Da Redação com Lusa
Mais de 2.100 habitantes de Mariupol, cidade portuária do sudoeste da Ucrânia, foram mortos desde o início da ofensiva russa, indicou hoje a câmara local.
“Os ocupantes atacam de forma cínica e deliberadamente edifícios residenciais, zonas densamente povoadas, destroem hospitais pediátricos e infraestruturas urbanas (…). Até agora, 2.187 habitantes de Mariupol morreram em ataques russos”, afirmou autarquia no Telegram.
“Em 24 horas, tivemos conhecimento de 22 bombardeamentos numa cidade pacífica. Cerca de 100 bombas já foram lançadas sobre Mariupol”, acrescentou.
A cidade de Mariupol, um ponto estratégico entre a Crimeia e o Donbass, mergulhou numa situação “quase desesperada”, sem comida, água, gás, eletricidade e comunicações, considerou na sexta-feira a organização Médicos Sem Fronteiras.
O balanço anterior divulgado pelas autoridades locais, na sexta-feira, dava conta de 1.582 habitantes mortos.
Várias tentativas para encaminhar ajuda humanitária para a cidade fracassaram nos últimos dias.
Uma nova coluna, acompanhada por padres ortodoxos, com 100 toneladas de água, alimentos e medicamentos está a caminho de Mariupol, anunciou hoje o presidente ucraniano, Volodmyr Zelensky, indicando, na altura, que a ajuda estaria a duas horas da cidade, a uma distância de 80 quilômetros.
Refugiados
A invasão da Ucrânia pelas tropas russas já provocou a fuga de cerca de 2,69 milhões de ucranianos, segundo o balanço divulgado neste dia 13 pela Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
A Polônia acolheu mais de metade destas pessoas, recebendo 1,6 milhões de refugiados ucranianos, enquanto 246.000 foram para a Hungria, 195.000 para a Eslováquia, 105.000 para a Rússia, 104.000 para a Moldova, 84.000 para a Romênia e cerca de 900 para a Bielorrússia, entre outros países.
Mais de 300.000 refugiados ucranianos encontram-se também noutros países europeus não vizinhos da Ucrânia, de acordo com os números do ACNUR.
O êxodo de refugiados ucranianos é o maior da Europa desde a II Guerra Mundial, ultrapassando mesmo os causados por todas as guerras na ex-Jugoslávia durante os anos 90 (2,4 milhões, segundo estimativas das organizações humanitárias).
As estimativas efetuadas pelo ACNUR nos primeiros dias da guerra indicavam que o conflito pudesse originar cerca de quatro milhões de refugiados. Contudo, face à rápida evolução dos números em pouco mais de duas semanas de guerra, os responsáveis da organização acreditam que o fluxo de pessoas em fuga da Ucrânia venha a ser ainda maior.
Além dos ucranianos que já deixaram o seu país somam-se mais de dois milhões de pessoas deslocadas internamente pela guerra, um número que, segundo o ACNUR, poderá aumentar para 6,7 milhões se a guerra se arrastar.
Nos primeiros dias da guerra, a agência da ONU pediu à comunidade internacional 510 milhões de dólares para financiamento das operações de assistência a refugiados e deslocados, embora este montante possa subir se o atual fluxo de pessoas que fogem da guerra na Ucrânia também aumentar.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções econômicas a Moscou.