“Tudo será apurado” diz ministro no caso de brasileira morta durante perseguição policial em Lisboa

Mundo Lusíada
Com agencias

O ministro português da Administração Interna assegurou que “tudo será apurado” em relação a morte de uma brasileira atingida por disparos efetuados pela PSP, durante uma perseguição policial em Lisboa, em 15 de novembro.
“Aquilo que é fundamental é que haja uma resposta a uma situação decorrente de um número significativo de assaltos a ATM. A circunstância infeliz ontem, verificada no quadro de uma perseguição, está neste momento a ser investigada pela Inspeção Geral da Administração Interna [IGAI], pelas autoridades judiciárias, pelo Ministério Público, no quadro das suas competências próprias, e tudo será apurado”, disse Eduardo Cabrita.
A mulher, Ivanice Costa, morreu depois da viatura em que seguia ter sido confundida com uma outra envolvida num assalto a uma caixa multibanco em Almada. Os assaltantes saíram em fuga, levando as autoridades a iniciar uma perseguição, que atravessou a Ponte 25 de Abril e chegou à Rotunda do Relógio, junto ao aeroporto de Lisboa.
Em comunicado divulgado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) refere que, por volta das 03:35 do mesmo dia, na zona da Encarnação, Lisboa, foi detetada por elementos policiais “uma viatura que aparentava corresponder às características da viatura suspeita, cujo condutor desobedeceu à ordem de paragem”.
“Esta viatura, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos e, em ato contínuo, os polícias foram obrigados a recorrer a armas de fogo. Mais à frente, a viatura voltou a desobedecer à ordem de paragem por outra equipe de polícias, tendo sido interceptada pouco tempo depois”, relata o comunicado.
“Determinei de imediato a intervenção da IGAI e respeitaremos e teremos em atenção as conclusões, mas sabendo que é fundamental a mobilização de todas as forças de segurança, coordenadas numa resposta a fenômenos que têm atingido uma dimensão que exige uma resposta coordenada”, acrescentou o ministro.
Eduardo Cabrita referiu ainda que o governo está a “reforçar os mecanismos de coordenação entre todas as forças e serviços de segurança relativamente à situação de incidentes em ATM”

Mãe culpa Estado português
A mãe de Ivanice Costa, que era de Amaporã, região Noroeste do Paraná, concedeu uma entrevista à Globo. Segundo a mesma fonte, o motorista, que era companheiro da vítima, foi detido por condução sem habilitação, desobediência ao sinal de parada e por condução perigosa. Os assaltantes não foram detidos.
Visivelmente emocionada, Maria Luzia conta que foi a irmã quem lhe explicou como a filha morreu. “A minha irmã disse que ela estava a ir trabalhar de madrugada e que o carro do companheiro era parecido com o que estava envolvido no assalto. A polícia mandou parar o carro, como ele não tinha carta não parou e a polícia disparou e matou a minha filha”, disse a Maria Luzia Silva Carvalho da Costa.
Maria Luzia acusa os agentes da PSP. “O que eles fizeram foi homicídio porque estão sete polícias envolvidos”, afirmou. E atribui ainda culpas ao Estado português, ao mesmo tempo que pede ajuda com o processo de trasladação do corpo da filha.
“Queria que eles mandassem [o corpo] da minha filha já que a culpa é deles, do Governo. Não temos condições porque deve ser muito caro. Queria a minha filha aqui”, pediu Maria Luzia.
Seis dos sete agentes envolvidos no tiroteio, da madrugada desta quarta-feira, foram constituídos arguidos. Nesta altura decorrem duas investigações ao caso, uma a cargo do IGAI e a outra a cargo da secção de Homicídios da PJ de Lisboa.

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