“Talvez tenhamos de voltar ao estado de emergência” – polícia angolana

Da Redação
Com Lusa

A polícia angolana criticou o incumprimento das regras da situação de calamidade pública devido à pandemia de covid-19 e avisou que “talvez” seja necessário adotar medidas mais duras ou voltar ao estado de emergência.

O porta-voz da Polícia Nacional, Valdemar José, alertou para o aumento do número de casos do novo coronavírus em Angola, que anunciou hoje mais 15 infetados, totalizando agora 259, e apontou várias situações de desrespeito das regras que agravam os riscos de contágio.

O subcomissário, que falava numa conferência de imprensa em Luanda após o balanço diário da situação da pandemia em Angola, sublinhou que continua a haver desrespeito pelo “dever cívico” de recolhimento domiciliar, “uma falha” por parte de muitos cidadãos.

“Talvez tenhamos de voltar ao estado de emergência, talvez tenhamos necessidade de voltar a confinar ou que as autoridades tenham de tomar medidas mais severas”, avisou o subcomissário, que sublinhou que o incumprimento, que se pode traduzir num aumento dos contágios, não é da responsabilidade do Estado nem das autoridades sanitárias.

Valdemar José deu vários exemplos da violação das regras estabelecidas, detetadas pelas autoridades, como ginásios que abrem de forma clandestina, restaurantes que não respeitam as medidas de distanciamento, festas fora de casa com mais de 50 pessoas, vendedores ambulantes que vendem em dias e horas que não são permitidos, pessoas nas praias quando só vão abrir a partir de 15 de agosto ou igrejas que excedem os limites de lotação.

O porta-voz anunciou, por outro lado, que foi adiada a retoma das visitas a estabelecimentos prisionais em Luanda, que deveria acontecer a partir de segunda-feira, sem indicar nova data.

Angola assistiu a um acelerar de novos casos nas últimas duas semanas, com registo de 90 infeções, e anunciou na sexta-feira um número recorde de 32 novos infectados com o vírus que provoca a doença covid-19.

De sábado para domingo, foram registrados mais 15 casos, elevando o número total para 259, dos quais 31 sem vínculo epidemiológico estabelecido.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 494 mil mortos e infectou mais de 9,82 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Em África, há 9.250 mortos confirmados em quase 360 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de infeções e de mortos (2.001 casos e 32 mortos), seguida da Guiné-Bissau (1.614 casos e 21 mortos), Cabo Verde (1.027 casos e nove mortos), Moçambique (816 casos e cinco mortos), São Tomé e Príncipe (711 casos e 13 mortos) e Angola (259 infetados e 10 mortos).

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