Turismo Rural pode quadruplicar numa década em Portugal, diz pesquisador

Mundo Lusíada
Com Lusa

O turismo em espaço rural em Portugal pode quadruplicar numa década, defendeu o economista e investigador Augusto Mateus, destacando o papel “muitíssimo importante” do alojamento local para “aproximar as pessoas de experiências únicas” nestes territórios.
Augusto Mateus disse que há “um conjunto de oportunidades e de territórios” para se investir no turismo em espaço rural em Portugal, nomeadamente nas regiões do Minho, Douro, Trás-os-Montes, Ribatejo, Beira Baixa, Alentejo e Algarve.
“A lógica não é aumentar a oferta, a lógica é responder à procura”, afirmou o economista, explicando que o turismo rural tem que estar organizado à escala nacional para que seja possível o posicionamento no mercado mundial para captar os fluxos turísticos.
Na perspectiva de Augusto Mateus, Portugal tem que “saber trabalhar não apenas o mercado espanhol”, já que os grandes fluxos turísticos do mundo são cada vez mais oriundos da classe média dos países emergentes, designadamente da China, do Brasil e da Rússia.
“O turismo em espaço rural em Portugal pode multiplicar por quatro numa década”, avançou o investigador, indicando como países exemplares no investimento em turismo rural a Áustria, a Alemanha, a Suíça e a França.
No estudo “O mundo rural e o desenvolvimento econômico e social de Portugal”, publicado em dezembro de 2017, Augusto Mateus identifica quatro mudanças necessárias: “colocar o povoamento no centro das preocupações do ordenamento do território, garantir uma efetiva e adequada valorização dos recursos endógenos, afirmar o turismo em espaço rural como uma nova oportunidade de desenvolvimento socioeconómico, e redefinir a organização municipal e as finanças locais”.
Questionado sobre as formas de hospedagem em espaço rural, o economista afirmou que “o alojamento local tem um papel muitíssimo importante, não tanto do ponto de vista da redução dos custos, mas do ponto de vista da qualificação das experiências”.
“O alojamento local no turismo em espaço rural é, basicamente, para aproximar as pessoas de experiências únicas, de experiências verdadeiras, de experiências com identidade, com cultura, com tradição, não é tanto para propiciar uma alternativa mais barata a uma proposta de hotelaria convencional”, advogou o investigador, identificando como aspecto mais relevante “a articulação do alojamento local com experiências de reabilitação de casas rurais, de edifícios, e com experiências de edificação daquilo que são as capacidades específicas do mundo rural para proteger a paisagem, proteger o ambiente e desenvolver atividades de valorização de recursos endógenos, do mar à floresta”.
De acordo com Augusto Mateus, o turismo em espaço rural onde corre bem é uma realidade nacional, “não é uma coisa promovida sob uma forma muito pequena, muito local, é algo que é organizado, promovido, desenvolvido, numa lógica global, onde a própria diferença entre os diferentes territórios rurais contribui para poder responder a procuras globais que são cada vez mais diferenciadas e segmentadas”.
Neste sentido, o economista advertiu que “não se pode pensar que todos os territórios vão ter o mesmo sucesso”, e que não se deve tentar fazer turismo onde não faz sentido.

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