Da Redação com Lusa
A apresentação de um teste negativo ao novo coronavírus à entrada vai passar a ser obrigatória nos recintos desportivos, de acordo com as medidas contra a pandemia de covid-19 anunciadas na quinta-feira e que entram hoje em vigor.
De acordo com as novas regras, ao abrigo do estado de calamidade decretado pelo Governo de Portugal, mesmo as pessoas vacinadas vão ter de apresentar um teste negativo para aceder a recintos desportivos.
Até aqui, os eventos desportivos não tinham limite de espetadores e só era necessária a apresentação do certificado de vacinação ou de teste negativo.
A obrigatoriedade de apresentar um teste negativo à covid-19, para além do certificado de vacinação, vai afastar as pessoas dos estádios e colocar dificuldades acrescidas na gestão das entradas, segundo uma representante dos adeptos.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA), Martha Gens, admitiu que, por um lado, é necessário “confiar” nas decisões de “quem trabalha em prol da saúde pública”, mas frisou que “a balança” está a ser “prejudicial para o desporto”.
“Ou afasta as pessoas dos estádios porque acham que já não chega estarem vacinadas, e relega até para segundo plano a vacinação, o que é errado. [Ou], por outro lado, quem vai, irá enfrentar dificuldades acrescidas no que diz respeito à organização e gestão das entradas”, apontou a presidente da APDA.
A representante dos adeptos lembrou, ainda, que “estamos à beira de um dérbi”, entre Benfica e Sporting, na sexta-feira, e as medidas para entrada nos estádios “vão ser completamente diferentes”, podendo mesmo ter implicações em termos de segurança.
“Espero que não tenha impacto nas questões de segurança, estas demoras que se vão verificar fora dos estádios. Temos algum receio de que possam não ser as medidas mais adequadas, ou que possam até ser um bocadinho contraproducentes”, lamentou Martha Gens.
Para a presidente da APDA, de resto, a dupla certificação requerida para ter acesso aos recintos desportivos “talvez seja um bocadinho em excesso” e o preço acrescido a pagar pelos adeptos, para além do bilhete para o jogo, nem sequer é “a pior das questões no meio disto tudo”.
“Sobretudo, é o Estado tecer uma medida que talvez possa trazer efeitos contraproducentes e afaste ainda mais as pessoas dos recintos desportivos, quando aquilo de que o desporto precisa é precisamente o inverso”, criticou.
Segundo a representante dos adeptos, as medidas continuam a pecar por excesso e a prejudicar os adeptos portugueses em comparação com os de outros países, até mesmo em território nacional.
Martha Gens recordou que “já havia países com 33% de capacidade há muito tempo” quando em Portugal se começou “a sonhar com isso” e que as medidas “impostas aos adeptos portugueses” são diferenciadas das colocadas pelo próprio Estado aos visitantes de outros países.
“Quando tivemos a final da ‘Champions League’ em Portugal… Não vamos falar em medidas covid, não é? Quando nós próprios não podíamos, à data, entrar num recinto desportivo para ver um jogo de futebol. E abriu-se a porta à final da ‘Champions League’. Estamos sempre a ser mais papistas do que o Papa no que diz respeito aos adeptos portugueses”, desabafou a líder da APDA.
Números
Portugal registou nas últimas 24 horas mais 4.670 casos confirmados de infecção e 17 mortes atribuídas à covid-19, bem como mais oito pessoas internadas, segundo a Direção-Geral da Saúde.
Ao dia de hoje estão internadas 841 pessoas com covid-19, mais oito do que na terça-feira, das quais 116 em unidades de cuidados intensivos, categoria que não registou alterações últimas 24 horas.
A maior parte dos novos casos foi diagnosticada na zona Norte (1.438), seguindo-se Lisboa e vale do Tejo (1.401) e zona Centro (1.231).