TAP: Relatórios “desmentem” prejuízos nos voos e Porto compara com contas no Brasil

Mundo Lusíada
Com agencias

TAP-AirPortugal_logoOs relatórios de contas dos últimos oito anos da Portugália revelam que a companhia “não apenas é lucrativa como a sua operação e procura são sustentáveis”, divulgou a Câmara do Porto. O portal porto.pt salienta que os dados agora conhecidos contrariam a ideia de que os voos descontinuados no Porto eram deficitários, “ao contrário da operação da TAP, centrada no “hub” em Lisboa, que em 2016 deu 46 milhões de euros de prejuízo”.

“Muito graves são os resultados das empresas brasileiras do Grupo, criadas pelo ainda presidente da comissão executiva da empresa. Só a TAP – Manutenção e Engenharia do Brasil perdeu mais de 22 milhões de euros em 2014, que elevaram os prejuízos do grupo para 85 milhões de euros nesse ano”, sublinha. A autarquia afirma que as empresas de manutenção da TAP no Brasil somam “centenas de milhões de euros de prejuízos, consecutivamente desde a sua criação”.

O porto.pt refere que tentou consultar o relatório e contas desta empresa brasileira, detida pela TAP, agora 50% pública, depois da reversão operada pelo atual Governo, mas “o site da empresa de manutenção estava em manutenção”. “Apesar dos enormes prejuízos no Brasil, que contribuíram para um endividamento público superior a mil milhões de euros, a TAP nunca abandonou o negócio naquele país”, sublinha.

No seu portal, a autarquia recorda que a TAP alegou prejuízos de oito milhões de euros nos quatro voos operados pela Portugália para justificar o seu cancelamento, mas “aumentou a operação em Lisboa, onde os prejuízos sobem, tal como no Brasil”.

Segundo os relatórios dos últimos oito anos, a que o porto.pt teve acesso, “a PGA dá normalmente lucro, que em 2013 foi superior a cinco milhões de euros e em 2012 tinha sido de mais de 10 milhões”.

A autarquia portuense sublinha que “em nenhum momento, o extenso relatório refere prejuízos ou perdas em voos no Porto ou sequer na operação que, não fossem as greves ou os problemas oriundos da TAP, teria apresentado em 2014 lucros superiores aos de 2013, continuando a senda dos bons resultados que foi apresentando. No acumulado dos últimos três anos, a Portugália, que opera cada vez no Porto, ofereceu 14 milhões de euros de lucro ao Grupo TAP”.

A autarquia acusou a TAP de fazer desaparecer a Portugália, que custou ao Estado 140 milhões de euros, entregando os seus voos à privada White, “sem capital público envolvido e sem avaliação da Autoridade da Concorrência”.

“Enquanto isso, o Porto perde 70% dos seus voos TAP e o número de lugares disponíveis em rotas como Madrid ou Genebra baixa radicalmente, além de Roma, Milão, Bruxelas, Barcelona e Londres verem frequências reduzias a zero ou parcialmente”, escreveu a autarquia na sua página na Internet.

A TAP cancelou rotas com partida do Porto, explicando que apesar das “boas taxas de ocupação os custos da operação dessas rotas não permitem, atualmente, a rentabilidade da sua operação”. Segundo a TAP, as quatro rotas em questão significam um prejuízo 8,020 milhões de euros.

No entanto, a companhia aérea realçou que, “no conjunto da operação da TAP no aeroporto do Porto durante o próximo período IATA (final de março a final de outubro) a TAP terá um total de 13.563 voos contra 13.321 do ano anterior”, sublinhando que a ponte aérea entre Porto e Lisboa “será servida por 18 frequências diárias”.

Nesta semana, a companhia Ryanair anunciou, em conferência de imprensa, voos adicionais a partir do Porto para Barcelona, Milão e Bruxelas, rotas que foram suspensas pela TAP, e Madrid, bem como uma nova ligação para Varsóvia (Polónia) a partir de outubro.

Prejuízo Nacional
A Associação Peço a Palavra defendeu a possibilidade de o Governo reverter a decisão da TAP de suspender algumas rotas com partida do Porto, lembrando que podem ser classificadas como rotas de interesse estratégico.

“A associação considera que há rotas que podem ser definidas como estratégicas e temos de aguardar que o Governo decida se alguma das rotas suspensas do Porto é considerada estratégica e se o Governo vai ter uma palavra quanto a isso”, afirmou António Pedro Vasconcelos da associação, no final de um encontro com o ministro do Planejamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

Na opinião do responsável, a definição do interesse estratégico “pretende garantir” aos portugueses que a TAP “é um instrumento, uma empresa, ao seu serviço” e que “isso tem de ter uma tradução”, nomeadamente nas rotas.

Também as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto alertaram o Governo para a necessidade de não permitir a redução da oferta dos transportes aéreos, nomeadamente da TAP, no sentido de evitar prejuízos para “o desenvolvimento econômico regional e nacional”.

“A questão TAP não é uma questão regional, é uma questão nacional, porque é uma questão que tem a ver com o desenvolvimento econômico e a internacionalização das empresas portuguesas e os transportes são um instrumento essencial do desenvolvimento económico”, frisou o presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Basílio Horta (PS).

O também presidente do município de Sintra considerou que o fim de ligações prejudica as empresas de setores produtivos, como o calçado, e a economia do país. “Cortar carreiras […] afeta o país todo, não afeta só o Norte e muito menos só o Porto”, vincou o presidente do órgão deliberativo da Área Metropolitana de Lisboa, sublinhando que “hoje é o Porto e depois amanhã pode ser Lisboa”.

O presidente da Turismo do Porto e Norte disse em 13 de fevereiro que a TAP deveria prestar “um serviço público e ter como obrigatoriedade de concessão a manutenção dos voos”, mas considerou que as autoridades regionais não devem “ameaçar, nem implorar”.

“A TAP deveria prestar um serviço público e ter como obrigatoriedade de concessão a manutenção dos voos, mas se não o quer fazer não temos de implorar nem ameaçar retaliações porque o nosso aeroporto e o nosso território há muito revelaram a outras companhias que são financeiramente apetecíveis”, afirmou.

Funchal
A TAP informou dia 17 que mantém a operação de um voo do Porto para o Funchal aos domingos para servir o regresso à Madeira dos clubes desportivos que participam em jogos e competições na região norte. O voo em causa, que a TAP assegura que irá manter, liga o Funchal ao Porto, aos domingos, com partida às 22:30.

Esta informação pública da TAP surge na sequência do comunicado emitido pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), no qual manifestou preocupação com as alterações de horário dos voos entre Porto e Funchal e pediu audiência ao presidente do Conselho de Administração da transportadora para esclarecer o assunto.

“Uma vez que há três equipes madeirenses a disputar a I Liga, as referidas alterações nos horários de voos poderão implicar consequências negativas para todos os clubes e para a competição”, refere o comunicado da LPFP.

Uma alteração de horários obrigaria as equipes da Madeira a pernoitarem no continente após os jogos e as formações do continente a passaram a noite no Funchal. Entre as 18 equipas que disputam a principal liga do futebol português incluem-se os emblemas madeirenses do Marítimo, Nacional e União da Madeira.

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