sublinhando que “existe uma grande experiência na recepção de crianças que vêm de contextos complexos e todos os tipos de migrantes”.

A garantia também já tinha sido dada na semana passada à Lusa pelos diretores escolares que dizem ser habitual receber estudantes ao longo de todo o ano letivo, incluse estrangeiros que não sabem falar português.

Para estes alunos existem aulas de Português Língua Não Materna, que é o que está pensado também para os menores refugiados que estão agora a chegar a Portugal.

“Não sabemos quantos refugiados ucranianos chegarão a Portugal neste período, nem a duração deste processo”, acrescentou Tiago Brandão Rodrigues, reconhecendo que se vivem tempos de “uma enorme imprevisibilidade”.

À Guarda, por exemplo, “chegaram 100 ucranianos, sendo que 15 são jovens em idade escolar”, acrescentou o ministro à margem da sessão de apresentação da moeda comemorativa “O Clima”, da autoria de um aluno da Guarda.

“O importante é podermos acarinhar estas famílias e recebê-las bem. A Segurança Social e as autoridades de saúde também estão a trabalhar”, disse, garantindo que professores e funcionários assim como encarregados de educação têm-se mostrado disponíveis para ajudar.

“Os diretores dizem que estão preparados, as escolas estão preparadas, e os encarregados de educação têm mostrado a vontade de participar nas suas comunidades para que as crianças possam sentir que estão a chegar a um sítio onde estão todos de braços abertos para os receber”, afirmou em declarações aos jornalistas.

Nos estabelecimentos de ensino também tem havido uma preocupação especial com os alunos ucranianos e russos que já viviam em Portugal, “para que todas entendam que fazem parte da comunidade escolar e que aqui estão seguras e cuidadas por todas”, assim como com todos os menores no geral, para explicar o que está a acontecer na Europa.

8 mil pedidos

Portugal concedeu até hoje 8.250 pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, revelou à Lusa o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

O Governo português concede proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia em consequência da situação de guerra, atribuindo números de identificação fiscal, Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde.

O SEF lança hoje também uma plataforma ‘online’, em três línguas diferentes, para pedidos de proteção temporária por residentes ucranianos.

A plataforma ‘SEFforUkraine.sef.pt‘ “possibilita a todos os cidadãos ucranianos e seus familiares (agregado familiar), bem como a qualquer cidadão estrangeiro a residir na Ucrânia, fazer ‘online’ um pedido de proteção temporária de um ano, prorrogável por dois períodos de seis meses”, segundo o SEF.

A plataforma contém ainda informação relativa aos demais aspectos de acolhimento e integração de pessoas deslocadas.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.

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