Da Redação
Com Lusa
O porta-voz do Sporting, Fernando Correia, declarou que serão os sócios a ter a última palavra sobre as alterações estatutárias propostas pela direção e são também eles que têm a legitimidade para marcar uma Assembleia Geral de destituição.
“Cabe aos sócios e só aos sócios analisar, discutir, aceitar ou rejeitar quaisquer alterações. Não é o Conselho Diretivo que impõe seja o que for”, afirmou aos jornalistas o porta voz do Conselho Diretivo ‘leonino’.
Durante uma conferência de imprensa, Fernando Correia afirmou que as alterações estatutárias que o Conselho Diretivo pretende levar à Assembleia Geral do dia 17 são mudanças “legítimas” e que “não constituem novidade” àquilo que são os estatutos do Sporting, como é o caso de substituir elementos demissionários.
“Essa possibilidade esteve consagrada nos estatutos até 2013 e foi utilizada várias vezes por diversas direções. Foi este Conselho Diretivo que propôs a retirada desse artigo dos estatutos. Mas, quando o fez, não pensámos que pudessem ocorrer demissões no Conselho Diretivo por motivos de pressões ilegítimas, calúnias, difamações, ameaças, chantagens, ofertas de dinheiro e emprego e outros similares. Isso coloca o Conselho Diretivo numa posição de constante sobressalto”, justificou.
Relativamente à criação da Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral (MAG), Fernando Correia afirmou que esta decorreu de uma lacuna nos estatutos.
Por fim, o porta voz leonino desafiou ainda o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, a iniciar o processo de recolha de assinaturas para a realização de uma Assembleia Geral de destituição, podendo fazê-lo “de imediato”.
“Os serviços do Sporting estão preparados para receber todos os pedidos dos associados. Se o processo for validado manteremos esse pedido de agendamento e iremos assegurar todas as condições de segurança. Só os sócios mandam no clube”, concluiu.
Já no dia 09, o presidente do Sporting desafiou os sócios a apresentar nos serviços do clube um pedido de uma Assembleia Geral destituitiva do Conselho Diretivo, prometendo que a mesma se realizará no prazo de 8 a 10 dias.
“Os associados podem, já na segunda-feira, apresentar nos serviços do clube o pedido de uma AG destituitiva do CD, a qual, se cumprir a lei e os preceitos todos regulamentares, será realizada num espaço temporal de cerca de 8 a 10 dias – está nas mãos dos sportinguistas. Mas acabem com as ameaças. Entreguem e marcamos, ponto final! Transformamos o ponto de discussão da AG de dia 17 nesse pedido de destituição, com todas as condições de segurança e de fidedignidade dos resultados”, escreveu Bruno de Carvalho, numa nota pessoal em sua rede social.
Crise
A crise no Sporting teve origem na perda do segundo lugar do campeonato, na última jornada, para o Benfica e acentuou-se dias depois, em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipe técnica, com a GNR a deter 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva.
Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, enquanto o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal.
Depois estes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da Direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho – sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG que foi indeferida liminarmente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa – e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.
O CD do Sporting decidiu substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.