Da Redação com Lusa
Em Portugal, a Comissão Executiva da TAP informou nesta quinta-feira, em comunicado, que vai procurar manter a atual frota automóvel pelo período máximo de um ano, por compreender o “sentimento geral dos portugueses”, após polêmica sobre novos carros de luxo.
“A Comissão Executiva da TAP compreende o sentimento geral dos portugueses e, apesar da decisão que tomou quanto à frota automóvel ser a menos onerosa para a Companhia nas atuais condições de mercado, a TAP procurará manter a atual frota durante um período máximo de um ano, enquanto reavalia a política de mobilidade da empresa”, lê-se na nota enviada à comunicação social”.
A notícia avançada pela TVI/CNN Portugal e pelo portal Away, na quarta-feira, de que a TAP encomendou uma nova frota de automóveis BMW para a administração e diretores, substituindo os da Peugeot, causou grande polêmica, o que levou até o Presidente português a apontar à companhia aérea “um problema de bom-senso”, defendendo o exemplo de contenção em tempos difíceis.
A TAP defende que a renovação da frota automóvel permite uma poupança de 630 mil euros anuais, justificando que em causa estão 50 viaturas, para o qual foi feito um concurso ao mercado, tendo sido convidadas a participar seis entidades no mercado português.
Neste dia 07, o Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema) saudou “a atitude de bom senso” da TAP, por ter recuado na decisão. “A avançar, a aquisição destes novos veículos seria uma atitude incompreensível nos tempos que correm, em que são pedidos grandes esforços a todos trabalhadores da TAP”, considerou o sindicato.
O Sitema defendeu que “não teria sentido renovar uma frota com apenas quatro anos”, tendo também em conta que “os técnicos de manutenção têm de fazer as suas deslocações de trabalho dentro dos aeroportos com viaturas em mau estado, em alguns casos com mais de 30 anos, que deixam entrar água quando chove e com péssimas condições de segurança, essas sim com manifesta necessidade de renovação”.
Para o sindicato dos técnicos de manutenção, a situação prova que “a TAP tem uma estrutura muito pesada, mas não devido aos trabalhadores que diariamente dão tudo para manter a companhia a funcionar”, mesmo com cortes salariais, em alguns casos de 25%. “Este peso vem precisamente do topo da estrutura, que deve também dar o exemplo”, apontou o sindicato.
Trabalhadores
Também criticou a companhia o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil, que sugeriu à TAP a mesma lógica de “gastar-mais, para poupar”, com que a companhia se defendeu sobre a renovação da frota automóvel corporativa, para a reposição das condições laborais dos trabalhadores.
Num comunicado enviado aos associados, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) cita o provérbio “à mulher de César não lhe basta ser séria, tem que parecer séria” para criticar a opção da TAP.
“Seguindo o racional da justificação por parte de quem optou por adquirir viaturas nesta altura tão sensível, que tem como fundamento uma miraculosa poupança, sugerimos a mesma lógica de “gastar mais, para poupar” para a reposição de dignidade aos trabalhadores”, lê-se na mensagem do sindicato.
Na nota do dia 05, o SPAC sublinhava que “enquanto uns têm cortes brutais nos seus vencimentos, quando ainda há processos de despedimento em curso e quando se condiciona a qualidade de vida a outros, em simultâneo, renova-se o parque automóvel dos cargos de direção”, defendendo que “para a existência de paz social, é imperativa a presença de justiça social”.