Por Adriano Augusto da Costa Filho
Esse lugar realmente existiu, ficava nos confins do bairro do Tatuapé em São Paulo, sua configuração era emanada de imensas chácaras, sítios e os seus habitantes, pessoas vindas mormente dos emigrantes portugueses, os quais em levas e levas de viagens ali fixavam as suas residências construindo casas e fazendo os sítios, bem como, construindo campos de futebol.
A sua dimensão fazia praticamente fronteiras com os bairros da Vila Formosa, Água Rasa, Quarta Parada e Vila Azevedo, e seu fim era nos confins iniciais da Rua Tuiuti, onde existia uma fábrica, na Rua Azevedo Soares e o campo de futebol do clube Vila Paris F.C. onde eu joguei futebol na equipe infantil e as suas cores eram azul e branca, homenagem à França, por isso o clube tinha o nome de Vila Paris FC.
Aquelas imensas chácaras produziam verduras etc, era encaminhadas para os mercadinhos locais e principalmente para o mercado central de São Paulo, bem como, nas antigas vendas hoje são empórios e bem como, nesses locais aos fins de semana os portugueses para recordar o Portugal distante se reuniam geralmente aos sábados para cantar o fado e dançar o vira, e eu acompanhava o meu pai Adriano Augusto da Costa, português de Carção – Vimioso e minha mãe portuguesa de Rio Frio-Bragança, meu pai exímio tocador da guitarra portuguesa e então eu aprendi o canto e a poesia e me apaixonei por tudo que vinha do Portugal eterno e ai aprendi a tocar a guitarra, o violão e bem como o cavaquinho.
Ao lado da fábrica existia uma igreja – ou melhor – igrejinha de nome N.S. do Bom Parto, onde fui ser coroinha na minha infância primeira e até os 14 anos de idade e aos 5 anos já frequentava a escola infantil da igreja e depois o Grupo Escolar Congonhas do Campo na Rua Tuiutí onde fiz o curso primário.
Ali nesse contorno da Rua Tuiutí, as pessoas e suas vizinhanças eram realmente todos amigos e grandes festas eram realizadas e todas com fogueiras, balões e linguiças portuguesas e o maravilhoso pão, bem como, com outras festas e sempre ao som das guitarras e violões e era praticamente um universo de Portugal, com o pessoal vindo de outros bairros em redor do Tatuapé e Vila Paris e ali por um grande período tudo aconteceu como se realmente fosse um país, ou seja o Portugal eterno, ali praticamente aconteciam os casamentos na santa igrejinha de N.S. do Bom Parto onde estive na eternidade da minha querida “Vila Paris”.
A Vila Paris praticamente existiu por 50 anos, de 1920 até 1970 e quando apareceu o asfalto em quase todas as suas ruas bem como, a iluminação dos postes nas ruas, ai veio a construção de prédios de vários andares, linhas de ônibus e tudo se desmanchando ao sabor do tempo e ficando tão somente nas lembranças dos seus descendentes bem como, esses descendentes fixaram até hoje o clube “Vila Paris” olor de flores representativo do Portugal eterno ao qual estive na década de 80 em onde fizeram uma recepção por eu ser descendente lusitano e escrever no jornal Mundo Lusíada sobre tudo que são acontecimentos lusitanos, mormente coisas acontecidas nos bairros paulistanos e que relembram atos parecidos ao qual aconteceu na minha infância no bairro da Vila Paris, Tatuapé e por obra divina de N.S. do Bom Parto, o Portugal eterno existiu no bairro do Tatuapé e em um lugar chamado Vila Paris!!!
Por Adriano Augusto da Costa Filho
Membro da Casa do Poeta de São Paulo, Movimento Poético Nacional, Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, Academia Virtual Poética do Brasil, Ordem Nacional dos Escritores do Brasil, Associação Paulista de Imprensa, Associação Portuguesa de Poetas/Lisboa e escreve quinzenalmente para o Jornal Mundo Lusíada.