Da Redação
Pia Sundhage esteve nas últimas três finais olímpicas: duas medalhas de ouro e uma de prata. Seu trabalho a transformou em uma referência mundial. Na tarde do dia 24, a CBF conclui a negociação e ela assume a partir de agora o desafio de comandar a Seleção Brasileira Feminina.
Bicampeã olímpica com os Estados Unidos, a treinadora de 59 anos estava à frente do desenvolvimento da base da Seleção Sueca e aceitou a proposta para escrever novos capítulos de sua vitoriosa história no País do Futebol. CBF e Pia firmaram um compromisso inicial de dois anos, com possibilidade de renovação por igual período.
“A escolha da Pia reflete a nova dimensão que vamos imprimir ao futebol feminino no Brasil. A partir da sua chegada, desenvolveremos um planejamento totalmente integrado entre a Seleção Principal e a base, equilibrando objetivos de curto prazo, como Tóquio 2020, com a renovação contínua dos nossos talentos. Pia reúne a experiência e o talento perfeitos para isso. É uma enorme alegria termos essa lenda do futebol feminino no nosso time. Na busca permanente por inovação e excelência, teremos pela primeira vez, uma treinadora estrangeira comandando a Seleção Brasileira Feminina” afirmou o presidente da CBF, Rogério Caboclo.
Mais sobre a treinadora
Nova técnica da Seleção Brasileira, a sueca começou sua trajetória na modalidade quando tinha apenas 17 anos. Em 1977, deu início à sua carreira como atacante no futebol sueco, e foi uma das expoentes do futebol feminino. Com a camisa da Suécia, disputou a primeira Copa do Mundo da FIFA, em 1991. Também jogou a Copa de 1995 e as Olimpíadas de Atlanta, em 1996. Nestas três competições, marcou cinco gols em 13 partidas.
Ao todo, foram 144 jogos e 71 gols pela Suécia. Foi campeã da primeira edição da Euro Feminina, em 1985, e ficou com o vice dois anos depois. Depois de disputar a primeira edição dos Jogos Olímpicos da história do futebol feminino, Pia encerrou a carreira como jogadora e começou sua trajetória como técnica.
Após trabalhos como assistente, Sundhage teve a primeira oportunidade como técnica no Boston Breakers, dos Estados Unidos. Mas foi no futebol de seleções que ela mais brilhou. Antes de assumir o time dos Estados Unidos, Pia trabalhou como assistente da China na Copa do Mundo de 2007. Foi justamente naquele Mundial, em função de uma derrota por 4 a 0 para a Seleção Brasileira na semifinal, que a sueca recebeu a chance de comandar as norte-americanas.
Com os EUA, foi bicampeã olímpica, em 2008 e 2012, e vice-campeã da Copa do Mundo, em 2011. No ano em que conquistou os Jogos Olímpicos de Londres 2012, Pia foi eleita como a melhor treinadora de futebol feminino pela FIFA.
Depois da seleção dos Estados Unidos, ela aceitou o desafio de comandar a Suécia. O primeiro objetivo era a Euro de 2013, disputada em casa. A campanha parou na semifinal. Pia comandou a Suécia na Copa do Mundo do Canadá, em 2015, e surpreendeu o mundo ao eliminar Estados Unidos e Brasil (nos pênaltis) nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Na ocasião, a Suécia ficou com a prata. A última competição de Pia Sundhage no comando da seleção sueca foi na Euro de 2017, quando as escandinavas ficaram nas quartas de final. Pia Sundhage deixou o comando da Suécia depois da Euro.
Na edição deste ano do evento Somos Futebol – Semana de Evolução do Futebol Brasileiro, na sede da CBF, Pia destacou a importância da paixão que o esporte desperta em meninas e meninos em todo o mundo. Ela falou sobre a motivação para superar as barreiras até conquistar um espaço relevante no futebol.
“Adultos e crianças querem jogar futebol. Não importa se é menina ou menino. Você tentará ser muito bom. Só pensa nisso, não importa o gênero. É a mesma coisa como técnica. Para fazer isso, ao olhar a história, você vê que precisa ter vontade, ter paixão e amar o jogo. Às vezes é injusto porque existem alguns obstáculos a mais para as mulheres dentro de um ambiente masculino como o futebol. Mas, se você tem força de vontade e paixão, juntando esses dois elementos, pode fazer a diferença.