Por Vitório Rosário Cardoso
É quase indissociável desde o século XVI na Ásia marítima a questão de se ser católico e de se ser Português porque afirmando-se católico no Oriente era o mesmo que dizer ser-se Português.
Colombo, Negombo, Batticaloa, Tricomalee e Puttalam eram e são bastiões geográficos de grande concentração genética e espiritual portuguesa na categoria de portugueses e luso-descendentes, desde o século XVI, em igual valor com os luso-descendentes que existem por exemplo em França que não têm nacionalidade portuguesa e que Portugal e bem, tanto conta com eles, com a diferença de estes terem uma tez mais escura, de Portugal não mais contar com eles e em vez de francesismos, devido ao factor distância deixaram de falar a língua portuguesa tal como a conhecemos preservando o crioulo português e a Fé Católica que lhes formatam e reforçam a alma da portugalidade inexpugnável como os outrora fortes que guardavam as praças ultramarinas pela Ásia Marítima, sentimento esse que poderá faltar a muitos portugueses em Portugal que preferem ser espanhóis.
Esta pequena descrição da geografia humana no Sri Lanka serve justamente para explicar que os ataques perpetrados com motivação religiosa, segundo relatórios dos serviços de informações presentes na região, serviram para atingir cirúrgica e directamente toda uma comunidade luso-descendente, obviamente que católica, e socialmente durante séculos parte da elite e nata locais sobretudo depois da era holandesa, com o Império Britânico e replicado até Hong Kong.
As nossas gentes, com o nosso sangue, que rezam, pensam e falam no crioulo português, conhecidos uns por “Mestiços do Sri Lanka”, outros por “Cafrinhas”, juntamente com o nosso compatriota de Viseu ou metropolitano, mais de uma centena e meia perderam a vida neste hediondo ataque que poderemos estar certos que não acabará por aqui, e com isto Portugal deve deixar-se de tiques do orgulhosamente sós na Europa pois as nossas gentes, os nossos homens, estão pelo mundo repartidos. Sobretudo no hemisfério asiático, diferente da presença noutras paragens do mundo, os Portugueses ou os seus luso-descendentes fazem parte das elites locais, da nata da sociedade que muito poderão ainda hoje apoiar a ressurreição de Portugal.
Os Portugueses tornaram-se desde o século XV também Africanos, Asiáticos, Americanos e da Oceânia o que também faz da nossa cultura portuguesa ser universalista, tal como a cultura da cana de açúcar é portuguesa, a cultura da mandioca é portuguesa, o caril é português ou o arroz fazer parte da cultura portuguesa.
A Semana Santa no Oriente Português é não só um momento de grandes manifestações e de exaltação da Fé Católica, mas também de afirmação da portugalidade uma vez que é quase indissociável desde o século XVI na Ásia marítima a questão de se ser católico e de se ser Português porque afirmando-se católico no Oriente era o mesmo que dizer ser-se Português. No Domingo passado Nós fomos atacados no nosso império invisível que o governo não acompanha e que provavelmente a nossa sociedade já não se recorda. Aqui estamos prontos para o sacrifício.
Por Vitório Rosário Cardoso
Presidente da Secção do PPD/PSD em Macau e Hong Kong em artigo no Observador