Da Redação
Com Lusa
O surto do novo coronavírus deverá levar ao cancelamento de reservas nos hotéis portugueses durante o Carnaval, afetando negativamente as expectativas de ocupação, estimou o presidente da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP).
“Certamente que vai haver cancelamento de reservas devido à situação do coronavírus, portanto, a nossa expectativa, que era equivalente à do ano passado, tem que ser agora menos boa”, disse Raul Martins aos jornalistas, num evento em Faro.
Segundo o presidente da AHP, a associação já recebeu uma recomendação da plataforma `online` de reservas `Booking` para que os hotéis não venham a cobrar as reservas em eventuais cancelamentos por parte de turistas asiáticos.
Apesar de ainda não ter conhecimento de cancelamentos, Raul Martins notou que a população turística chinesa em Portugal, “não sendo a mais importante, é considerável”, pelo que, acredita, “mais dia, menos dia, isso [cancelamentos] vai acontecer”.
O responsável falava à margem do 8.º Congresso da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), que decorre entre hoje e sábado na Universidade do Algarve e na Escola de Hotelaria e Turismo.
“O nosso receio é de facto que isso possa atingir o turismo e não sabemos quando é que deixará de atingir, porque não sabemos – neste momento, ainda ninguém sabe -, quando é que ela [a epidemia] pode ser controlada”, sublinhou.
Raul Martins considerou mesmo que o controlo que está a ser feito dos turistas oriundos de países asiáticos “tem sido insuficiente”, apesar de “já haver países como a Rússia, a Nova Zelândia ou o Iraque, que não aceitam viajantes dessas origens”.
O presidente da AHP defende que a saída de pessoas da China “tem que ser mais condicionada do que aquilo que está a acontecer agora” e que, “mais dia, menos dia”, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deve “impor isso à China”.
Já a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, referiu, à margem do congresso, que o impacto no turismo, nesta altura, “ainda é bastante reduzido” e que “tudo dependerá do tempo que demorará a resolver” o novo surto.
“Se conseguirmos, no contexto mundial, resolver a questão no próximo mês, o impacto será muitíssimo reduzido e provavelmente negligenciável”, afirmou, notando que o mercado asiático é “residual”, embora importante, devido ao seu grande crescimento.
A China já contabiliza mais de 500 mortos e cerca de 30 mil infectados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
A OMS declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.