Evento em Santos marcou o fim da entidade e início da nova fusão que vai fortalecer o setor na região.
Por Odair Sene
Em 12 de julho, o Centro Espanhol de Santos recebeu mais de 400 convidados para a festa anual dos panificadores da Baixada Santista. Realizado pela Unepa (União das Empresas de Panificação e Afins da Baixada Santista), a noite de festa também serviu para anunciar a fusão com o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Santos, marcando nesta data a extinção da Unepa.
Alberto de Pinho, então presidente da Unepa, associação fundada no ano 2000 que a partir de agora passa a ser o Sindicato da Indústria de Panificação, falou sobre a nova fase. “Esse é um evento que foi organizado pela Unepa, mas é o Dia do Panificador, é um dia voltado ao panificador. Estamos unidos após a fusão, e quando houve a união nós já tínhamos marcado a festa da Unepa”, diz ele justificando a manutenção do evento e sobre a comemoração anual que a Unepa sempre realizou referente ao “8 de Julho – Dia do Panificador”.
Com uma “expectativa grande”, Alberto de Pinho diz que o setor agora se agrega em uma única entidade. “Praticamente fica só o Sindicato, que é mais forte, a tendência é a classe juntar esses panificadores mais jovens, e acredito que vai ser importante e ter uma força muito maior para o setor”.
A partir dessa noite, assumiu a presidência do Sindicato: Antonio Pires, tendo como vice-presidente Alberto de Pinho. Ao Mundo Lusíada, o novo presidente falou sobre o mercado a partir dessa união.
“Espero que a partir de hoje, que é um dia histórico, de unificação da categoria de panificadores, as perspectivas são as melhores possíveis. Já estamos conseguindo trazer muitos panificadores, acho que as padarias evoluíram muito nos últimos anos olhando para dentro, agora é hora de a gente olhar para o lado e olhar para frente, e juntos podemos fazer muito. Estou bastante otimista com esse primeiro passo que estamos dando, com a unificação da Unepa junto ao Sindicato, formando uma entidade única e uma entidade forte”.
A entidade representa toda a região da baixada santista e Bertioga, mas nem todos são associados. São 800 padarias que compreendem dentro da área geográfica a qual o Sindicato responde, porém o Sindicato ainda conta com um número relativamente pequeno de associados mas com perspectiva de aumento de 300% segundo o presidente eleito.
Ainda segundo o Toninho Pires, este setor emprega na região cerca de 12 mil funcionários, considerando que são 800 razões sociais com atividade comercial de padaria. “Uma preocupação que temos que ter é que hoje existe uma diversidade muito grande, existe padaria pequena, grande, padaria que atende um cliente de uma área mais periférica que o preço é um fator importante na decisão de compra, existe uma padaria em área mais nobre, apesar de todos sermos padaria temos que entender que cada um é um estabelecimento único, tem sua demanda e necessidade”.
Conforme o Toninho, o Sindicato formou uma equipe para pensar em todos esses grupos, não só em um único grupo. “Tanto é que dentro da nossa chapa tem representantes de Guarujá, Praia Grande, São Vicente, Cubatão, de todos os municípios”.
A festa dos Panificadores realizada esta noite contou com várias empresas patrocinadoras, o que, segundo o presidente, mostra confiança no setor, mas destacou que “não se trata de um favor, mas um reconhecimento à categoria”, responsável por 30%, 40% e as vezes até 50% da distribuição dos produtos na região. “Claro que contamos com eles, estamos vivendo um momento histórico e os fornecedores precisam entender esse momento para não perder o bonde da história, e verão que os que decidirem estar conosco daqui dois anos vão perceber que estarão muito na frente”.
Ao final, ainda comentou sobre a economia brasileira com expectativa de futuro, após as medidas do governo e de aprovação do pacote da nova Previdência no Brasil. “Todo empresário que gera emprego e paga imposto está esperando por isso. A provação da Previdência é importante para desatar alguns nós, o Brasil precisava disso, mas dá também um otimismo para o empresário investir e ver uma perspectiva de médio e longo prazo”.
Também parte dessa nova parceria, a Associação dos Panificadores da Baixada, com abrangência desde o Litoral Sul ao Norte, estima crescimento significativo. Manoel de Oliveira Gonçalves, presidente da Associação, que foi bancário por 30 anos e está na área de panificação há 19 anos, vinha ajudando no Sindicato. “Sentíamos muita desunião, esses anos todos estamos trabalhando essa união, e agora nós conseguimos porque vamos ter condições de sermos mais fortes”, diz Manoel citando atividades como aprendizado de funcionários, de empresários para área de gestão e comunicação, por exemplo.
“Os Sindicatos e a Associação trabalham em conjunto para eventos sociais, mas o foco maior é no aprendizado, na escola de panificação e confeitaria”, conta ele. “Temos um funcionário na padaria que se destaca na confeitaria ou na panificação, ele tem a prática mas não tem a teoria, na escola ele vai ter o aprendizado com diploma Sesi/Senai, vamos melhorar esse funcionário na questão profissional”.
Manoel defende que o sindicato deve ser um parceiro dos panificadores para enfrentar dificuldades do dia-a-dia, auxiliando por exemplo em questões jurídicas, treinamentos, e gestão. “Hoje eu sinto que a maior dificuldade é de mão-de-obra. Uma das nossas metas é ter um banco de dados de candidatos treinados para função de padeiro, confeiteiro, atendentes, cozinheiros. A ideia é fazer um treinamento paralelo para essas pessoas e no momento que esses candidatos se destacarem, oferecer ao mercado. Estamos conversando, aumentando o leque de associados e notamos que os associados têm essas dificuldades”.
Outra queixa do setor está no tabaco. Apesar das padarias serem as maiores vendedoras de cigarros, a margem que a padaria tem é de 7,5%, mas paga um imposto sobre a venda de 8%. Quando o cliente usa sistema de cartão de crédito/débito, a padaria perde mais 2%.
Durante a noite, foi apresentada a nova diretoria, que esteve conversando com o panificador sobre a expectativa de trabalho para os próximos anos. A festa dessa noite de sexta-feira reuniu um público de 440 pessoas, teve atração da banda Zago e, além de uma extensa mesa de queijos e pães, no jantar teve um elogiado bacalhau à portuguesa preparado e servido pelo Buffet Fontoura.