Da Redação
Com Lusa
O papel de Portugal em Timor-Leste ainda não se esgotou, mas é urgente que os portugueses definam qual a nova relação que querem manter com o povo timorense, antes que seja “tarde de mais”, alerta o eurodeputado Rui Tavares.
O eurodeputado português defende que Portugal pode continuar a ter um “papel importante” em Timor, mas que precisa redefini-lo para poder ajudar a jovem nação a “dar certo no novo rumo” que está a tomar após a sua independência.
Em declarações à Lusa desde Baucau, onde juntamente com a eurodeputada Ana Gomes dinamiza os ‘Encontros de Baucau’, evento que até 07 de agosto mobilizou os jovens timorenses para atividades cívicas e culturais, Tavares salienta que o novo papel em Timor deve ser encontrado “quanto antes” e que este é “tão importante quanto os anteriores”.
“Tivemos sempre uma relação muito próxima com Timor, de muita solidariedade e até de sofrimento (…) Na altura sabíamos muito bem qual era o nosso papel: de auxilio à resistência, de solidariedade, de divulgação internacional da causa timorense. Sabíamos o que queríamos fazer e fizemo-lo”, lembra.
Tavares afirma, contudo, que a seguir à independência timorense as coisas tornaram-se “mais complicadas”. Timor é “ainda um país muito jovem e talvez as pessoas estivessem a contar que o desenvolvimento e progresso se dessem de forma automática, o que não é o caso”, acrescenta, uma situação que “veio agravar-se com o revês” que foram a crise política e de segurança em 2006, sustenta.
“Os timorenses têm noção de que foi um passo em falso, o momento mais baixo do período pós-independência, e que criou uma imagem que prejudicou a leitura de Timor vista do exterior”, levando também a que os portugueses “perdessem um pouco o contato com o país”, explica.
A ideia que os portugueses têm do país “está ainda muito marcada por esses acontecimentos. Mas o Timor de 2011 – sem querer a estar a embarcar em grandes euforias – é um país muito estável e seguro”, garante. É uma nação com “muito potencial”, ao qual “devemos continuar a dar o nosso apoio” e com quem, acima de tudo, “devemos continuar a manter uma ligação estável, que não se deixe levar por grandes euforias, nem por grandes frustrações”, advoga.
“Não podemos achar que o nosso papel já foi, porque continua a ser importante. Se não, aqui ao lado, estão dois colossos, a Indonésia e a Austrália”, alerta Tavares, para quem Portugal tem de agir e definir qual a relação que quer manter com Timor.
Os ‘Encontros de Baucau’ afiguram-se por isso, segundo o eurodeputado, como um evento importante para “trabalhar a reintrodução do português de forma inteligente em Timor”, e como um contributo para a “dinamização do desenvolvimento, da paz, e promoção dos direitos humanos e boa governação”.
A “descentralização” é, segundo Tavares, outra valência deste evento, destacando que Baucau tem um “potencial cultural e turístico enorme”. “Vemos a cultura como uma forma de promover a inserção internacional de Timor, e promover um tipo de turismo responsável e de qualidade, que seja respeitador do contexto timorense e que distribua os recursos pela população”, acrescenta.