Tufão: Governo de Macau ajuda famílias com 31,5 mil euros por cada vítima

Da Redação
Com Lusa

O Governo de Macau vai disponibilizar 1.350 milhões de patacas (142 milhões de euros) para o apoio às vítimas do tufão Hato, incluindo 300 mil patacas (31,5 mil euros) aos familiares de cada vítima mortal.

As medidas de apoio às vítimas da tempestade de quarta-feira foram anunciadas numa conferência em que estiveram presentes o chefe do Executivo, três dos cinco secretários que compõem o Governo de Macau (dois estão ausentes do território), além de representantes da polícia, Fundação Macau, serviços municipais, proteção civil, serviços marítimos, entre outros.

Os apoios atribuídos pela Fundação Macau vão estar divididos em três frentes. Além das 300 mil patacas por vítima mortal — até agora foram contabilizados oito mortos –, vai ser disponibilizado um “subsídio de assistência médica de valor não superior a 30 mil patacas (cerca de três mil euros) aos residentes de Macau que ficaram feridos por causa da passagem” do Hato, o pior tufão a atingir Macau em 50 anos.

Para receberem este montante, os feridos terão de ter sido assistidos pela primeira vez no Centro Hospitalar Conde de São Januário, no Hospital Kiang Wu ou no Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia, no dia do tufão ou no seguinte.

Não ficou claro se os trabalhadores não residentes, que perfazem mais de um quarto da população, são abrangidos por este subsídio, já que este tipo de apoios é habitualmente apenas destinado aos portadores de Bilhete de Identidade do Residente.

O mesmo valor, um máximo de 30 mil patacas, será atribuído às famílias que “sofreram estragos nas suas residências provocados pela intrusão de água do mar causada pela passagem do tufão, ou com janelas partidas ou vidros quebrados”.

Duas mil patacas (210 euros) serão disponibilizadas às famílias “afetadas pelo corte do abastecimento de eletricidade e água”, sendo este subsídio “acertado” com as empresas de abastecimento de eletricidade e água, esclareceu a Fundação Macau.

A passagem do tufão provocou cortes no abastecimento de eletricidade e água, que não foi ainda totalmente restabelecido.

O presidente substituto da Fundação Macau, Au Weng, informou ainda dos trabalhos da instituição na recolha de água para distribuir aos residentes mais necessitados, já que 40% da população se encontra ainda sem água em casa e nas lojas verifica-se uma verdadeira corrida à água engarrafada.

“Uma vez que o abastecimento de água não voltou à normalidade, a Fundação Macau já recolheu 100 mil garrafas de água para distribuir aos mais necessitados”, disse.

Nesta conferência, o Governo voltou a falar da linha de crédito, sem juros, criada para as pequenas e médias empresas (PME) afetadas pelo tufão Hato até ao montante máximo de 600 mil patacas (cerca de 63 mil euros), e anunciou um pacote de “Medidas de abono” paras as PME “responderem às situações emergentes”, com um limite máximo de 30 mil patacas.

Apesar de o Governo estar já a avançar com planos de apoio financeiro, ainda desconhece a dimensão dos prejuízos. “Não tivemos ainda tempo para contabilizar prejuízos econômicos. Quando tivermos vamos anunciar sem falta”, afirmou o chefe do Executivo, Chui Sai On.

Danos materiais

A passagem do tufão causou já 432 incidentes, entre quedas de cimento e objetos suspensos, e resultou em danos em instalações como escolas, bibliotecas e espaços culturais.

Na conferência o coordenador do Centro de Proteção Civil (COPC), Leong Iok Sam, deu conta dos números mais atualizados relativos aos incidentes causados pelo tufão mais forte a atingir Macau em 50 anos, incluindo “quedas de cimento, de revestimento exterior das paredes, objetos suspensos, quedas de reclames, toldos, placas metálicas, varas de ferro e janelas”.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, informou que “algumas instalações recreativas, como bibliotecas, foram muito afetadas”, destacando os casos das bibliotecas do Mercado Vermelho, Patane (inaugurada em dezembro de 2016) e Coloane, atingidas “por inundações e cheias”.

“Alguns livros foram destruídos, danificados, podemos dizer que em quase metade das instalações recreativas é necessário fazer reparações”, afirmou. Tam destacou também os danos verificados no teto do Centro Cultural de Macau, a cerca de um mês do início do Festival Internacional de Música.

O secretário disse ainda que a diretora dos Serviços de Educação e Juventude o informou que “algumas escolas foram afetadas pela inundação”. Também a Escola Portuguesa de Macau foi atingida pela tragédia.

O governante falou ainda sobre outras duas áreas sob a sua tutela: a saúde e os serviços sociais. Sobre a primeira, agradeceu ao pessoal médico que estava de férias e “voluntariamente” regressou ao trabalho para assistir nos hospitais.

Alexis Tam pediu “paciência aos cidadãos”, em particular no que toca ao abastecimento de água, quando cerca de 40% da população se encontra com as torneiras a seco.

“Até agora não temos água em todo o território de Macau. O Instituto de Ação Social (IAS) tem lançado medidas, por exemplo, comprar garrafas de água nos supermercados para oferecer às pessoas com necessidades”, disse, incentivando ainda os trabalhadores que têm água nos seus serviços a fazerem o mesmo, em particular para com “os idosos solitários e pessoas com deficiência”. O IAS, disse, tem “água suficiente para sobreviver por o período de uma semana”.

Na conferência esteve também o diretor do Gabinete para o Desenvolvimento do Setor Energético, que pediu desculpas à população “porque o terminal de eletricidade foi afetado pelas inundações e não foi totalmente reparado”. Segundo um comunicado posterior da Companhia de Eletricidade de Macau (CEM), até à 00:00 (17:00 em Lisboa) 20 mil clientes estavam ainda sem energia.

Questionado sobre a existência de desalojados, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, indicou que o centro de abrigo de tufão recebeu cerca de 50 pedidos de alojamento na quarta-feira, mas a maioria já abandonou as instalações e “poucas terão de ficar mais uma noite”.

Por seu lado, a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, anunciou a adoção de medidas provisórias nos serviços públicos, como a aceitação de atrasos à chegada ao trabalho.

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