Temos de “dar as mãos e seguir lado a lado” – Primeiro-Ministro

Da Redação com Lusa

Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro defendeu perante o Presidente português que em momentos difíceis como o atual o seu dever, e das instituições em geral, é “dar as mãos e seguir juntos lado a lado”.

António Costa falava na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa, na tradicional cerimônia de apresentação de boas festas por parte do Governo ao Presidente da República.

Numa curta intervenção, de menos de cinco minutos, o primeiro-ministro considerou que Portugal vive “momentos muito exigentes” e tem “tempos duros pela frente” neste ano e em 2023, por fatores externos, assinalando a inflação elevada como não se via “há 30 anos”.

Dirigindo-se ao chefe de Estado, António Costa acrescentou: “Portanto, são tempos exigentes que, mais do que nunca, exigem aquilo que tem sido uma marca de relacionamento dos seus dois mandatos e da ação do Governo, que é a cooperação e a solidariedade institucional”.

“É, aliás, o exemplo que instituições devem transmitir nestes momentos de crise e de dificuldade ao conjunto da sociedade. Nestes momentos, o que temos de fazer todos é dar as mãos e seguir juntos lado a lado nos caminhos que temos pela frente”, defendeu.

“Foi assim que enfrentamos as crises anteriores, foi assim muito em particular que enfrentamos a crise do covid e é assim que temos de enfrentar esta realidade”, reforçou o primeiro-ministro.

Segundo António Costa, esta é das últimas crises aquela em que “fatores distantes” provocam “consequências de maior proximidade e de efeitos mais generalizados” em Portugal.

“Portanto, aquilo que está nas nossas mãos é procurar e mitigar, minorar, o que exige muita atenção à realidade, foco naquilo que são os problemas efetivos das pessoas, das famílias, das empresas”, sustentou.

“Não nos deixamos distrair por outros fenômenos”, afirmou.

O primeiro-ministro defendeu, por outro lado, que o Governo tem de responder às “necessidades do presente” sem comprometer a “confiança reativamente ao futuro”, o que deve ser “motivação permanente para todos”.

“Por isso, depois destes vários anos já de colaboração, acho que aquilo que todos temos de desejar, para além de um bom Natal, é o que próximo ano seja vivido no mesmo espírito de colaboração, de solidariedade institucional”, declarou.

António Costa assegurou ao Presidente da República que “poderá sempre contar não só com o primeiro-ministro, mas também com todas as senhoras ministras, todos os senhores ministros, visto que isto é um trabalho equipe” e desejou-lhe “muito bom Natal e um ótimo ano de 2023”.

Estabilidade

Já o Presidente Marcelo Rebelo considerou que os portugueses vão “provavelmente, baixinho, para a família, na ceia de Natal”, criticá-lo e ao Governo pelas dificuldades que enfrentam, mas estão a tentar adaptar-se e valorizam a estabilidade.

No Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa aconselhou quem exerce o poder a “não criar problemas adicionais aos problemas que já existem na vida do dia a dia”.

Segundo o chefe de Estado, “os portugueses percebem porquê a estabilidade é importante” em momentos como este e desejam que não se junte mais “fatores de instabilidade” aos que já existem.

“O português joga no seguro. E jogar no seguro significa o quê? Significa que provavelmente, baixinho, para a família, na ceia de Natal, vai dizer muito mal do Presidente e um pouco mal do Governo, por causa da falta de dinheiro, por causa disto, da saúde, está ali o senhor ministro da Saúde a sorrir, mas por causa disto, daquilo, daquele outro, vai dizer, mas depois o que é fato é que entretanto esteve a reajustar miraculosamente o seu modo de vida”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que os portugueses, “com as ajudas sociais também, mas mesmo sem ajudas sociais”, estão a ver como conseguem “aguentar esta situação da guerra” e os seus efeitos.

O Presidente da República sustentou que “isto é maturidade” e mostra “uma sabedoria de 900 anos”, que foi visível no modo como os portugueses enfrentaram a pandemia de covid-19 e responderam aos recentes alertas da proteção civil por causa de chuvas intensas.

“Nós sabemos muito, muito que os outros estão a descobrir, onde os outros estão a chegar, nós já conhecemos e sabemos”, afirmou.

O chefe de Estado defendeu que a estabilidade é “um fator positivo para Portugal” também em termos econômicos, que contribui para o turismo e para o investimento estrangeiro, e que os órgãos de soberania “têm a responsabilidade de cuidar disso” através da cooperação institucional.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “já lá vão muitos anos” de convívio com António Costa como primeiro-ministro: “Três legislaturas, estamos na terceira, e dois mandatos presidenciais, estamos no segundo e último”.

No fim do seu discurso, desejou “a todos, ao senhor primeiro-ministro, aos senhores ministros, a todos os portugueses o Natal possível e que o ano que vem seja melhor do que os últimos três anos”, marcados pela pandemia de covid-19 e depois pela guerra na Ucrânia.

“E que para o ano nos encontremos aqui sem máscara, vivos e de boa saúde, com este espírito, não direi otimista, que isso é monopólio do senhor primeiro-ministro, mas proativo – eu continuo sempre muito moderado nos otimismos – e podendo dizer que, com guerra a durar ou já sem guerra, os efeitos na vida dos portugueses são ligeiramente melhores ou melhores mesmo ou francamente melhores, depende das circunstâncias, do que são neste Natal”, completou.

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