Mundo Lusíada
Com Lusa
O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa considerou nesta quinta-feira ilegal a comissão transitória da Mesa da Assembleia Geral (MAG) nomeada pela direção do Sporting, bem como as reuniões magnas marcadas para 17 de junho e 21 de julho.
Na apreciação de uma providência cautelar interposta pelo presidente eleito da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, Jaime Marta Soares, e a cuja decisão a Lusa teve acesso, o tribunal considerou inexistente a comissão transitória por violar os estatutos do clube, conforme tem sido defendido por Marta Soares.
Ao mesmo tempo, determinou a suspensão da marcação da AG de 17 de junho, que tem como pontos da ordem de trabalho a aprovação do orçamento para 2018/19 e a validação os órgãos nomeados pela direção liderada por Bruno de Carvalho, e da AG eleitoral de 21 de julho, que visava a eleição da MAG e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD), cuja maioria dos elementos se demitiu.
O tribunal ordenou ainda a intimação dos requeridos, nomeadamente o Conselho Diretivo e os membros da comissão transitória da MAG – Elsa Tiago Judas, Bernardo Trindade Barros e Yassine Nadir Nobre -, a não levarem avante aquelas assembleias gerais, sob pena de incorrerem e crime desobediência qualificada, punível com pena até dois anos de prisão.
Noutro ponto, o tribunal ordenou às forças policiais que tomem diligências no sentido de impedirem a realização das assembleias, usando as medidas coercivas que entenderem necessárias.
Assembleia 23 de junho
O presidente da direção do Sporting, Bruno de Carvalho, reafirmou que não se demite, salientando que a Assembleia Geral (AG) de 23 de junho está “ferida de legalidade”, mas que vai garantir os meios para a sua realização.
Bruno de Carvalho afirmou que não reconhece Jaime Marta Soares como presidente da Mesa da AG nem a Comissão de Fiscalização que este nomeou, considerando que a reunião magna de 23 de junho está “ferida de legalidade”, mas salientou que vai disponibilizar os meios necessários o plenário em que deverá ser votada a destituição da direção.
“Aos sportinguistas conferimos os meios necessários para que essa Assembleia Geral, que é um julgamento público, onde não podemos estar, decorra e vamos efetuar o pagamento. Fazemos isto em nome dos sportinguistas”, disse.
Bruno de Carvalho sublinhou que o faz em nome dos sportinguistas, mas não a bem do Sporting. “A bem do Sporting devíamos impugnar tudo”, frisou.
O presidente da direção do Sporting, que foi suspenso pela Comissão de Fiscalização nomeada por Jaime Marta Soares, presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral, voltou a garantir que a sua direção não se demite e explicou que não poderá estar presente na AG.
Rescisões
Bruno de Carvalho também confirmou que já são nove os futebolistas que rescindiram contrato com o clube alegando justa causa, no dia em que foram noticiadas as saídas de Ruben Ribeiro, Battaglia e Rafael Leão.
A rescisão de Ruben Ribeiro foi oficializada durante a tarde, em comunicado enviado à Camissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVC), enquanto as do médio argentino Rodrigo Battaglia e do avançado Rafael Leão foram noticiadas por vários órgãos de comunicação social.
As rescisões de Rodrigo Battaglia, Rafael Leão e Rúben Ribeiro juntam-se às de Bas Dost, Gelson Martins, William Carvalho, Bruno Fernandes, Rui Patrício e Daniel Podence, todas na sequência das agressões de que o plantel foi alvo no dia 15 de maio na Academia do Sporting, em Alcochete.
“Há nove jogadores que vão perder os processos com o Sporting. Não tenho dúvida alguma”, afirmou Bruno de Carvalho, sublinhando que o Sporting está a trabalhar com os melhores advogados do mundo.
Bruno de Carvalho considera que “os jogadores foram enganados e já perceberam, porque vários empresários de jogadores que rescindiram já perguntaram se a partir de amanhã podem negociar” com o Sporting.
O presidente ‘leonino’ confirmou o pedido de rescisão de Rafael Leão e promete tornar públicas as mensagens trocadas com o jogador. E voltou também a manifestar “a certeza de que a FIFA vai atuar” porque não vê clube algum que tenha vontade de comprar jogadores se fora dada razão aos jogadores.
“As minutas [das cartas de rescisão] são todas iguais. Portanto, se aquilo que está ali for motivo de justa causa, que não é, o futebol mudou. Se alguém contratar três ou quatro indivíduos para bater no Neymar, ele vai embora, o PSG perde 200 milhões e ainda tem de pagar o salário até ao fim?”, questionou.
Estas rescisões surgem na sequência, entre outros casos, das agressões sofridas por vários elementos do plantel e da equipe técnica em 15 de maio, na Academia do Sporting, em Alcochete, por cerca de 40 pessoas encapuzadas, das quais 27 foram detidas e ficaram em prisão preventiva.