Da Redação
O otimismo com a ‘Brazilian Storm’ nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 era grande, tendo em vista que os últimos dois campeões mundiais de surfe estavam em ação. Mas era preciso mostrar na água que o favoritismo atribuído a eles também era justificado. E Italo Ferreira mostrou porque está entre os melhores surfistas da atualidade.
Em uma final de alto nível contra o japonês Kanoa Igarashi, Italo conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil em Tóquio, por 15.14 x 6.60, a primeira do surfe, estreante no programa olímpico. Já Gabriel Medina chegou até a semifinal, mas acabou derrotado pelo australiano Owen Wright (11.97 x 11.77).
“Muito feliz. Foi um dia incrível, especial, trabalhei muito para isso e acreditei. É incrível (ser o primeiro campeão olímpico do surfe)”, disse feliz o primeiro campeão olímpico de surfe.
Nas quartas de final, Italo Ferreira pegou uma onda quase perfeita (9.73) logo no início da bateria e, com uma vantagem confortável, eliminou o japonês Hiroto Ohhara (16.30 x 11.90). O adversário da semifinal foi o australiano Owen Wright, e aí o equilíbrio foi a tônica da bateria. Tanto é que eles ficaram empatados com 11.00 pontos durante parte do tempo. No fim, vitória do brasileiro: 13.17 x 12.47.
Na decisão, contra o japonês Igarashi, Italo dominou desde o início, conseguindo boas notas, enquanto o adversário não encontrou boas ondas.
Já Gabriel Medina passou pelo francês Michel Bourez nas quartas-de-final em uma série que estava tranquila até os minutos finais, mas que terminou mais apertada (15.33 x 13.66). Na semifinal, contra Igarashi, Medina conseguiu surfar duas ótimas ondas na primeira metade: 8.43 e 8.33. Mas o japonês fez 9.33 a pouco mais de três minutos do fim e superou o brasileiro.
Inicialmente, a competição de surfe não estava prevista para ser finalizada nesta terça-feira, 27. Mas os organizadores acabaram antecipando a programação devido ao tufão Nepartak, que chegou a Tóquio e aos arredores da capital japonesa.
Natação
Fernando Scheffer conquistou a primeira medalha para a natação brasileira dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Nadando na raia 8, ele cumpriu os 200 m livre em 1min44s66 e assegurou a medalha de bronze, a 14a conquista do país na modalidade na história.
“O sentimento que me preenche agora é gratidão. Teve muita gente que esteve comigo todo esse tempo. Todos os treinadores, os preparadores, fisioterapeutas, médicos, amigos de treino, adversários, família, amigos. A galera ficou acordada até tarde para torcer. Hoje todo mundo nadou comigo, essa medalha é de todo mundo. Muita gente acreditou em mim, não tinha como eu não acreditar”, afirmou o atleta após a cerimônia de premiação, com a medalha no peito.
Os britânicos Tom Dean (ouro com 1min44s22) e Ducan Scott (prata, com 1min44s26) completaram o pódio.
Scheffer relembrou as dificuldades que passou por causa da pandemia. Ele ficou dois meses sem entrar na piscina por conta das restrições impostas para conter o coronavírus. Depois, passou a improvisar os treinos na piscina do condomínio. Ele também passou um período em um sítio com outros nadadores treinando em um açude.
Para manter a preparação física, comprou uma bike de spinning, alugou pesos e montou uma academia na garagem de casa. O nadador acredita que as dificuldades o ajudaram a ficar mais “cascudo” e chegar com ainda mais vontade em Tóquio.
“Nunca fui o mais rápido, o mais resistente, o mais versátil, mas sempre pensei em ser o mais esforçado. E levo essa mentalidade até hoje e isso é um diferencial importante para trabalhar todos os dias. Dá confiança para chegar aqui e saber que a gente pode fazer algo a mais. A atmosfera que a gente traz define muita coisa. Eu me preparei para vir pra cá e criar o melhor ambiente para mim, o mais descontraído, não jogar uma carga que não precisava. Não coloquei pressão que precisava fazer final, pegar uma medalha, só queria vir aqui e nadar o meu melhor, o que eu treinei pra fazer”, afirmou.
Homônimo de um dos mais laureados nadadores do Brasil, Scheffer conta que costuma ser associado a Fernando Scherer, bronze em Atlanta 1996 e Sydney 2000.
“O esporte é mais do que resultado, o mais importante é o legado que você deixa. Conquistas são importantes para mostrar que o caminho existe e que não é porque você é brasileiro que não é capaz de chegar ao pódio. Do mesmo jeito que o Scherer me inspirou, espero que o Scheffer possa inspirar, deixar um legado que mostra que há um caminho a ser seguido”, disse o nadador de Canoas (RS).
Scheffer volta à piscina na noite de terça, 27, no Japão (manhã no Brasil), para disputar a eliminatória do revezamento 4×200 m livre.
Outro brasileiro que caiu na água nesta terça, Leonardo de Deus conseguiu se classificar para a final dos 200 m borboleta. Ele ficou em segundo em sua bateria e na classificação geral com 1min54s97 e vai largar na raia 5. A decisão será na manhã de quarta do Japão, às 10h49 (22h49 de terça de Brasília).
O Brasil também conseguiu medalhas no judô e no skate no início destes jogos olímpicos.