Turismo deve focar no endividamento e na procura, diz Secretário português

Da Redação
Com Lusa

SecretarioTurismoAdolfoNunesO secretário português do Turismo admite que os preços no setor são “um problema grave que não está resolvido”, mas lembra que os constrangimentos resolvem-se “olhando para a procura e para o endividamento”.
Na entrega de prêmios Publituris, que aconteceu dia 12 na inauguração da BTL – Feira Internacional do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, disse que a questão dos preços baixos em Portugal – muitas vezes apontada por entidades do setor como a grande razão dos resultados recorde em 2013 – “é uma consequência, não é uma causa”.
O governante afirmou, perante uma plateia de empresários de todas as áreas do setor, que “a baixa de preços no turismo está a par da baixa de preços em muitos setores da economia” e “está em linha com a baixa de preços nos mercados receptores de turistas” com que Portugal se compara.
“Quando, no princípio deste ano, foram conhecidos os números do turismo de 2013 pareceu-me evidente que havia duas mensagens a passar: a primeira é que este ano tinha sido um ano de recordes e a segunda é que estes recordes eram da exclusiva responsabilidade do setor privado”, afirmou, antes excluir várias outras razões que costumam ser apontadas.
“O meu objetivo ao passar estas duas mensagens não foi nunca de aproveitar politicamente estes resultados. Aliás, disse vezes sem conta que estes resultados eram vossos [setor privado]. Fui muito injusto para com o Turismo de Portugal, que apaguei por completo destes resultados e que, aliás, muito contribuiu para eles. Mas foi uma injustiça deliberada, porque quis dar ao setor espaço para se afirmar como o principal setor da nossa economia, o mais dinâmico, o mais criativo, o primeiro a contribuiu para o fim da nossa recessão”, disse.
Mesquita Nunes exortou, por isso, os empresários a afirmarem o sucesso obtido. “Sei que há uma estranha tese, que é muito popular no setor, de que quanto melhores forem os resultados do turismo menores apoios e mais agravados serão os custos de contexto. De certa forma, há um apelo há discrição. Permitam-me que discorde, a afirmação de sucesso do setor será o primeiro passo para se conseguirem melhores condições de financiamento, melhores apoios, maior peso econômico e maior relevância política”, afirmou.
O secretário de Estado disse ainda que outros setores com um peso e desempenho inferior ao do turismo – do calçado ao vinho, da agricultura à energia, do têxtil à indústria alimentar – “tiveram um destaque público superior e são hoje apresentados e, mais do que isso, apoiados como setores essenciais para a recuperação econômica”.
Este ano, advertiu, o setor não pode desperdiçar, como considera que aconteceu “de certa forma” em 2013, “o objetivo da afirmação do turismo”.
Contudo, garante saber que “o setor enfrenta problemas”, discordando, no entanto, de alguns que foram identificados: “Não é verdade que o número recorde de hóspedes e de dormidas no alojamento classificado tenha sido resultado do aumento das camas. Nos últimos cinco anos a taxa de crescimento anual média de dormidas superou a das camas oferecidas. O ano passado, as dormidas cresceram quase cinco vezes mais do que as camas”.
Também “não é verdade que este aumento se tenha ficado a dever a turistas ‘low cost'”, pois “houve um aumento dos gastos por hóspede (…) e mais expressivo nas categorias da gama mais alta”, nem “à custa de uma baixa de preços”, pois “o aumento do Revpar [receita por quarto disponível] nacional foi superior ao aumento da taxa de ocupação. Os preços subiram”, enumerou.
Assim, Mesquita Nunes sublinha que o crescimento registrado “se ficou a dever à qualidade” do destino Portugal, produtos e serviços. “Quem desvaloriza o aumento da procura que tivemos este ano, e que foi substancial, desconhece que é a procura que permite a subida de preços que o setor tanto anseia”, reforçou.

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