Jorge Jesus na apresentação do Benfica. ANTÒNIO COTRIM/LUSA
Da Redação
Com Lusa
O treinador Jorge Jesus confessou neste dia 03 que “não foi fácil” deixar o “paraíso” que foi a sua passagem pela equipa de futebol do Flamengo e que só o Benfica o “podia tirar do Brasil”.
“Não foi fácil. Só um clube é que me poderia tirar do Brasil e o presidente convenceu-me a voltar para Portugal. Gosto de desafios difíceis. O Benfica é um grande clube. É um desafio difícil, mas motivador. Para sair de onde saí, de onde me amavam, tinha de ser algo que me trouxesse uma nova vontade, um novo desafio. O presidente foi ao Brasil convencer-me de que este é o projeto certo para voltar a Portugal”, disse o técnico.
Jesus falava durante a apresentação como novo treinador do Benfica, numa cerimônia na qual marcaram presença os cinco ‘capitães’ do plantel (Jardel, André Almeida, Pizzi, Samaris e Rúben Dias), ex-jogadores benfiquistas, como Júlio César, Artur Moraes ou Eliseu, o antigo presidente do Vitória de Guimarães, Pimenta Machado, além de toda a estrutura da SAD, comandada pelo presidente Luís Filipe Vieira.
Depois de ter admitido que estava a deixar “o paraíso”, aquando da despedida do Flamengo, Jorge Jesus disse agora que espera “conquistar outro paraíso” neste regresso à Luz, recusando estar a planear “qualquer revolução”.
“Vou mudar conceitos e ideias, com as pessoas que estão cá, os jogadores, a estrutura. Vou tentar que possamos fazer uma equipa muito forte, para depois, no final, dizer que estou no paraíso”, referiu.
A saída do Benfica, em 2015, rumo ao Sporting, acabou envolta em alguma polêmica, o que fez com o treinador não seja um nome consensual entre os benfiquistas. Contudo, ‘JJ’ fez questão de ‘puxar dos galões’ e mostrou-se convicto de que vai conseguir “convencer” os adeptos ‘encarnados’.
“Só posso prometer trabalho. Não chego ao Benfica como há 10 anos. Chego aqui com muitos títulos. Hoje, eu sou muito conhecido no mundo e agradeço ao Benfica e ao Flamengo por isso, mas é também resultado da minha capacidade de trabalho. Quero voltar a dar alegrias aos adeptos do Benfica. No outro lado do Atlântico [no Brasil], ninguém acreditava em mim. E eram 50 milhões [de adeptos do Flamengo], não eram sete. E consegui convencê-los. É o que espero conseguir neste regresso ao Benfica”, frisou.
Quanto à aposta na formação, um dos pontos que mais críticas lhe valeu aquando da primeira passagem pelo emblema da Luz, o técnico assumiu que “todos os clubes em Portugal têm de apostar na formação, porque são clubes vendedores”.
“O Benfica tem sido um exemplo nesse aspeto. Teve um jogador como o João [Félix], vendido por uma verba elevada. As equipas portuguesas têm de continuar a formar jogadores, mas se venderem sempre os melhores jogadores portugueses não conseguem ter uma boa equipa. O Benfica vai voltar a ter a política que tinha comigo, baseando-se na formação e em procurar bons jogadores fora de Portugal, a mesma simbiose que nos levou a vários êxitos”, observou.
O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, destacou o início de “um novo ciclo” com a chegada de Jorge Jesus, dirigindo-se em exclusivo ao treinador numa breve declaração.
“Jorge, vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a família benfiquista seja feliz nos próximos anos. Vamos ter grandes dificuldades nos próximos tempos, mas, se o Benfica estiver bem e conquistar o que esperamos que conquiste, o país estará feliz. Quero dar-te as boas-vindas. Esperamos voltar a ter a hegemonia do futebol português e voltar a ganhar na Europa. Conta comigo e com todos os benfiquistas”, transmitiu o líder do clube da Luz.
Também Rui Costa, administrador da SAD e diretor desportivo, desejou “o maior sucesso” a Jorge Jesus, esperando que o técnico consiga “aumentar o número de troféus” que conquistou na primeira passagem pelo clube (10).
Jorge Jesus, de 66 anos, está de regresso ao clube da Luz cinco anos depois de ter saído para o Sporting, tendo sido técnico principal do Benfica entre 2009/10 e 2014/15, período em que conquistou 10 títulos, nomeadamente três campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e cinco edições da Taça da Liga.
Jesus começou a carreira no Amora, em 1989/90, e, depois, passou por Felgueiras, União da Madeira, Estrela da Amadora, Vitória de Setúbal, Vitória de Guimarães, Moreirense, União de Leiria, Belenenses e Sporting de Braga, antes de chegar à Luz.
Depois de se tornar o mais titulado treinador dos ‘encarnados’, que também levou a duas finais da Liga Europa, perdidas para Chelsea (2012/13) e Sevilha (2013/14), rumou ao Sporting, tendo passado ainda pelo Al-Hilal antes de chegar ao Flamengo, no qual arrecadou seis troféus em pouco mais de um ano, entre os quais o campeonato brasileiro e a Taça Libertadores.