Temporariamente congeladas contas bancárias de subsidiária do acionista chinês da TAP

Humberto Pedrosa e David Neeleman, em conferência de imprensa, 2015. Foto JOSE SENA GOULAO/LUSA
ARQUIVO David Neeleman e Humberto Pedrosa em conferência de imprensa. Foto JOSE SENA GOULAO/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Uma subsidiária da HNA, acionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, divulgou dia 25 que algumas das suas contas bancárias foram temporariamente encerradas, num novo sinal de escassa liquidez do grupo chinês.

Num comunicado enviado à bolsa de Xangai, e citado pelo jornal Financial Times, a firma Tianjin Tianhai Investment, que detém a distribuidora de tecnologia norte-americana Ingram Micro, afirma que três das suas contas bancárias foram congeladas, em 12 de janeiro, após uma disputa com o Ningbo Commerce Bank.

As contas bancárias foram reativadas três dias depois e após “negociações amigáveis”, lê-se na mesma nota.

A subsidiária do grupo HNA suspendeu hoje as negociações em bolsa, citando a possibilidade de uma reestruturação dos seus ativos, num outro comunicado.

Na segunda-feira, seis subsidiárias do grupo HNA suspenderam as negociações em diferentes praças financeiras da China.

Em comunicados separados, as empresas informaram que a empresa matriz, o grupo HNA, está a preparar “ações importantes”, nomeadamente a reestruturação dos ativos das respectivas empresas.

Uma das subsidiárias detalhou que estão a decorrer “várias discussões e negociações”, visando uma reestruturação “ampla e de grande escala”.

Em dezembro passado, o grupo HNA reuniu com representantes de oito grandes bancos na sede da empresa na ilha de Hainan, extremo sul da China.

No mesmo mês, o banco chinês Citic Bank revelou que a empresa estava a ter dificuldades em saldar as suas dívidas.

Em novembro passado, o diretor-executivo do grupo, Adam Tam, anunciou que a empresa se quer desfazer de parte dos seus ativos, depois de ter investido, nos últimos anos, 33 mil milhões de euros além-fronteiras.

O HNA é um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas para investimentos “irracionais” no estrangeiro, que podem acarretar riscos para o sistema financeiro chinês.

Em novembro passado, a agência de ‘rating’ Standard & Poor’s avisou o grupo de que “estruturas agressivas de financiamento” estão a danificar a sua solidez financeira. A agência colocou a dívida do HNA em nível “lixo”.

Segundo a S&P, o grupo somava na altura uma dívida de longo prazo de cerca de 49 mil milhões de euros – equivalente a uma dívida líquida de 6,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações.

A empresa detém indiretamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7% na Atlantic Gateway, e tem ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank.

Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou este ano o primeiro voo direto entre a China e Portugal.

O grupo tem também estado na mira de reguladores estrangeiros, face à dificuldade em entender quem são os seus acionistas, ocultados por detrás de múltiplas empresas fictícias, subsidiárias e afiliados.

Na semana passada, as autoridades norte-americanas afirmaram que não vão aprovar mais investimentos do HNA, até que o grupo forneça informação precisa sobre os seus acionistas.

Em dezembro passado, os reguladores da Nova Zelândia encarregues do investimento externo bloquearam a aquisição de uma sociedade financeira pelo HNA, apontando que a informação fornecida sobre a estrutura acionista do grupo “era insuficiente”.

Em julho passado, os reguladores suíços disseram também que o grupo forneceu informação “incompleta ou falsa” sobre a sua estrutura acionista, aquando da aquisição da Gategroup, líder no catering para o sector da aviação.

A HNA foi fundada em 1993 e tem sede em Haikou, capital de Hainan.

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