Timor-Leste fecha debates da ONU pedindo igualdade nas vacinas e ação pelo clima

Da Redação

Timor-Leste foi o último país a discursar na 76ª Assembleia Geral nesta segunda-feira. A mensagem do chefe de Estado timorense foi apresentada pelo embaixador Karlito Nunes.

Fechando os debates, o representante permanente timorense junto às Nações Unidas iniciou seu discurso lembrando das dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19 nos últimos meses.

De acordo Nunes, o país vacinou cerca de 30% de sua população adulta graças à ajuda de parceiros internacionais.

Embora a imunização esteja avançando em Timor-Leste, Nunes lembrou que outros países de baixo rendimento imunizaram apenas 1% da população.

Por esse motivo, o diplomata reforçou que a comunidade internacional deve agir para diminuir essa diferença, já que “sem acesso igual às vacinas, muitos países não serão capazes de proteger as pessoas do vírus”.

“O meu país continua a apoiar a vacina como um bem público global, que precisa de ser acessível para todos, incluindo países em desenvolvimento e de baixo rendimento e países em situação especial. Sem acesso igual às vacinas, muitos países, incluindo Timor-Leste, não serão capazes de proteger as pessoas do vírus”.

Lusofonia
O chefe da delegação que participou no evento disse que ainda este ano o português deve ser um dos idiomas oficiais das Nações Unidas.

Lembrando que o país faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, argumentou que o idioma “ajudou a fomentar uma educação de qualidade, expandir conhecimentos e fortalecer a ligação entre os nossos povos e os nossos cidadãos”.

“A cultura e a língua que adotamos como uma das nossas línguas oficiais. Acreditamos que a língua portuguesa que é falada por cerca de 280 milhões de pessoas em todo o mundo; em 2021, poderia também ser considerada como uma das línguas oficiais da ONU.”

Atualmente as línguas oficiais da organização são seis: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo.

Conflitos
Karlito Nunes destacou ainda a preocupação timorense com clima de tensão em Mianmar e no Afeganistão.

O discurso realçou as mortes, o agravamento dos direitos humanos, a destruição de acampamentos e a obstrução do acesso a serviços básicos nesses países.

As autoridades de Díli querem que todas as partes envolvidas “resolvam as divergências através do diálogo e a reconciliação, a fim de alcançar uma solução pacífica e duradoura”.

No caso birmanês, destacou apoio da organização regional.

“Na situação específica de Myanmar, Timor-Leste congratula-se com o mecanismo regional para enfrentar os desafios de segurança e socioeconômicos e aprecia o consenso de cinco pontos adotado pela Asean na sua última reunião de líderes No caso do Afeganistão, Timor-Leste gostaria de apelar ao respeito escrupuloso dos direitos das mulheres. Apelar ainda ao respeito dos direitos dos afegãos e dos estrangeiros que desejam deixar o país.”

Timor-Leste expressou apoio à estratégia Nossa Agenda Comum lançada neste mês de setembro pelo secretário-geral António Guterres. A meta do plano global é dar resposta aos desafios atuais e futuros do mundo.

O país contribuiu com US$ 50 mil em apoio a esses esforços.

Encerrando o discurso, Nunes afirmou que o país passou por uma “amarga experiência de violação dos direitos humanos” para restaurar a independência.

Por isso, ele afirma que o país quer contribuir com o assunto e é candidato ao Conselho de Diretos Humanos para o período de 2024 até 2026.

Moçambique

Antes, a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana discursou na 76ª sessão , Verónica Macamo falou sobre esperança em superar pandemia e enfatizou primeira candidatura a membro não-permanente do Conselho de Segurança.

O combate ao coronavírus em Moçambique foi um dos temas centrais do discurso do país, em Nova Iorque.

Durante a intervenção, a ministra afirmou que Moçambique tomou várias medidas para combater a pandemia, incluindo “aumento da capacidade de testagem, campanhas sobre prevenção dentro das comunidades” e restrições.

Verónica Macamo ressaltou, entretanto, que o país tem dificuldades para ter acesso a mais vacinas contra a Covid-19 e lembrou do papel do setor privado e de parceiros internacionais na ampliação do acesso ao imunizante.

“As vacinas constituem, hoje, um bem essencial que está intrinsecamente ligado ao direito à vida, um direito que todos os nossos Estados deveriam defender. A escassez de recursos impõe que renovemos o nosso apelo à Comunidade Internacional para canalizar o seu apoio para, de forma conjunta, podermos combater a Covid – 19 com sucesso.”

Verónica Macamo afirmou que o “impacto da pandemia influenciou na desaceleração econômica de Moçambique para níveis negativos em 2020.”

O crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, do país este ano deve ser de apenas 1,3%, mas a chefe da diplomacia moçambicana prevê um crescimento mais sólido a partir de 2022.

Durante o discurso, a representante destacou os impactos do terrorismo para o continente africano.

“A África está entre os continentes mais afetados pelo terrorismo e pelo extremismo violento. No nosso país, atuam em alguns distritos da província de Cabo Delgado, no norte do país.O nível de destruição do tecido econômico e social, as atrocidades e massacres, a destruição de infraestruturas e pilhagem de bens das comunidades, semearam luto, dor e sofrimento profundos que gerou uma situação de emergência humanitária sem precedentes.”

A ministra garante que Moçambique tem dado uma resposta coordenada de combate ao terrorismo e afirmou que está a haver progressos. Agora, o governo foca em criar “condições básicas para a população de Cabo Delgado regressar as suas zonas de origem.”

Verónica Macamo falou ainda sobre impactos dos desastres naturais e da mudança climática para a África.

Na Assembleia Geral, a ministra também reafirmou o compromisso de Moçambique com a implementação de tratados contra o comércio de armas.

A chefe da diplomacia lembrou que o país será, pela primeira vez, candidato a membro não-permanente do Conselho de Segurança para o período 2023-2024.

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