Mundo Lusíada
Em 10 de dezembro, a Casa de Portugal de São Paulo comemorou 79 anos de fundação homenageando com a Comenda da Ordem do Mérito do Infante D. Henrique o jurista e escritor Ives Gandra da Silva Martins, e trouxe como atração a fadista Susana Travasos.
Ao Mundo Lusíada, a artista portuguesa declarou que recebeu o convite com muita honra já que nos seis anos em que vem ao Brasil nunca havia cantado no palco da Casa de Portugal. “Na comunidade portuguesa estava faltando essa oportunidade, e fiquei muito feliz, e também foi um desafio porque fiz um repertório especial”. Nesta noite a cantora trouxe algo mais dedicado a comunidade com diversos fados e temas brasileiros, como Rosa do Pixinguinha, com a guitarra portuguesa, numa “homenagem” à Casa de Portugal e aos “portugueses que vivem aqui”.
A artista tem trabalhado ao longo dos anos com um repertório entre a música brasileira e portuguesa, sem focar apenas nos fados. “Adoro o cancioneiro brasileiro, gosto bastante de mostrar ao público que nossas duas culturas são muito mais próximas do que se pode pensar, existe muito mais do que samba no Brasil e bossa nova. Eu tenho feito esse trabalho, essa costura entre os dois universos” diz Susana que gravou no ano passado o álbum “Tejo Tietê” fazendo referência a Lisboa e São Paulo.
“Eu não me fecho no fado, não que seja pejorativo, mas tenho outros interesses, e para mim o Brasil e a música do Brasil tem sido muito importante para minha carreira. Então é sempre essa junção entre o cancioneiro brasileiro e o de Portugal, e os fados claro tem um lugar muito especial” afirma Travassos.
Ela que já cantou com Chico Cesar, Zeca Baleiro, Toninho Horta, Zé Paulo Becker, já passou por Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, algumas vezes em circuito Sesc, e considera um dos maiores compositores do Brasil Elomar Figueira Mello, com um repertório semelhante ao Zeca Afonso, o “nosso grande compositor da Revolução dos Cravos” diz a cantora. “Já aconteceu de eu cantar esse repertório em Portugal, numa casa de fados, cantei Elomar, Villa Lobos e me disseram que aquilo era a verdadeira canção portuguesa. Eu faço essa brincadeira e as pessoas não sabem de onde é”.
Susana Travassos esteve acompanhada no palco por Ricardo Araújo na guitarra portuguesa, e Michael Ruzitschka no violão de sete cordas. Num dos momentos marcantes do show, a cantora recebeu integrantes do Grupo Folclórico da Casa de Portugal que, trajados no palco, cantaram junto com a fadista numa homenagem ao cante alentejano, recentemente classificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.