Taxa de desemprego em Portugal subiu para 7% em junho

Foto PAULO NOVAIS / LUSA

Da Redação
Com Lusa

A taxa de desemprego subiu para os 7% em junho, mais 1,1 pontos percentuais do que no mês precedente e mais 0,4 pontos percentuais do que no mesmo mês de 2019, segundo dados provisórios divulgados neste dia 29.

A presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, teve uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e após disse que a chegada da taxa de desemprego aos 7% “assusta”, prevendo ainda cenários piores para o futuro.

“Assusta e assusta o que poderá ser o futuro. Nós sabemos que com o ‘lay-off’ que existe neste momento, as empresas têm que manter os trabalhadores por 60 dias. Será que depois dos 60 dias não vai haver mais desemprego?”, questionou a responsável da central sindical no Palácio de Belém.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a população empregada em junho (dados também provisórios) registrou variações de 0,1% relativamente ao mês anterior e de -3,6% por comparação com o mesmo mês de 2019.

“Será que não foi dado este apoio às empresas, e as empresas estiveram durante este tempo todo a trabalhar, com os trabalhadores, a ser subsidiadas pelo Estado para lhes pagar uma parte do seu vencimento, e será que isso não vai gerar desemprego? É contra isso que a UGT está”, vincou a sindicalista.

Acompanhada pelo presidente do Sindicato dos Bancários do Norte, Mário Mourão, Lucinda Dâmaso afirmou que a UGT defende que os apoios não “foram para criar desemprego, foram para manutenção de emprego”.

“Se não criar, pelo menos manter. Se o desemprego subir devido a esta circunstância, será muito mau e a UGT obviamente trabalhará no sentido de que estas questões não aconteçam”, disse Lucinda Dâmaso, considerando também “provável que a taxa de desemprego dispare”.

Sobre a reunião convocada por Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, a UGT, segundo a sua representante, abordou “o desemprego, a precariedade, as questões sociais”, bem como “a questão do ‘lay-off'”, incluindo “o que foi e o que deveria ter sido” feito relativamente a essa medida, que considerou “um mal menor”.

“Falamos também um pouco sobre o Orçamento para o ano de 2021, e também, acima de tudo, a questão dos fundos europeus”, disse Lucinda Dâmaso aos jornalistas presentes no Palácio de Belém.

Sobre a nova medida de ‘lay-off’, a presidente da UGT disse que a central sindical está a “analisar de uma forma muito pormenorizada o documento”, considerando que poderá “haver um conjunto de pessoas, trabalhadores e trabalhadoras, que poderão não ser abrangidos”.

“Até porque vai depender muito das entidades patronais”, prosseguiu, considerando que não é sabido “como é que se vai apurar a veracidade ou não” das quebras na faturação que as empresas “dizem ter”, já que esse é um critério para receber apoios no âmbito do novo regime de ‘lay-off’.

Lucinda Dâmaso disse ainda que o plano do gestor António Costa Silva “não tem uma vertente social muito ampla”, esperando que “o Governo, quer no Orçamento de 2021, quer nos orçamentos seguintes, nunca se esqueça que a parte social é fundamental”.

A representante da UGT disse ainda que a central sindical é “muito a favor” da Concertação Social, sede em que “em termos tripartidos, se podem traçar muitas questões para o país: Governo, representantes dos trabalhadores – no caso tem sido a UGT a única central sindical a assumir acordos – e também os patrões”.

Incógnita

O presidente do PSD considerou que a taxa de desemprego em Portugal continua a ser “uma incógnita”, e que os números conhecidos são apenas estatísticos, sendo a taxa efetiva muito difícil de estimar.

“A taxa de desemprego em Portugal é uma incógnita, porque aquilo que foi hoje divulgado, era bom que fosse assim, mas não é, é pior, afirmou Rui Rio aos jornalistas à margem de uma reunião com associações empresarias do Algarve, em Albufeira, no distrito de Faro.

Segundo Rui Rio, os números agora conhecidos sobre o desemprego em Portugal referem-se “ao desemprego registado e a pessoas que estão no desemprego, mas não refletem a realidade”.

“Nós temos imensas empresas e milhares de trabalhadores em ‘lay-off’, desses trabalhadores quantos é que vão regressar ao trabalho e quantos é vão sair para o desemprego”, questionou o presidente dos social-democratas.

Rui Rio questiona também o real significado do ‘lay-off’, considerando que o mesmo pode querer dizer “semidesemprego ou emprego nenhum”, ressalvando “que se não houvesse empresas em ‘lay-off’ e uma taxa de desemprego de 7%, não seria bom nem mau”.

“Infelizmente a taxa de desemprego é um número, uma estatística, e se formos à realidade, não sabemos efetivamente qual é a taxa de desemprego neste momento em Portugal, é muito difícil de estimar”, concluiu.

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