TAP vai encerrar operações de manutenção e engenharia no Brasil – CEO

Da Redação com Lusa

O Grupo TAP decidiu encerrar as operações de Manutenção e Engenharia Brasil (TAP ME), como parte do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia em dezembro, segundo disse a presidente executiva da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener.

“Depois de uma análise aprofundada e muitos estudos, a TAP decidiu fechar a Manutenção & Engenharia no Brasil e encerrar de forma gradual a operação no Brasil e hoje vamos discutir com os trabalhadores, claro, que são a principal prioridade, mas também discutir com os nossos clientes”, anunciou Ourmières-Widener em declarações à agência Lusa.

A Comissão Europeia informou em 21 de dezembro que aprovou o plano de reestruturação da TAP e a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros, mas impôs condições, incluindo a separação dos ativos não-essenciais, nomeadamente o negócio de manutenção no Brasil, e os de ‘catering’ (Cateringpor) e de ‘handling’ (Groundforce).

Segundo ela, encerrar o negócio de engenharia e manutenção no Brasil “não é uma decisão fácil”, porque envolve 500 trabalhadores, mas foi tomada após tentativas falhadas de venda.

“Não é uma decisão fácil, porque estamos a falar de pessoas, mas estamos a tentar fazer tudo para garantir que esta decisão e a sua implementação é feita respeitando os nossos trabalhadores, a experiência que eles têm em engenharia e toda a lealdade que têm para com a companhia”, afirmou Ourmières-Widener, em entrevista à agência Lusa.

A Manutenção & Engenharia Brasil (ex-VEM – Varig Engenharia e Manutenção), tem atualmente 500 trabalhadores, após várias reestruturações que incluíram despedimentos, estando no ativo, pouco menos de 400.

A ideia, explicou, é encerrar de forma gradual a operação, passado o “período de tempo suficiente, fechar a operação”, sendo que as discussões com os sindicatos no Brasil arrancam hoje.

“É uma decisão absolutamente consistente com o plano de reestruturação – temos sido muito diligentes no sentido de assegurar que assim é – nós tentámos vender, mas a indústria está a atravessar uma crise massiva”, disse a presidente executiva, adiantando que foram feitas algumas tentativas de venda do negócio de manutenção no Brasil, no ano passado, “mas não foram bem-sucedidas”.

“Chegamos à solução que temos em cima da mesa hoje, depois de considerar todas as outras opções antes”, garantiu, acrescentando que apesar de difícil, é uma decisão “crítica” para o sucesso do plano de reestruturação.

Já no ano passado, o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, anunciou que a manutenção de aeronaves da transportadora já não seria feita no Brasil a partir do final de 2021.

No Porto

Ainda, segundo a CEO, a companhia aérea tem “um dever” para com o Porto, que consiste em conectar a cidade com destinos de longo curso no Brasil e nos Estados Unidos.

“Temos um dever para com o porto que queremos cumprir, conectar o Porto diretamente a destinos de longo curso e estamos agora a ligar a cidade ao Brasil e aos EUA”, defendeu Christine Ourmières-Widener.

A CEO recordou que a TAP publicou um comunicado no final do ano passado a explicar que está a aumentar a frequência entre Lisboa e Porto, a ‘ponte aérea’, passando de oito para dez voos por dia e está a aumentar também o número de voos diretos do Porto para o Brasil.

“Estamos a ser consistentes na tentativa de explicar o nosso papel no Porto”, disse, adiantando que os passageiros do norte do país “têm grandes ofertas que podem beneficiar de Lisboa, que não fica muito longe do Porto”.

Ourmières-Widener sublinhou que “é difícil encontrar outro país na Europa que tenha tido sucesso em ter a mesma oferta em duas cidades diferentes, separadas por uma hora de voo ou até menos “.

Em relação aos efeitos da pandemia no negócio da empresa, Ourmières-Widener disse que é difícil saber neste momento qual será o impacto.

“Acho que o principal impacto para nós é o impacto da Ómicron nos primeiros três meses no número de clientes que estão a viajar, porque não é só o impacto do facto de as pessoas estarem mais cautelosas, mas também porque algumas pessoas estão a testar positivo e não voam”, explicou.

“Se o impacto na receita for negativo durante vários meses, precisaremos de recuperar o atraso no final do ano”, concluiu.

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