Mundo Lusíada com Lusa
Em Lisboa, o Teatro São Luiz vai ser palco de um concerto solidário pela Ucrânia a 11 de março, cujas receitas servirão para comprar bens essenciais para os refugiados que cheguem a Portugal.
Agir, Camané, Carminho e Miguel Araújo são alguns dos nomes que vão participar nesta iniciativa levada a cabo pelo Teatro São Luiz e para Associação Pão a Pão.
Segundo um comunicado conjunto, o concerto solidário contará ainda com a presença de Jorge Palma, Maria João, Mário Laginha e a Orquestra da Metropolitana de Lisboa – Quarteto de Cordas (Ana Pereira, Joana Dias, Joana Cipriano, Catarina Gonçalves).
Os Clã e Salvador Sobral vão também participar com um vídeo enviado especialmente para o espetáculo, que será transmitido às 21 horas na RTP1, Internacionais, RTP Play e Antena 1.
“As receitas da venda dos bilhetes e os donativos recebidos, através da conta Apoio aos Refugiados da Ucrânia – IBAN PT50 0036 0063 99100091709 19, revertem a favor da compra de bens essenciais para os refugiados da Ucrânia que cheguem a Portugal”, acrescenta a organização em comunicado enviado para a Lusa.
No dia do concerto, a partir das 19 horas, haverá também um posto de recolha de produtos de higiene para bebês, fraldas e brinquedos à porta do Teatro São Luiz, numa iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, através do Gabinete de Proteção Civil.
Também o presidente da Câmara de Lisboa apelou à solidariedade das unidades hoteleiras para o alojamento de refugiados ucranianos, uma vez que o centro de acolhimento de emergência montado num pavilhão desportivo destina-se apenas a uma ajuda imediata.
“Hoje temos realmente uma onda de solidariedade também muito grande […], deixo também um apelo às unidades hoteleiras, nós já temos algumas unidades hoteleiras que nos estão a ajudar, para depois poder dar mais conforto às pessoas”, afirmou Carlos Moedas (PSD).
O centro de acolhimento de emergência de refugiados ucranianos em Lisboa, instalado num pavilhão desportivo da Polícia Municipal, na freguesia de Campolide, “está pronto” para entrar em funcionamento, com 100 camas preparadas pela Cruz Vermelha Portuguesa, mas ainda não foi identificada essa necessidade, pelo que continua a aguardar a chegada de quem necessita de assistência, em articulação com a embaixada da Ucrânia em Portugal.
Para todos os ucranianos que precisam de ajuda e para todos os que querem ajudar, o município disponibilizou a linha telefónica 800 910 111 e o endereço de email [email protected], estando a decorrer no edifício dos Paços do Concelho a recolha de bens essenciais, num esforço conjunto da Câmara de Lisboa e das 24 juntas de freguesia da cidade.
Segundo revelou hoje à Lusa o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), 1.158 pessoas já pediram proteção temporária a Portugal desde o início da invasão russa à Ucrânia.
Braga
O autocarro humanitário que na quinta-feira rumou de Braga à Polónia encetou hoje a viagem de regresso à cidade minhota, com 44 refugiados a bordo, estando a chegada prevista para segunda-feira.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, disse que no autocarro embarcaram 10 crianças (entre 01 e 11 anos) e nove adolescentes (dos 12 aos 17 anos).
Seguiram viagem também 25 mulheres adultas, três das quais com mais de 65 anos.
“Temos vindo a trabalhar com vários, desde há duas semanas a esta parte, para um acolhimento pleno de todos eles”, acrescentou.
Em termos de alojamento, alguns ficarão em casa de familiares que já residem em Braga, enquanto para os outros estão a ser equacionadas várias soluções.
Numa primeira fase, o Hotel João Paulo II, no Sameiro, vai acolher alguns dos refugiados. Está também a ser trabalhada a vertente do emprego, havendo já “várias ofertas” de empresas e instituições, uma das quais do Sporting Clube de Braga.
Paralelamente, e ainda segundo Ricardo Rio, vai ser lançada uma campanha de apadrinhamento, para que empresas, instituições ou particulares assumam uma responsabilidade direta e um apoio mais efetivo a cada um dos refugiados.
Advogados
Mais de 1.200 advogados voluntariaram-se para prestar apoio jurídico ‘pro bono’ aos ucranianos residentes em Portugal e aos refugiados, revelou o bastonário, contando que há casos de crianças e recém-nascidos sem documentos.
O bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão, entregou à embaixadora da Ucrânia, Inna Ohnivets, uma lista com 1.207 nomes de advogados de Portugal que se inscreveram para ajudar os cidadãos ucranianos.
“A senhora embaixadora indicou-nos que os refugiados vão precisar de muito apoio jurídico. Há muitos casos de pessoas que vão chegar indocumentados, há até casos de crianças, recém-nascidas, que nem chegaram a ser legalizadas, porque tiveram de fugir da guerra”, disse Luís Menezes Leitão à Lusa.
Segundo o bastonário, entre as missões dos advogados está a obtenção de certificados de habilitações para os que chegam à procura de trabalho, assim como as autorizações de residência.
“Estamos disponíveis para prestar assistência no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e obter as legalizações necessárias, mesmo no caso de pessoas indocumentadas”, disse, sublinhando que “dar apoio a esta situação dramática que se está a viver é uma responsabilidade social dos advogados”.
Segundo Menezes Leitão, já chegaram “pedidos de todo o mundo”: “Tivemos contatos de ucranianos que estão no Egito, na Polônia, da República Checa e até da Espanha”.
A Ordem dos Advogados tem uma ‘task force’ que coordenará toda a ajuda, que o bastonário acredita que terá tendência para ser cada vez mais precisa, já que as estimativas é que o número de refugiados passe dos atuais cerca de 1,2 milhões para quatro milhões.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.