Da Redação com Lusa
José Ramos-Horta venceu a primeira volta das eleições presidenciais de sábado em Timor-Leste, com 301.481 votos (46,58%), o que obriga à realização de uma segunda volta em 19 de abril, segundo dados finais provisórios.
Dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) – que vão ser agora confirmados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) – mostram que o atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo, foi segundo, com 143.408 votos (22,16%).
Em terceiro ficou a atual vice-primeira-ministra, Armanda Berta dos Santos, com 56.289 votos (8,7%).
O ex-comandante das forças armadas Lere Anan Timur foi o quarto mais votado com 48.959 votos (7,57%), à frente do deputado Mariano Sabino, do Partido Democrático (PD), com 47.008 votos (7,26%).
Os restantes 11 candidatos, nas mais concorridas eleições de sempre, somam entre si 7,73% dos votos, segundo este escrutínio provisório.
A taxa de abstenção nas eleições de sábado foi de 22,74%, mais baixa que os 28,84% registados nas presidenciais de 2017.
Apoio
José Ramos-Horta disse hoje estar muito “feliz e animado” com o “fator humano” que viveu na campanha, traduzido num apoio de quase 47% dos votos.
“Estou muito, muito animado e feliz porque concorrendo com 15 outros candidatos, fiquei em primeiro lugar com quase 47%, pouco mais do dobro do segundo mais votado”, afirmou José Ramos-Horta à Lusa.
“E além da política, dos compromissos da política, há sempre o fator humano. Foi mais uma grande lição de humildade ao receber tanto apoio, tanto carinho, tanto sacrifício de muitos timorenses de todas as idades e classes sociais que se mobilizaram para apoiar esta candidatura”, afirmou.
Ramos-Horta falou à Lusa com a contagem praticamente concluída e a confirmação de que vai ser necessária uma segunda volta, que o colocará frente a frente com Francisco Guterres Lú-Olo, uma repetição do que ocorreu nas eleições de 2007.
“Vamos à segunda ronda, tal como aconteceu em 2007. E eu nessa segunda volta consegui quase 80% dos votos”, recordou.
O ex-Presidente e Prémio Nobel da Paz escusou-se a avançar já com que apoios adicionais contará na segunda volta, além do de Xanana Gusmão e do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), que o apoiou na primeira.
“Eu não quero reivindicar ou reclamar apoios eu próprio. Estou em contacto com várias personalidades que concorreram para esta eleição. Não vou divulgar nomes, nem adiantar nada. Mas como é obvio, pessoalmente estou a fazer estes contatos em vista à segunda volta”, disse.
Questionado sobre os fatores que contribuíram para a sua vitória, Ramos-Horta disse que ao longo da campanha, e nos dois anos anteriores, sentiu que o eleitorado “quer Xanana Gusmão de volta na chefia do Governo” e a ele na Presidência.
Um apoio, considerou, que traduz a vontade de “dinamizar a economia, restaurar a posição de Timor-Leste no plano internacional, ser mais relevante no plano regional e internacional”.
Ao mesmo tempo, considerou, os resultados traduzem uma “rejeição da atual liderança da Fretilin”.
Sobre a segunda volta, Ramos-Horta disse que vai manter “o civismo” que diz ter caraterizado a primeira, sem “um único ato de violência perpetrado por elementos da sua campanha”, apesar, sustenta, da “muita violência verbal da campanha da Fretilin”.
“Não vou mudar de tom, vou continuar a reiterar que a minha campanha não tem inimigos, tem uma visão, um programa como Presidente para o país que é de apaziguar a sociedade e mobilizar recursos nacionais e internacionais para melhorar a vida das pessoas, dinamizar a economia”, disse.
“Tenho um grande leque de contatos no mundo, incluindo no mundo de investimentos e negócios, sobretudo aqui na região, e quero mobilizar esses apoios para Timor-Leste”, acrescentou, reforçando igualmente a agenda de adesão de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).