Da Redação
Com Lusa
O turismo em massa está a afetar o Porto e Santiago de Compostela (Galiza/Espanha) e é preciso evitar os erros cometidos em Alfama (Lisboa), segundo o alerta do secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Mão.
As cidade de Santiago de Compostela, “devido ao Ano Santo de 2021”, e do Porto, pela “acumulação de turistas no mesmo espaço de tempo” e que se está a converter “num parque temático”, correm o risco de lhes acontecer o que está a suceder em Alfama. Alfama já não é um bairro de Lisboa, pode ser perfeitamente de qualquer parte do mundo”, avisou Xoán Mao.
À margem da apresentação pública em Matosinhos do estudo “Impacto do Turismo na Morfologia Urbana dos Municípios do Eixo Atlântico”, o secretário-geral da entidade que congrega municípios do Norte de Portugal e da Galiza, denunciou que os estudantes universitários de Santiago de Compostela estão com um “problema gravíssimo” de alojamento em 2021, por causa do Ano Santo, que os está a impedir de conseguir contrato de arrendamento até ao final do ano letivo.
“Estamos a verificar que no próximo ano 2021 há arrendatários que estão a alugar os seus alojamentos só até maio — devido ao Ano Santo — o que vai ser um problema gravíssimo para os estudantes”, porque as aulas só terminam no final de junho.
A “ditadura dos números” sobre quantos turistas chegam aos aeroportos do Norte de Portugal e Galiza ou a perda da “alma” dos 35 municípios do Eixo Atlântico são outras situações a combater para evitar o caso do turismo de massas verificado em Alfama, acrescentou Xoán Mao.
“Está a discutir-se qual o número de passageiros que cada aeroporto está a receber, em vez de os coordenar entre as regiões, como foi sugerido pelo Eixo Atlântico”, criticou Xoán Mao, referindo que as câmaras “não podem ficar na ditadura dos números”.
Segundo Xoán Mão, está a financiar-se na Galiza voos para sítios que “não interessam, só para dizer que têm mais passageiros”.
“Mas, não há voos para sítios que interessam, não há voos para fazer as ligações para chegar a todo o mundo e isso é uma prova de como se está a fazer a ditadura da estatística, para vender números de sucesso de gestão, que não têm qualidade, nem cumprem os objetivos”, declarou.
O secretário-geral do Eixo Atlântico pediu uma reflexão na “qualidade do turismo” e que se adapte o “turismo à capacidade de cada cidade”.
Tem se se “garantir que os lucros do turismo ficam no território”, têm de se manter as “lojas com produtos locais e tradicionais” e o turismo deve ser “cooperativo”, ou seja, os turistas que visitam o Porto possam ir a Vila do Conde, à serra, Minho, Viana do Castelo, Braga, Galiza e vice-versa, argumentou.
Os problemas relacionados com o turismo de massa ainda não estão ao nível de Veneza ou Barcelona, mas quer a Galiza quer o Norte de Portugal “começam a ter alguns elementos que podem apontar problemas”, sendo necessário “ter algum cuidado”, acrescentou.
No estudo apresentado sobre o “Impacto do Turismo na Morfologia Urbana dos Municípios do Eixo Atlântico”, são indicadas cinco recomendações, sendo a primeira a de “Construir uma autêntica política municipal de habitação e turismo”.
“Controle de atividade” (de todas as instalações de uso turístico oferecidas), “Ordenamento urbanístico da atividade”, “Medidas compensatórias para coletivos afetados” e “Melhoria do conhecimento do setor e intercâmbio de experiências entre os associados do Eixo Atlântico” são as outras recomendações do estudo.