Mundo Lusíada
Com Lusa
Xanana Gusmão demitiu-se do cargo de primeiro-ministro de Timor-Leste, em 05 de fevereiro, numa carta endereçada ao Presidente da República, Taur Matan Ruak, a que a agência Lusa teve acesso.
“Venho apresentar a vossa excelência o meu pedido de demissão, assegurando-lhe que irei continuar a estar disponível para servir os melhores interesses do Estado e da Nação e pela intransigente defesa e consolidação da independência e soberania nacional, contribuindo na promoção da unidade nacional e sentido de responsabilidade por parte dos cidadãos”, escreveu Xanana Gusmão.
O primeiro-ministro timorense havia informado os membros do seu executivo, em 28 de janeiro, que iria deixar a chefia do Governo.
O secretário-geral da Fretilin confirmou que Xanana Gusmão convidou Rui Araújo para ser o novo primeiro-ministro de Timor-Leste. “O presidente do CNRT convidou Rui Araújo. Foi convidado para o cargo de primeiro-ministro”, disse Mari Alkatiri depois de acompanhar o presidente do seu partido Fretilin, Lu’Olo, num encontro com o Presidente timorense Ruak.
Questionado pela Lusa o secretário-geral da Fretilin disse ainda que preferia que Xanana Gusmão, apesar de sair do cargo de primeiro-ministro, continuasse a fazer parte do Governo timorense pelo menos durante este ano, para garantir a transição. “Eu penso que por algum tempo mais é bom que esteja dentro do Governo para acompanhar essa transição. Não diria até 2017. Mas talvez o 2015 todo para acompanhar o processo. Sou da opinião de que deve estar ainda dentro”, afirmou.
Na terça-feira Taur Matan Ruak recebeu uma delegação conjunta dos três partidos da coligação pós-eleitoral que em Timor-Leste apoia o Governo liderado por Xanana Gusmão. Essa coligação é formada pelo Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT), pelo Partido Democrático (PD) e pela Frente Mudança (FM).
Nos últimos dias a imprensa timorense tem dado conta de alegados diferendos no seio dos partidos da coligação sobre o apoio ou não à nomeação de Rui Araújo como primeiro-ministro. Questionado sobre este assunto Mari Alktiri disse que isso era uma questão “interna” da coligação. “Mas a Constituição é clara: diz que o partido mais votado é que indica o primeiro-ministro. Se querem encontrar uma concertação interna no bloco isto é problema deles”, afirmou.
O encontro previsto para esta quinta-feira entre o chefe de Estado e o primeiro-ministro timorenses, Taur Matan Ruak e Xanana Gusmão, foi adiado para sexta-feira.
As liderança dos três partidos que apoiam o Governo continuam em negociações com o primeiro-ministro. Fontes do CNRT e do PD confirmaram à Lusa que muitos na coligação “não veem favoravelmente” a proposta de Xanana Gusmão de que o seu sucessor no cargo seja Rui Araújo, membro do Comité Central da Fretilin e ex-ministro da Saúde.