Da Redação
Com Lusa
Os sabores açorianos encerraram na quinta-feira a segunda edição do festival gastronômico ‘Prove Portugal’ em Brasília, com um jantar a quatro mãos elaborado pelo ‘chef’ brasileiro André Castro e pelo português Miquel Laffan.
Depois de São Paulo e Rio de Janeiro, foi a vez de Brasília acolher o ‘Prove Portugal’, uma iniciativa do Turismo de Portugal que promove o intercâmbio gastronômico entre os dois países, e que ao longo de várias semanas apresentou sete nomes da gastronomia contemporânea portuguesa.
Miguel Laffan foi o ‘chef’ escolhido para se mostrar em Brasília e, com a missão de levar os sabores da região dos Açores até ao país sul-americano, apresentou três pratos. Como entrada, foi servida petinga em tempura, espuma de caldeirada e pimentos, seguindo-se o prato principal com bacalhau confitado, xerém de chouriças e couves portuguesas.
Para sobremesa, o ‘chef’ português que alcançou uma estrela Michelin no restaurante do hotel L’And Vineyards, em Montemor-o-Novo, elaborou o típico Pão de ló de Ovar, de uma forma não tão típica, desconstruindo-o com gelado de canela e raspas de laranja.
Quanto à experiência de partilhar a cozinha com o ‘chef’ brasileiro André Castro, no restaurante Authoral, Miguel Laffan teceu elogios, e, em declarações à Lusa, disse estar impressionado “com o avançado nível gastronómico” do Brasil.
“Fui muito bem recebido e fiquei super impressionado com a técnica, com a cozinha dele [André Castro]. Eu não conhecia o Brasil gastronómico assim tão avançado. Eu acho que o Brasil, nos próximos dez anos, vai dar cartas muito fortes”, frisou o português.
“Acho ótima esta iniciativa, especialmente no Brasil. Faz todo o sentido. Somos dois países irmãos que através da cozinha, cada vez mais, estamos a interligar experiências. Estamos a ficar cada vez mais próximos, com um mútuo respeito crescente”, concluiu Laffan.
O menu, elaborado a quatro mãos, contou ainda com três pratos brasileiros, inspirados nos sabores da região nordeste do país.
Camarão, molho de citrinos com jambu, gnocchi de banana da terra e farofinha de aviú compuseram a entrada apresentada pelo chef André Castro que, posteriormente, contrastou paladares ao apresentar uma costela assada, desossada e prensada, acompanhada de rôti de cerveja preta com rapadura, mil folhas de mandioquinha e paçoca de carne sol.
A refeição terminou com uma cocada de forno, servida com baba de moça, sorvete de abacaxi assado, gelatina de caipirinha e telha de castanha de caju, como sobremesa.
Em declarações à Lusa, André Castro descreveu o evento como “especial”, mas sublinhou que a pressão estava do lado do ‘chef’ português, por este ter de enfrentar os desafios de cozinhar num país que não é o seu.
“Hoje foi uma noite super especial, onde conseguimos fazer uma noite luso-brasileira, (…) e coube-me a mim ser o anfitrião. Na realidade, é sempre um desafio receber um ‘chef’ convidado, porque cada profissional tem a sua forma de trabalhar, mas acho que o desafio é maior para o profissional que chega”, analisou o brasileiro.
“Ele está fora do país dele, da cozinha dele, sem a sua equipa, e às vezes tem de se adaptar a alguns ingredientes que não são iguais em Portugal. Eu já cozinhei fora do país e já senti na pele o que é isso”, afirmou André Castro.
Apesar do Prove Portugal ter terminado na quinta-feira, o menu criado pelo ‘chef’ português ficará disponível no restaurante que o recebeu, por uma semana.
O Turismo de Portugal pensa agora na edição do próximo ano, sempre com o intuito de mostrar a gastronomia portuguesa além da visão tradicional que os brasileiros têm dela.
“A experiência tem sido tão gratificante, tanto do lado brasileiro, como do português, que nós temos tido vários contactos a propor que ‘chefs’ brasileiros possam convidar ‘chefs’ portugueses para irem a Portugal. Eu acho que a gastronomia merece mais do que aquilo que muitas vezes é reconhecido no Brasil, como é o caso do bacalhau. Temos tantas outras coisas. E esse é o objetivo, mostrar a cozinha contemporânea portuguesa”, afirmou à Lusa o diretor do Turismo de Portugal no Brasil, Bernardo Barreiros Cardoso.