Treinador formado na base da Portuguesa fala da temporada e do time para 2021

Time de Fernando Marchiori estréia dia 1º de março contra a Portuguesa Santista

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

Fernando Marchiori Lavagnoli, o treinador da Portuguesa de São Paulo para a temporada deste ano trabalha para ajustar a equipe que deve disputar os Campeonatos, Paulista da Série A2 e Brasileiro da Série D, além da Copa Paulista.

A Portuguesa tenta pescar no mercado algumas possibilidades e assim vai reforçando sua equipe, como no último dia 10 quando anunciou mais um reforço, o zagueiro Gilberto Alemão que chegou para compor a equipe do Fernando Marchiori.

Ao Mundo Lusíada o treinador falou da temporada, do elenco e das perspectivas para 2021.

Mundo Lusíada: A Portuguesa vem superando muitas dificuldades para se recolocar numa vitrine mais atrativa no cenário esportivo, como você está vendo esse esforço do clube que conta com seu trabalho técnico para ajudar a Portuguesa a se recolocar num cenário melhor?
– Como você disse, estamos superando as dificuldades e que não são fáceis. A Portuguesa tem uma camisa pesada, uma história gigante, mas vive um momento de reconstrução em que a realidade não condiz com suas tradições, só que é com ela que trabalhamos. Pés no chão, seriedade e comprometimento.
Hoje o Clube não promete mais do que pode e isso é positivo. Há alguns anos a Portuguesa era reconhecida como quem não pagava, e isso mudou completamente. Hoje se paga em dia, o prometido é cumprido, pode não ser tão alto quanto a história exige, mas é dentro da nossa realidade. É dessa forma que as coisas caminham, com paciência é que se faz essa reconstrução.

Você chegou ao clube em fevereiro de 2020, com apenas um mês na nova casa seu trabalho foi interrompido pela pandemia, como poderia analisar o ano atípico que passou? As atividades realizadas?
-Foi um ano duro para o mundo como um todo. A parada veio em um momento em que a equipe começava a responder ao nosso trabalho, tanto que encontrei o time na zona de rebaixamento e paramos dentro do G8. O tempo parado em casa serviu para reconstrução, fizemos contratações pontuais para reforçar o elenco. Aliás, vale destacar o esforço da nossa diretoria e do nosso Presidente Antonio Carlos Castanheira que manteve todo o grupo recebendo salário durante esse período inativo e ainda assim conseguiu reforçar o elenco.
Quando retornamos, foi com um novo protocolo, uma série de cuidados e muita preocupação. Na Copa Paulista tivemos, entre atletas, comissão e funcionários, mais de 20 casos de COVID, o último fui eu. Felizmente todos se recuperaram bem, sem sequelas.
Só que foi, e tem sido, uma preocupação muito grande. Temos exigido o máximo de higienização, fizemos parcerias para manter nosso CT e o Canindé desinfectado o tempo todo. Não é fácil, mas é uma luta que não podemos parar.

Neste mês de fevereiro, completando um ano de clube, o que você espera para a temporada? O que a Lusa deverá disputar?
-Vamos disputar três campeonatos, sendo os mais importantes o Campeonato Paulista e o Brasileiro. Sabemos que há uma expectativa muito grande de que tenhamos dois acessos, é o desejo da nossa torcida e do nosso Presidente. Porém, nosso foco é o dia a dia, jogo a jogo. Estamos pensando na estreia contra a Santista, em primeiro de março e é esse o foco do nosso grupo.

Em termos de estrutura, o clube tem, além do Canindé, um CT que faz muita diferença no preparo da equipe, como você enxerga esta condição de trabalho? Seria aí um dos motivos para “cobrar” muita dedicação dos seus atletas?
-Nosso Canindé está realmente muito lindo, o trabalho que o seu Artur [Cabreira, Vice Presidente Patrimonial] e o Índio [jardineiro] fazem por lá é muito especial. O gramado é dos melhores da Série A2, isso ajuda muito em nosso estilo de jogo, de posse de bola e transição.
O CT está em constante evolução, existe muita coisa ainda para melhorar e há um projeto do nosso Presidente para isso. Todavia, o que ele nos oferece hoje atende nossa realidade e permite que nosso dia a dia seja proveitoso, tanto técnica, quando taticamente.
Esses fatores ajudam muito o jogador entender o Clube que está. No Estado de São Paulo e pelo Brasil, não são muitos clubes que têm um estádio e um CT como a gente e isso impressiona quem chega. Demonstra a grandeza dessa camisa e desse Clube. Porém, o perfil de atleta que buscamos e contratamos, é exatamente para que eu não precise cobrar dedicação; são jogadores experientes, vitoriosos e que têm sede de vencer. E quem gosta de vencer, sente um gosto especial em vencer com a camisa da Portuguesa.

Os clubes de São Paulo, em seu modo de ver, sabem utilizar bem suas bases? Como está o trabalho da Lusa neste setor? E o que poderiam fazer para garantir o futuro do clube e das promessas da base?
-Quando da minha chegada e do Flávio [Alves, gerente de Futebol Integrado], o Presidente nos disse que queria uma integração entre profissional e base e nos colocou como responsáveis por isso. É sabido que a base da Portuguesa passou por uma terceirização, então havia muito trabalho para fazer, observação e captação de atletas. Só que, com a pandemia, a Federação não realizou competições para Sub17 ou Sub15, apenas Sub20, então acabou que não conseguimos ainda mexer na base.
O projeto está pronto no papel, mas com a pandemia fica difícil colocar em prática. Como se vai fazer peneiras com segurança? Como observar garotos em comunidades ou outras cidades sem se expor ao vírus? Então infelizmente estamos parados, por enquanto. Mas, acredito muito na unidade do trabalho, ter a base e o profissional trabalhando juntos.

Mesmo estando numa série “D” seu clube sempre teve apoio dos torcedores rubros verdes, mesmo estando na pior fase da história do clube, a torcida nunca abandonou seu time, como você vê essa relação? É diferente? Isso acaba lhe servindo como incentivo?

Eu sou formado na base da Portuguesa, foi aqui que comecei minha vida no futebol, então eu senti na pele o quanto essa torcida nos abraça, apoia e cobra. Eu vejo nossa torcida como uma força enorme de incentivo, capaz de nos ajudar nas horas mais difíceis. Eu me lembro que estávamos enfrentando o Atibaia, no Paulista do ano passado, e perdíamos por 2×0. Foi a torcida quem nos deu força para virar, para buscar um 3×2 e alcançar um resultado marcante na minha trajetória aqui. Nossa torcida é capaz de nos empurrar de uma forma que nem ela imagina, quando joga junto, quando abraça o time e quando nos incentiva. Isso faz muita diferença nas competições que vamos jogar esse ano, onde certamente temos a maior e mais apaixonada torcida.

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