Da Redação
Com Lusa
Um ex-trabalhador dos estaleiros navais, um ‘designer’ e uma empresária criaram uma associação para preservar o patrimônio ambiental e construído de Areosa, em Viana do Castelo, nomeadamente os mais de 65 moinhos de vento espalhados pela freguesia.
“Areosa deverá ser das freguesias do país com maior número de moinhos de vento. Um trabalho acadêmico com cerca de duas décadas identificou 65, situados junto aos ribeiros de Pêgo e do Fincão, mas estamos em crer que poderão existir mais, muito votados ao abandono”, afirmou o presidente da ADAPA, Jorge Passos.
Constituída em 2016, a Associação de Defesa do Ambiente e Patrimônio de Areosa (ADAPA) começa agora a dar os “primeiros passos”, ultrapassadas as “dificuldades iniciais no recrutamento de voluntários interessados em ajudar a proteger os recursos naturais e patrimoniais” da zona urbana de Viana do Castelo.
“Foi difícil a formação da associação por falta de jovens interessados em participar, mas agora estamos em condições de começar a trabalhar na recuperação do no patrimônio natural e construído para o mostrar, primeiro ao areosenses e depois ao mundo”, destacou o ‘designer’ Jorge Passos que partilha a direção da ADAPA com Hugo Costa, ex-trabalhador dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e atual quadro da empresa WestSea e Carla Salé, empresária.
Os três propõem-se “gerir e proteger os recursos naturais e patrimoniais de Areosa, em conjunto com a Câmara local, associações lúdicas, recreativas e outros grupos e entidades fora da localidade”.
“O patrimônio natural e cultural é um dos principais ativos de Areosa que pode ser rentabilizado, do ponto de vista do turismo ambiental”, sustentou Jorge Passos, apontando como exemplo, a criação de percursos pedestres ao longo do ribeiro do Pêgo.
“A procura destes percursos tem-se acentuado nos últimos tempos, por parte de empresas ligadas ao turismo ambiental, ao pedestrianismo e à observação de fauna e flora autóctones”, especificou, destacando o “grande apoio da Junta de Freguesia de Areosa”.
Os planos da ADAPA para os próximos cinco incluem o “levantamento rigoroso dos moinhos existentes no ribeiro do Pêgo desde a foz até à nascente, da fauna e flora, a limpeza e restauro das levadas, a construção de um pequeno espelho de água junto à ponte do Cascudo, para beneficiar o percurso, pela costa, do Caminho Português de Santiago, na Galiza”.
Recuperar a profissão de guarda-rios é uma das apostas da ADAPA para “garantir a limpeza e manutenção dos cursos de água existentes na freguesia”.
“Atualmente esses trabalhos são feitos pontualmente. Pretendemos que seja uma operação sistemática, ao longo do ano, que poderá ser assegurada por guarda-rios, ajudando a criar postos de trabalho”, explicou.
A limpeza e valorização contínua dos poços existentes no ribeiro de Pêgo (poço dos Anjos, da Arrinca, do Cascudo e poço Negro), que no verão “atraem muitos turistas”, estão entre as ações previstas pela ADAPA que pretende ainda “reconstruir e requalificar o que resta do ribeiro do Fincão, quase todo encanado”.
“Em fevereiro ou março teremos o plano de atividades concluído e vamos pedir uma reunião à Câmara Municipal para apresentarmos as nossas ideias”, afirmou Jorge Passos.