Três homens são presos após morte brutal de refugiado no Rio de Janeiro

Prefeitura do Rio suspendeu alvará de quiosques da Barra da Tijuca onde congolês foi assassinado. Divulgação

Mundo Lusíada

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) obteve na madrugada desta quarta-feira (02/02) a prisão temporária dos três homens flagrados por câmeras de segurança responsáveis pela morte do jovem migrante congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, brutalmente assassinado no último dia 24 de janeiro, em um quiosque da Praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O crime chocou os brasileiros, e chamou atenção de agencias internacionais, como a Organização das Nações Unidas, que acompanha o caso e pediu esclarecimento do crime brutal. “Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e a Organização Internacional para Migrações, OIM, receberam com consternação a notícia da morte do refugiado congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, que foi espancado de forma brutal na Barra da Tijuca, bairro na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro”.

“As imagens comprovam toda a ação delituosa em seu mais alto grau de crueldade, perversidade e desprezo pela vida – o bem jurídico mais importante de todo ordenamento”, diz o pedido de prisão assinado pela promotora de Justiça Bianca Chagas no plantão judiciário noturno. Acolhendo o pedido do Ministério Público, as prisões foram decretadas pela juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz.

Fábio Pirineus da Silva, o Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; e Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta, foram detidos na terça-feira. Imagens de câmera de segurança do quiosque mostram os três espancando, com socos, chutes e golpes com pedaços de madeira o congolês na noite do dia 24 de janeiro.

A Coordenadoria-Geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana (CGPDPH/MPRJ) e as Coordenadorias de Promoção dos Direitos das Vítimas (CPDV/MPRJ) e de Direitos Humanos e Minorias (CDHM/MPRJ) estão em contato com a família de Moïse para dar apoio e informações sobre o andamento das investigações que são acompanhadas pela 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro.

Segundo Acnur, OIM e Cáritas, Moïse chegou ao Brasil ao lado dos irmãos e toda a família foi reconhecida como refugiada pelo governo brasileiro, eles deixaram a África em 2014 fugindo da guerra e da fome. A equipe da ONG Cáritas acompanhou diretamente sua integração e seu crescimento.

Ele trabalhava em diárias num dos quiosques na praia, vendendo petiscos. Segundo informou o G1, a família do imigrante relatou que ele foi cobrar pagamentos em atraso, e acabou sendo espancado pelos homens, que agora em prisão preventiva, devem responder por homicídio duplamente qualificado.

Em nota, o Itamaraty lamentou o ocorrido e declarou que a apuração dos fatos cabe a Justiça do Rio. “O Itamaraty expressa sua indignação com o brutal assassinato e espera que o culpado ou culpados sejam levados à Justiça no menor prazo possível” traz ainda a nota do governo brasileiro.

Segundo a Prefeitura do Rio, dois quiosques na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, tiveram licenças de funcionamento suspensas, por causa da morte do congolês, os quiosques 62 A e 62 B (Tropicalia Bar e Lanchonete LTDA). Na terça-feira, o prefeito Eduardo Paes recebeu em seu gabinete a família de Moïse, para prestar solidariedade à mãe do rapaz, Ivone Lotsove, aos irmãos dele, Djojo e Kevin Lay, e a outros parentes e amigos.

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