Da Redação
Com Lusa
O novo presidente da European Travel Commission, Luís Araújo, critica os atrasos da Comissão Europeia na coordenação das restrições às viagens na União Europeia (UE) devido à covid-19, instando à adoção de regras comuns “o mais rapidamente possível”.
“Tivemos um momento [de tomada de posição por parte da Comissão Europeia] em junho e outro em 04 de setembro, [mas] enquanto isso muitos países foram perdendo a sua época mais importante, entre eles Portugal e todos os países da bacia mediterrânica, que contam muito com esta coordenação”, declara o novo líder desta entidade europeia de turismo à Lusa.
Questionado se o executivo comunitário tardou a coordenar a circulação na UE em altura de pandemia e de pós-confinamento, em que muitos países adotaram medidas restritivas às viagens, Luís Araújo diz: “Se tivemos uma declaração em junho e outra em setembro…”.
Para o também presidente do Turismo de Portugal, que nos próximos quatro anos vai acumular os dois cargos, “a única forma” de assegurar a sobrevivência do setor europeu “é haver atitudes e procedimentos comuns e coordenados ao nível da UE”, razão pela qual “é tão importante a questão da coordenação” no espaço comunitário.
“Qualquer medida que não fosse transparente, clara e, principalmente, que não fosse coordenada entre todos [na UE] era uma medida que só tinha um efeito, o de destruir a confiança dos consumidores”, vinca o responsável.
Segundo Luís Araújo, as duas tomadas de posição pela Comissão Europeia foram, ainda assim, “momentos importantes”.
Numa primeira fase, em junho passado, a instituição emitiu recomendações para a gradual retoma das viagens na UE, após o confinamento, tendo em vista o período de verão e querendo evitar discriminação com base na nacionalidade.
Já no início de setembro, o executivo comunitário adotou uma proposta para garantir que quaisquer medidas decididas pelos Estados-membros que restrinjam a livre circulação devido à covid-19 sejam coordenadas e comunicadas claramente ao nível da UE.
Enquanto novo presidente da European Travel Commission, Luís Araújo exige “a implementação o mais rápida possível destas recomendações pelo Conselho e pelos Estados-membros”.
Em concreto, o setor do turismo a nível europeu quer “quatro coisas”, de acordo com o responsável: que “sejam tomadas decisões sanitárias de acordo com determinados critérios comuns como o número de casos novos e a percentagem de testes”; a implementação do “famoso sistema de semáforos com regras claras”, consoante a gravidade da situação epidemiológica nas várias regiões; a adoção de “procedimentos comuns” para a imposição de quarentena ou de testes; e ainda a disponibilização de “informação transparente e atualizada”.
“Cada noite que passa é uma noite perdida para o turismo”, alerta Luís Araújo.
“Acreditamos que […] vamos conseguir retomar. Estamos muito confinantes nisto, até com foco na sustentabilidade do setor e por aí fora, mas temos de ter medidas e iniciativas muito rápidas”, conclui, na entrevista à Lusa.
O setor do turismo tem sido um dos mais afetados pelas restrições relacionadas com a pandemia, com perdas acentuadas, que pesam ainda mais em países mais dependentes desta área de negócio, como Portugal.
Durante o verão, e face a um aumento do número de infeções, o país chegou a estar na ‘lista vermelha’ de muitos outros Estados-membros da UE, obrigando quem viajasse de Portugal a fazer quarentena ou teste.
Luís Araújo é presidente do Turismo de Portugal desde 2016 e, esta semana, passou também a assumir a presidência da European Travel Commission.
Criada em 1948, a European Travel Commission junta 33 organizações nacionais de turismo de 31 países europeus, tendo em vista promover a Europa como destino turístico, nomeadamente através da marca Visit Europe.