UE aprova “sanções muito duras” contra a Rússia, Ucrânia lamenta resposta “lenta”

Sede da Comissão Europeia com as cores da Ucrânia.

Mundo Lusíada com Lusa

Os embaixadores dos Estados-membros junto da União Europeia (UE) estão já reunidos para aprovar o pacote de sanções acordado pelos líderes europeus hoje de madrugada, que visa os setores financeiro, energético, transportes, exportações e política de vistos.

Fontes europeias indicaram à agência Lusa que a discussão que arrancou cerca das 10:00 (menos uma hora em Lisboa) é referente à nova lista aprovada pelos chefes de Governo e de Estado da UE esta madrugada, em cimeira europeia extraordinária em Bruxelas, que será à tarde discutida no Conselho de Negócios Estrangeiros extraordinário.

Em causa estão sanções para os setores financeiro, energético, transportes, exportações e de política de vistos, que abrangem por exemplo membros do Conselho de Segurança Nacional russo e responsáveis bielorrussos, bem como o corte a depósitos acima de 100 mil euros em bancos europeus, visando a elite russa.

Esta madrugada, os chefes de Estado e de Governo da UE chegaram a acordo sobre “sanções em massa” que serão “dolorosas para o regime russo”, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em conferência de imprensa.

O primeiro-ministro português, António Costa, disse aos jornalistas portugueses que a União expressou a solidariedade que pode dar à Ucrânia, designadamente com novas sanções maciças a Moscou, pois “não é uma organização militar”.

Também falando à imprensa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que as novas sanções da UE à Rússia, aprovadas esta madrugada, terão “máximo impacto na economia russa e na elite política”.

As novas medidas restritivas surgiram menos de um dia após o aval formal a um primeiro pacote, na quarta-feira.

Ucrânia

Mas o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou que a resposta da Europa à invasão russa esteja a ser muito lenta e convidou os europeus com experiência de combate a viajar para a Ucrânia e repelir o exército russo.

“Como é que vocês se vão defender, se são tão lentos a ajudar a Ucrânia?”, perguntou Volodymyr Zelensky, numa comunicação a jornalistas internacionais, em que criticou a resposta europeia à invasão russa em curso.

“Cancelar vistos para russos? Desconexão do SWIFT (rede interbancária)? Isolamento total da Rússia? Chamada de embaixadores? Embargo de petróleo? Hoje, tudo deve ser feito, porque se trata de uma ameaça para todos nós, para toda a Europa”, pediu Zelensky.

“A Europa é suficientemente forte para resistir a esta agressão”, frisou Zelensky, no momento em que as tropas russas continuam a progredir em várias partes de território ucraniano.

Volodymyr Zelensky pediu ainda aos europeus que tenham competências de combate para se deslocarem até ao território ucraniano, pegando em armas contra a invasão russa.

“Se tiverem experiência em combate (…) podem vir para o nosso país, para defender a Europa”, disse Zelensky.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa “desmilitarizar e desnazificar” o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus “resultados” e “relevância”.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

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