Da Redação
Com Lusa
O presidente do Comitê Olímpico de Portugal defendeu, em 09 de agosto, uma “mudança de paradigma” do desporto português, sob o risco do país conseguir resultados “residuais” nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.
“É necessário mudar de paradigma. É indispensável mudar de paradigma, sob pena de, daqui a quatro anos, Portugal ser um país residual nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro”, afirmou Vicente Moura, em Weymouth.
O presidente do COP referiu que a responsabilidade pela definição da política desportiva do país “é do Governo” e terá de ser ele a decidir “o que quer fazer em termos desportivos do país”.
“Podemos restringir a prática desportiva, podemos restringir modalidades, mas temos de tomar opções, porque, se não tomarmos essas opções, caminharemos para a desgraça de termos uma participação irrelevante no Rio de Janeiro. E isso não pode acontecer porque a opinião pública portuguesa não aceita”, acrescentou.
Vicente Moura notou que “o desporto representa os melhores índices do país” e elogiou resultados como o alcançado por Luciana Diniz, no salto de obstáculos, e em especial a medalha de prata conseguida na canoagem por Emanuel Silva e Fernando Pimenta: “Uma medalha importante para o país, mas também para a canoagem”.
O responsável do COP também garantiu que o comitê olímpico “fez tudo o que estava ao seu alcance” na preparação da equipe para Londres2012, “tal como o atual Governo e o anterior, para mais numa situação em que o país está com dificuldades econômicas”.
“Fez-se um grande sacrifício, mas isso chega? Se chega, estaremos satisfeitos até ao Rio. Eu acho que não chega”, frisou, dizendo ainda: “O Governo, o Comitê Olímpico, as federações todas, temos de nos sentar, temos de falar, encontrar novos caminhos e pôr a população portuguesa a fazer desporto”.
Apesar do discurso, Vicente Moura não quis falar da sua recandidatura à presidência do COP, que apenas abordará já em Lisboa, mas assumiu a “experiência acumulada em 11 Jogos Olímpicos”, sublinhando: “O importante é termos um rumo sobre o que queremos dentro de 10 anos”.
“Se queremos 10 ou 11 medalhas, rápidas, então temos de mudar de caminho. Há muitos atletas africanos que querem vir para a Europa e as medalhas aparecem”, disse, dando ainda o exemplo da delegação espanhola: “30% dos atletas da Espanha não nasceram no território, são estrangeiros”.
O responsável do COP defendeu, ao invés, que em Portugal se coloquem “os filhos, os netos, os jovens a praticar desporto” e disse que as medalhas “aparecerão naturalmente, fruto do trabalho que for feito ao longo de uma década”.
Em jeito de balanço à forma como correram as coisas em Londres, Vicente Moura não escondeu a desilusão com o resultado de Telma Monteiro no judo, reiterando que “se o judo tivesse tido melhores resultados, não se teria instalado este clima no país” em relação aos Jogos.
“Não fui surpreendido pelos resultados. A dada altura disse que esta era a equipa mais bem preparada de sempre. Alguém entendeu que isso queria dizer medalhas e não quer dizer medalhas. Temos a obrigação de preparar os atletas que temos da melhor maneira possível”, disse.
Moura preferiu realçar o “bom trabalho realizado por algumas modalidades”, “com um nível qualitativo elevado”, como foi o caso do tênis de mesa, do tiro, enquanto outras, como a natação, mostraram “o seu nível atual”
“Nunca falhamos com valores financeiros às federações, aos atletas e aos técnicos. Quando houve o colapso da federação de vela, foi o comitê olímpico que preencheu esse colapso. A vela está aqui em todas as classes porque eu próprio assumi os pagamentos e todos os problemas administrativos. Ainda agora tenho problemas administrativos para resolver”, assumiu.
A forma como a comitiva portuguesa se comportou em Londres2012 não passou em claro: “Aqui não houve nenhum tipo de problema. Tenho de agradecer a toda a gente, ao chefe de missão e a todos os elementos da comitiva. Houve problemas, mas foram problemas menores”.